
A PolĂcia Federal terminou nesta quarta-feira (14) o relatĂ³rio da OperaĂ§Ă£o Monte Carlo, que levou Ă prisĂ£o o empresĂ¡rio de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A PF indiciou 82 pessoas, entre elas o prĂ³prio Cachoeira.
Com a apresentaĂ§Ă£o do relatĂ³rio final ao MinistĂ©rio PĂºblico Federal, as investigações foram encerradas na esfera policial. Cabe agora Ă Procuradoria apresentar denĂºncia ou nĂ£o contra os envolvidos.
O relatĂ³rio indiciou 82 pessoas, sob diversas acusações como corrupĂ§Ă£o ativa e passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideolĂ³gica, evasĂ£o de divisas, peculato, contrabando, formaĂ§Ă£o de quadrilha e violaĂ§Ă£o de sigilo profissional, alĂ©m da contravenĂ§Ă£o penal de exploraĂ§Ă£o de jogo de azar.
Sete pessoas permanecem presas preventivamente, entre elas Cachoeira, que estĂ¡ no presĂdio federal de MossorĂ³ (RN).
Em conjunto com o MinistĂ©rio PĂºblico Federal em GoiĂ¡s, a PF deflagrou a operaĂ§Ă£o no Ăºltimo dia 29 com o objetivo de desarticular uma organizaĂ§Ă£o que explorava mĂ¡quinas de caça-nĂqueis. Propinas eram pagas a policiais.
(Uol)
Zoneamento da APA Tamoios deverĂ¡ favorecer a privatizaĂ§Ă£o de praias na Ilha Grande (e, quem sabe, de Angra dos Reis)
Na contramĂ£o de um cansativo trabalho de mais de quatro anos do conselho gestor da APA Tamoios (Angra dos Reis, RJ), cujo zoneamento foi democraticamente discutido Ă exaustĂ£o com todos os segmentos interessados, a Secretaria Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, por meio de seu subsecretĂ¡rio Luiz Firmino e do diretor do Instituto Estadual do Ambiente, AndrĂ© Ilha, apresentaram recentemente a Ăºltima versĂ£o do governo do estado para a Ilha Grande. Oposta Ă s diretrizes tacitamente acordadas com a sociedade desde 2007 – princĂpios do baixo impacto e da sustentabilidade socioambiental da atividade turĂstica para todos, usos coletivos dos espaços pĂºblicos, privilegiando os moradores locais e a distribuiĂ§Ă£o de renda – a versĂ£o oficial do zoneamento chega a todos com forte viĂ©s privatista, ensejando a exclusĂ£o dos moradores por meio de um processo econĂ´mico concentrador. Como se nĂ£o bastassem as praias hĂ¡ muito privatizadas, olhadas com complacĂªncia pelas autoridades e o claro desrespeito Ă s diretrizes legais municipais vigentes, os agentes pĂºblicos acrescentaram mais 9 (nove) praias da Ilha Grande ao rol das privatizadas, nas quais poderĂ£o ser construĂdos complexos hoteleiros. Com o discutĂvel argumento de que aquelas nove Ă¡reas apresentavam um grau de degradaĂ§Ă£o ambiental que embasava e justificava a decisĂ£o do governo, esqueceram-se de que algumas dessas mesmas Ă¡reas tem sido objeto de ações judiciais relacionadas a crimes ambientais. Para saber mais a respeito dessa coincidĂªncia, basta consultar a mĂdia.
No longĂnquo junho de 2009, atropelando a plena atividade de elaboraĂ§Ă£o do zoneamento da APA Tamoios, o governador SĂ©rgio Cabral Filho publicou o decreto nº 41.921 liberando Ă¡reas para construĂ§Ă£o na Ilha Grande e continente inseridas nos limites da APA Tamoios. Denunciado a ato do governador como inconstitucional, encontra-se o mesmo no STF para julgamento, pela ADIN 4370. Na Ă©poca especulou-se bastante quem seriam os beneficiĂ¡rios do decreto estadual; as notĂcias que correrem na mĂdia e nas redes sociais mencionavam amigos do governador.
As nove praias sĂ£o: Araçatibinha, Ubatubinha, Tapera, SĂtio Forte, Freguesia de Santana, Ponta da Raposinha, de Fora, Camiranga e Iguaçu.
Ao que tudo indica, a proposta do zoneamento agora apresentada nĂ£o pretende revogar o decreto nº 41.921, mas aperfeiçoĂ¡-lo, trocando o papel que o embrulha.
Um dos efeitos colaterais desse desatino poderĂ¡ ser o precedente aberto. Ou o butim mal dividido, cuja causa Ă© o pueril critĂ©rio de Ă¡rea degradada. Cabe a pergunta: como ficarĂ£o os de fora desse critĂ©rio? Resposta: ações na justiça.
A inflexĂ£o na vida de um dos mais espetaculares e bem conservados espaços naturais do Brasil, considerada uma das sete maravilhas do Rio de Janeiro, corre o forte risco de se transformar em privilĂ©gio de poucos os quais, de quebra terĂ£o ainda um belo e conservado parque (de graça) nos fundos de casa, sĂ³ para eles. EscĂ¢ndalo como esse, que vem sendo construĂdos hĂ¡ muito, poderĂ£o ficar impunes, se nada for feito para que tudo nĂ£o acabe em mais uma pizza.
Alexandre Guilherme de Oliveira e Silva
ComitĂª de Defesa da Ilha Grande CODIG
O Parque Nacional de Ilha Grande, em AltĂ´nia (a 244 quilĂ´metros de MaringĂ¡), Norte do ParanĂ¡, sofre desde domingo (11) com um incĂªndio que jĂ¡ atingiu e queimou 700 hectares de vegetaĂ§Ă£o. A extensĂ£o corresponde a mil campos de futebol.
Brigadistas do Instituto Chico Mendes de ConservaĂ§Ă£o da Biodiversidade (ICMBio)revezam no combate ao incĂªndio. Segundo informações do instituto, dois aviões devem chegar nesta quarta-feira (14) para auxiliar no combate ao incĂªndio.
NĂ£o Ă© a primeira vez que o parque sofre com queimadas intensas. Em 2007 e 2009 vĂ¡rios focos de incĂªndio atingiram o local. No ano passado, trĂªs grandes incĂªndios tambĂ©m queimaram a vegetaĂ§Ă£o do Ilha Grande.
A chuva nĂ£o cai na regiĂ£o de AltĂ´nia hĂ¡ dez dias, porĂ©m, segundo informações do Instituto TecnolĂ³gico Simepar, fortes pancadas de chuva com trovoadas devem cair em AltĂ´nianesta quarta-feira (14). PrevisĂ£o do SimepartambĂ©m Ă© de chuva para quinta (15).
O outro incĂªndio em 2007:
Com a maioria absoluta dos votos o promotor Gilberto Giacoia, que jĂ¡ foi Procurador-Geral de Justiça entre 1998 e 2000, foi eleito novamente para o cargo. Ele obteve 397 votos.
O promotor MĂ¡rio Schirmer alcançou o segundo lugar. Ele obteve 247 votos.
Em terceiro lugar ficou o promotor Fuad Faraj com 86 votos.
Na prĂ³xima semana, a Assembleia Legislativa irĂ¡ sabatinar Giacoia e o governador Beto Richa irĂ¡ o referendar para o cargo.
Quem Ă© Gilberto Giacoia:
Bacharelou-se em Direito pela Faculdade Estadual de Direito do Norte Pioneiro.
Ingressou no MinistĂ©rio PĂºblico mediante concurso realizado no ano de 1980, sendo nomeado pelo Decreto n.º 3.476, assumiu em 5 de janeiro de 1981, na Comarca de Bandeirantes.
Professor na Faculdade de Direito do Norte Pioneiro, na cidade de Jacarezinho.
Efetuou Curso de EspecializaĂ§Ă£o em Metodologia do Ensino Superior na Universidade Federal do ParanĂ¡, monografia EstratĂ©gia repressiva sob enfoque criminolĂ³gico e Doutorado em Direito Penal na Universidade de SĂ£o Paulo, cuja tese, aprovada em 1992, versa sobre O MinistĂ©rio PĂºblico e os Acidentes do Trabalho.
Promovido a Procurador da Justiça em 14 de junho de 1995.
Foi eleito Procurador-Geral de Justiça para o biĂªnio 1998/2000.
De acordo com os documentos divulgados pelo TJ da ParaĂba, Miguel de Brito Lyra Filho, juiz da 3ª Vara CĂvel de JoĂ£o Pessoa, concedeu uma liminar favorĂ¡vel Ă s trĂªs estudantes que supostamente teriam criado a mĂºsica Ai Se Eu Te Pego, famosa na voz de Michel TelĂ³. Com a decisĂ£o do magistrado, todo o dinheiro arrecadado com a venda ou execuĂ§Ă£o da mĂºsica estĂ¡ bloqueado atĂ© julgamento do caso.
SĂ£o considerados rĂ©us do caso a Editora Musical Panttanal Ltda, a cantora Sharon Acioly, o compositor AntĂ´nio Diggs, a empresa TelĂ³ Produções Ltda, o cantor Michel TelĂ³, a Gravadora Som Livre Ltda e a Apple Computer do Brasil Ltda, que devem fazer um balanço contĂ¡bil da arrecadaĂ§Ă£o e deixar o valor correspondente em uma conta determinada pela Justiça.
Ainda segundo os documentos, o Ecad tambĂ©m serĂ¡ notificado "para consignar judicialmente toda e qualquer importĂ¢ncia financeira arrecadada pela mĂºsica Ai Se Eu Te Pego".
As trĂªs estudantes, Marcella Quinho de Ramalho, Maria Eduarda Lucena dos Santos e Amanda Borba Cavalcanti, dizem ter criado a mĂºsica durante uma viagem para a Disney, em julho de 2006. Na ocasiĂ£o, uma amiga estava interessada por um dos guias turĂsticos e, por nĂ£o poder se relacionar com o profissional, criou a frase "ai se eu te pego". Ainda durante a brincadeira, se inspiraram na mĂºsica Ai DelĂcia, do ParangolĂ©, para acrescentar Ă melodia.
A mĂºsica chegou Ă cantora Sharon Acioly dois anos depois, durante uma viagem das meninas a Porto Seguro, na Bahia. Durante um show, elas foram convidadas para subir ao palco e lĂ¡ ensinaram a frase para Sharon. Desde entĂ£o, a cantora passou a usar a letra e melodia durante seus shows, atribuindo a composiĂ§Ă£o Ă trĂªs vocalistas paraibanas. Com o sucesso de Ai Se Eu Te Pego no Brasil e no mundo, as estudantes querem receber os devidos valores pela execuĂ§Ă£o da faixa. (Terra)
ConsideraĂ§Ă£o do poema
NĂ£o rimarei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que todas me convĂªm.
As palavras nĂ£o nascem amarradas,
elas saltam, se beijam, se dissolvem,
no céu livre por vezes um desenho,
sĂ£o puras, largas, autĂªnticas, indevassĂ¡veis.Uma pedra no meio do caminho
ou apenas um rastro, nĂ£o importa.
Estes poetas sĂ£o meus. De todo o orgulho,
de toda a precisĂ£o se incorporam
ao fatal meu lado esquerdo. Furto a Vinicius
sua mais lĂmpida elegia. Bebo em Murilo.
Que Neruda me dĂª sua gravata
chamejante. Me perco em Apollinaire. Adeus, Maiakovski.
SĂ£o todos meus irmĂ£os, nĂ£o sĂ£o jornais
nem deslizar de lancha entre camélias:
Ă© toda a minha vida que joguei.Estes poemas sĂ£o meus. É minha terra
e é ainda mais do que ela. É qualquer homem
ao meio-dia em qualquer praça. É a lanterna
em qualquer estalagem, se ainda as hĂ¡.
– HĂ¡ mortos? hĂ¡ mercados? hĂ¡ doenças?
É tudo meu. Ser explosivo, sem fronteiras,
por que falsa mesquinhez me rasgaria?
Que se depositem os beijos na face branca, nas principiantes rugas.
O beijo ainda Ă© um sinal, perdido embora,
da ausĂªncia de comĂ©rcio,
boiando em tempos sujos.Poeta do finito e da matéria,
cantor sem piedade, sim, sem frĂ¡geis lĂ¡grimas,
boca tĂ£o seca, mas ardor tĂ£o casto.
Dar tudo pela presença dos longĂnquos,
sentir que hĂ¡ ecos, poucos, mas cristal,
nĂ£o rocha apenas, peixes circulando
sob o navio que leva esta mensagem,
e aves de bico longo conferindo
sua derrota, e dois ou trĂªs farĂ³is,
Ăºltimos! esperança do mar negro.
Essa viagem é mortal, e começa-la.
Saber que hĂ¡ tudo. E mover-se em meio
a milhões e milhões de formas raras,
secretas, duras. Eis aĂ meu canto.Ele Ă© tĂ£o baixo que sequer o escuta
ouvido rente ao chĂ£o. Mas Ă© tĂ£o alto
que as pedras o absorvem. EstĂ¡ na mesa
aberta em livros, cartas e remédios.
Na parede infiltrou-se. O bonde, a rua,
o uniforme de colégio se transformam,
sĂ£o ondas de carinho te envolvendo.Como fugir ao mĂnimo objeto
ou recusar-se ao grande? Os temas passam,
eu sei que passarĂ£o, mas tu resistes,
e cresces como fogo, como casa,
como orvalho entre dedos,
na grama, que repousam.JĂ¡ agora te sigo a toda parte,
e te desejo e te perco, estou completo,
me destino, me faço tĂ£o sublime,
tĂ£o natural e cheio de segredos,
tĂ£o firme, tĂ£o fiel... Tal uma lĂ¢mina,
o povo, meu poema, te atravessa.
Carlos Drummond de Andrade