domingo, 22 de maio de 2011

Pesquisa mostra que a energia escura exerce força sobre o universo


Depois de cinco anos de pesquisa de dados obtidos por meio de observações de telescópios da Nasa, os cientistas estão mais convencidos da existência da energia escura e de que ela é responsável pela expansão do universo aceleradamente.

As observações mostraram que a energia escura trabalha como uma força constante que impele o universo à expansão."Os resultados nos mostram que a energia escura é uma constante cosmológica, como propôs Einstein. Se a gravidade fosse o culpado, então nós não estaríamos vendo estes efeitos constantes da energia escura através dos tempos", disse Chris Blake da Universidade Swinburne de Tecnologia, na Austrália, e principal autor de dois artigos sobre os resultados da pesquisa.

Acredita-se que a energia escura domine o nosso universo, correspondendo a cerca de 74% dele. O restante seria composto por matéria escura, 22%, e matéria normal (aí estão incluídos os seres vivos, planetas e estrelas), 4%.

A ideia da existência da energia escura foi baseada em estudos sobre explosões de supernovas. Estes corpos celestes emitem luz constante e mensurável, o que ajuda no cálculo de distâncias no espaço. Por meio de observações, chegou-se a conclusão de que a energia escura está arremessando objetos em velocidade crescente.

Observações também foram feitas sobre as distâncias entre galáxias e sobre a velocidade com o qual elas se distanciam. Com isso os cientistas conseguiram desenvolver um mapa com os dados coletados.

Este mapa foi utilizado para entender como as aglomerações de galáxias crescem com o passar do tempo. Estas aglomerações atraem novas galáxias por meio da gravidade, mas a energia escura os puxa para o lado oposto. Isso desacelera o processo, o que permite aos cientistas mensurar a força de repulsa da energia escura.

"Observações dos astrônomos nos últimos 15 anos produziram uma dos mais surpreendentes descobertas da física, a expansão do universo, iniciado pelo big-bang, está acelerando", disse Jon Morse, diretor do departamento de astrofísica da Nasa em Washington. "Usando métodos totalmente independentes, os dados do satélite Galaxy Evolution Explorer ajudaram a aumentar nossa confiança na existência da energia escura".

Temer afirma que Palocci prestará esclarecimentos sobre patrimônio, como disse que é a favor da legalização de lobby

O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), voltou neste domingo, 22, a defender o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. "Nós confiamos muito no ministro e ele vai prestar todos os esclarecimentos possíveis. Não tenho dúvida da lisura do Palocci", disse Temer ao chegar à convenção estadual do Partido Progressista (PP), que acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Sobre a criação de regras mais duras para estabelecer limites nos conflitos de interesses de agentes públicos, Temer afirmou que as medidas já estão sendo e foram tomadas. "Até tentei, enquanto presidente da Câmara, regulamentar a questão do lobby, para deixar as regras mais claras", lembrou. (AE)

Documento liga Código Florestal a aumento de desmate na Amazônia

O aumento do ritmo das motosserras na Amazônia está relacionado à reforma do Código Florestal em discussão no Congresso Nacional. É o que afirma documento oficial submetido ao gabinete de crise criado nesta semana pelo governo federal para combater o desmatamento na Amazônia.

Ofício assinado pelo secretário do Meio Ambiente de Mato Grosso, Alexander Torres Maia, relata que o Código Florestal criou a expectativa entre proprietários de terra de que não seriam concedidas novas autorizações para desmatamento. Outra expectativa criada foi de que os responsáveis seriam anistiados. O Estado lidera o ranking dos que mais derrubam árvores.

"Não há como negar a forte vinculação entre o desmatamento e os processos de discussão da legislação ambiental", diz o ofício ao qual o Estado teve acesso. O documento faz referência ao Código Florestal e ao Zoneamento Econômico Ecológico de Mato Grosso. À reportagem, o secretário confirmou o vínculo.

Procurada pelo Estado, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, confirmou o recebimento do ofício. Ao anunciar que as áreas de alerta de desmate produzidas por imagens de satélite haviam mais do que quintuplicado em março e abril, em relação ao mesmo período de 2010, Izabella preferiu não apontar eventuais responsáveis. Caberia ao gabinete de crise, segundo ela, identificar as causas.

Nos nove primeiros meses (de agosto a abril)de coleta da taxa anual de desmatamento de 2011, o ritmo de abate das árvores cresceu 27%, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O governo tem menos de três meses para evitar uma taxa anual maior que a de 2010. Na quinta-feira, o relator da reforma do Código, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), atribuiu o aumento do desmatamento à "ineficácia" da fiscalização. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) chegou a negar que o desmatamento tivesse aumentado.

Mato Grosso concentrou 81% dos 593 km2 do desmate registrado pelos satélites em toda a Amazônia em março e abril. As motosserras funcionaram num ritmo que não era visto lá desde agosto de 2008, segundo levantamento do Ibama, e se concentraram numa área correspondente a 15% dos municípios do Estado.

Além de rápido, o desmatamento mudou de perfil. "Os últimos dados mostram uma retomada dos grandes desmatamentos, com até 17 quilômetros de extensão", diz o documento assinado pelo secretário do Meio Ambiente de Mato Grosso.

Segundo ele, o Estado já aplicou R$ 42 milhões em multas neste ano e vai suspender o Cadastro Ambiental Rural dos proprietários rurais responsáveis por desmatamento irregular.

Proprietários. Na lista de proprietários encaminhada ao gabinete de crise há três representantes da família Predeschi, moradora de Ribeirão Preto (SP). Procurada, a família afirmou ter vendido as terras para Áureo Carvalho Freitas, de Rio Verde (GO). "Nunca houve desmatamento lá, não sei por que o satélite apontou isso. É uma inverdade", reagiu Freitas. "O último desmatamento nas terras aconteceu em 2005 e foi feito com autorização", alegou. O gabinete de crise dispõe de imagens de satélites desde o início dos anos 80 e tem como identificar a época em que houve o abate das árvores.

PARA ENTENDER

A votação do novo Código Florestal foi adiada três vezes por divergências entre o relator Aldo Rebelo (PC do B-SP), o Executivo e parlamentares. O Código deve ser votado nesta terça-feira, mas com emenda que desagrada o governo, proposta pelo PMDB. Ela valida as plantações feitas até 22 de julho de 2008 em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como várzeas, encostas, topos de morro e matas ciliares.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que a presidente Dilma Rousseff poderá vetar parte ou até integralmente o novo Código. (AE)

Confissões de um assassino econômico II


Estamos a falar com John Perkins, um ex-membro respeitado da comunidade de negócios na banca internacional. No livro " Confissões de um Assassino Económico" ( Confessions of an Economic Hit Man ) ele descreve como, enquanto profissional altamente bem pago, ajudou os Estados Unidos a defraudar em triliões de dólares países pobres do globo inteiro, emprestando-lhes mais dinheiro do que aquilo que eles podiam alguma vez pagar para depois se apossar das suas economias. [inclui reprodução sem correcções]

John Perkins descreve-se a si próprio como um ex-assassino económico – um profissional altamente remunerado que defraudou em triliões de dólares países do mundo inteiro.

Há 20 anos que Perkins começou a escrever um livro com o título inicial de "Consciência de um Assassino Económico" (Conscience of an Economic Hit Man).

Perkins escreve, “Estava para dedicar este livro aos presidentes de dois países, homens que haviam sido seus clientes, que eu respeitava e considerava serem espíritos idênticos – Jaime Roldós, presidente do Equador, e Omar Torrijos, presidente do Panamá. Ambos morreram há pouco tempo em explosões aéreas. A morte deles não foi acidental. Foram assassinados porque se opuseram àquela fraternidade dos dirigentes das grandes companhias, do governo e da banca, cujo objectivo é o império global. Nós, os Assassinos Económicos não conseguimos persuadir Roldós e Torrijos, e o outro tipo de homens de golpe, os chacais sancionados pela CIA, que estavam sempre por trás de nós, entraram em acção.

John Perkins continua: “Eu fui convencido a deixar de escrever este livro. Recomecei-o mais de quatro vezes durante os vinte anos seguintes. Em todas as ocasiões, a minha decisão de voltar a começar foi influenciada pelos acontecimentos mundiais da época; a invasão do Panamá em 1980, a primeira guerra do Golfo, a Somália e a revolta de Osama Bin Laden. No entanto, as ameaças ou os subornos acabaram sempre por me convencer a parar”.

Mas finalmente Perkins publicou agora a sua história. O livro intitula-se Confessions of an Economic Hit Man. John Perkins está connosco aqui nos nossos estúdios de Firehouse. Ele trabalhou de 1971 a 1981 na firma internacional de consultoria de Chas T. Main onde era um “assassino económico”, como se descreve a si próprio. É o autor do recente livro Confessions of an Economic Hit Man.

AMY GOODMAN: John Perkins está connosco aqui no nosso estúdio Firehouse. Bem-vindos ao programa Democracy Now!

JOHN PERKINS: Obrigado, Amy. É óptimo estar aqui.

AMY GOODMAN: É bom tê-lo aqui connosco. Vamos, explique-nos esta expressão, “assassino económico” (economic hit man), e.h.m., como lhe chama.

JOHN PERKINS: Basicamente aquilo para que somos treinados e aquilo a que o nosso trabalho se destina é construir o império americano. Provocar... criar situações em que a maior parte possível dos recursos convirjam para este país, para as nossas companhias, e para o nosso governo e, na verdade, temos sido muito bem sucedidos. Construímos o maior império da história do mundo. Isto tem vindo a ser feito durante os últimos 50 anos desde a II Guerra Mundial, de facto com muito pouco poder militar. Só em ocasiões muito raras como no Iraque é que os militares aparecem como último recurso. Este império, ao invés de qualquer outro na história universal, foi construído principalmente através da manipulação económica, através da burla, através da fraude, através da atracção das pessoas para o nosso modo de vida, através dos assassinos económicos. Eu tomei parte nisso em grande medida.

AMY GOODMAN: Como é que se tornou num deles? Para quem trabalhou?

JOHN PERKINS: Bem, inicialmente fui contratado quando estava na business school, nos finais dos anos sessenta, pela National Security Agency, a maior mas menos bem conhecida organização de espionagem; mas por fim trabalhei em empresas privadas. O primeiro verdadeiro assassino económico surgiu nos princípios dos anos 50, Kermit Roosevelt, neto de Teddy, que derrubou o governo do Irão, um governo democraticamente eleito, o governo de Mossadegh que tinha sido a pessoa do ano da revista Time; e foi tão bem sucedido em fazer isso sem derramamento de sangue... bem, houve algum derramamento de sangue, mas não houve intervenção militar, apenas se gastaram milhões de dólares e substituiu-se Mossadegh pelo Xá do Irão. Nessa altura, percebemos que esta ideia de assassino económico era muitíssimo boa. Não tínhamos que nos preocupar com a ameaça de guerra com a Rússia se o conseguíssemos fazer desta maneira. O problema era que desta forma Roosevelt passava a ser um agente da CIA. Ele era um funcionário do governo. Se fosse apanhado, ficávamos metidos num grande sarilho. Ia ser muito constrangedor. Por isso, nessa altura, a decisão foi utilizar organizações como a CIA e a NSA para recrutar potenciais homens de golpe económico como eu e depois colocá-los a trabalhar em companhias privadas de consultoria, empresas de engenharia, companhias de construção para que, se fôssemos apanhados, não pudesse haver ligação com o governo.

AMY GOODMAN: Bom. Fale-nos da companhia onde trabalhava.

JOHN PERKINS: Bem, a companhia onde trabalhava era uma companhia chamada Chas. T. Main em Boston, Massachusetts. Éramos cerca de 2 000 empregados, e eu fui nomeado economista chefe. Acabei por ter cinquenta pessoas a trabalhar para mim. Mas o meu verdadeiro trabalho era fazer negócios. Ou seja, conceder empréstimos a outros países, empréstimos gigantescos, muito maiores do que aquilo que eles algum dia podiam pagar. Uma das condições do empréstimo... digamos, mil milhões de dólares para um país como a Indonésia ou o Equador... e depois esse país tinha que pagar noventa por cento desse empréstimo a uma companhia americana, ou companhias americanas, para construir infra-estruturas – uma Halliburton ou uma Bechtel. Estas eram as maiores. Depois essas companhias iam para lá e construíam um sistema de electricidade ou portos ou auto-estradas que basicamente serviam apenas algumas das mais ricas famílias desses países. Em última análise, a gente pobre desses países ficava afogada nesta espantosa dívida que nunca poderia pagar. Hoje, um país como o Equador deve mais de cinquenta por cento do seu orçamento nacional só para pagar a sua dívida. E claro que não consegue fazê-lo. Por isso, temo-los literalmente em cima dum barril. Assim, quando queremos mais petróleo, vamos ao Equador e dizemos, “Olhem, vocês não conseguem pagar a vossa dívida, portanto, dêem às nossas companhias petrolíferas as florestas tropicais do Amazonas, que estão repletas de petróleo.” E hoje chegamos lá e destruímos as florestas tropicais do Amazonas, forçando o Equador a entregá-las porque acumularam toda essa dívida. Assim, fazemos estes grandes empréstimos, a maior parte deles volta para os Estados Unidos, o país fica com a dívida mais imensos juros e, na prática, tornam-se nossos criados, nossos escravos. É um império. Não há dúvidas quanto a isto. É um império monstruoso. Tem sido extremamente bem sucedido.

AMY GOODMAN: Estamos a conversar com John Perkins, autor de Confessions of an Economic Hit Man. Você diz que, por causa de subornos e por outras razões, deixou de escrever este livro durante muito tempo. O que é que quer dizer com isso? Quem tentou suborná-lo ou quem... que subornos é que aceitou?

JOHN PERKINS: Bem, nos anos noventa aceitei um suborno de meio milhão de dólares para não escrever o livro.

AMY GOODMAN: De quem?

JOHN PERKINS: De uma das maiores companhias de construção civil.

AMY GOODMAN: Qual delas?

JOHN PERKINS: Legalmente falando, não era... a Stoner-Webster. Legalmente falando não foi um suborno, foi... um pagamento por eu ser consultor. Foi tudo muito legal. Mas no fundo eu não fazia nada. Era um entendimento, como expliquei nas Confessions of an Economic Hit Man, que estava... para mim estava... estava implícito, quando aceitei este dinheiro como consultor, que eu não teria muito trabalho, mas não podia escrever quaisquer livros sobre o assunto, pois eles tinham conhecimento que eu estava a escrever este livro, a que nessa altura eu chamava 'Conscience of an Economic Hit Man'. E devo dizer-lhe, Amy, que é uma história extraordinária do ponto de vista de ... É quase à James Bond, na verdade. E eu quero dizer...

AMY GOODMAN: Bem, de facto é como se lê o livro.

JOHN PERKINS: Pois, era mesmo, não era? Quando a National Security Agency me contratou, fizeram-me testes num detector de mentiras durante um dia inteiro. Descobriram todos os meus pontos fracos e seduziram-me imediatamente. Utilizaram as drogas mais fortes da nossa cultura, o sexo, o poder e o dinheiro para me dominarem. Eu venho duma família muito antiga de New England, calvinista, mergulhada em valores morais espantosamente fortes. Sabe, eu acho que de uma forma genérica sou uma boa pessoa e penso que a minha história mostra verdadeiramente como este sistema e estas poderosas drogas do sexo, do dinheiro e do poder podem seduzir as pessoas, porque eu fui mesmo seduzido. E se eu não tivesse vivido esta vida de assassino económico, acho que teria passado um mau bocado só de pensar que havia quem fizesse estas coisas. E foi por isso que escrevi este livro, porque o nosso país precisa mesmo de perceber, se as pessoas desta nação percebessem o que é a nossa política internacional, o que é a ajuda internacional, como trabalham as nossas empresas, para onde vai o dinheiro dos nossos impostos, tenho a certeza de que exigiriam uma mudança.

AMY GOODMAN: No seu livro, fala de como ajudou a implementar um esquema secreto para recambiar para a economia americana milhares de milhões de dólares dos petrodólares da Arábia Saudita, e para posteriormente cimentar a estreita relação entre a Casa de Saud e as sucessivas administrações dos Estados Unidos. Explique isto.

JOHN PERKINS: Sim, foi uma época fascinante. Lembro-me bem, você é que devia ser demasiado jovem para se lembrar, mas eu lembro-me bem de como, no princípio dos anos setenta. a OPEP exercia o poder que tinha e cortou o fornecimento de petróleo. Os nossos carros faziam fila nos postos de gasolina. O país estava com medo de se encontrar noutra crise de colapso-depressão tipo 1929; e isto era inaceitável. Então, eles – o Departamento do Tesouro, contrataram-me a mim e a outros homens de golpe económico. Fomos para a Arábia Saudita. Nós...

AMY GOODMAN: Vocês intitulavam-se mesmo assassinos económicos... e.h.m.'s?

JOHN PERKINS: Sim, era um termo cifrado com que nos tratávamos a nós próprios. Oficialmente, eu era um economista chefe. Tratávamo-nos a nós próprios e.h.m.'s. Era cifrado. Era como se, ninguém ia acreditar em nós se disséssemos isto, não acha? E então, fomos para a Arábia Saudita no princípio dos anos setenta. Sabíamos que a Arábia Saudita era a chave para eliminar a nossa dependência, ou para controlar a situação. E trabalhámos nesse negócio segundo o qual a Casa Real de Saud concordava em enviar a maior parte dos seus petrodólares para os Estados Unidos e investi-los nas acções do governo dos Estados Unidos. O Departamento do Tesouro utilizava os juros destas acções para contratar companhias americanas para a construção de novas cidades na Arábia Saudita, de novas infra-estruturas... o que cumprimos. E a Casa de Saud concordava em manter o preço do petróleo dentro de limites aceitáveis para nós, o que eles têm feito durante todos estes anos, e nós concordávamos em manter a Casa de Saud no poder enquanto eles cumprissem isso, o que cumprimos, e que é uma das principais razões por que entrámos em guerra com o Iraque. E no Iraque tentámos implementar a mesma política que tinha sido tão bem sucedida na Arábia Saudita, mas Saddam Hussein não foi na conversa. Quando os homens de golpe económico falham neste cenário, o passo seguinte são os chacais, como lhes chamamos. Os chacais são pessoas sancionadas pela CIA que chegam e tentam fomentar um golpe ou uma revolução. Se isso não resultar, passam aos assassinatos ou tentam fazê-lo. No caso do Iraque, não conseguiram chegar até Saddam Hussein. Ele tinha... Os guarda costas eram bons demais. Ele tinha duplos. Não conseguiram chegar até ele. Então, quando os homens de golpe económico e os chacais falham, a terceira linha de defesa, a linha de defesa seguinte são os nossos rapazes e raparigas que são enviados para morrer e para matar, que é sem dúvida o que estamos a fazer no Iraque.

AMY GOODMAN: Pode explicar como é que Torrijos morreu?

JOHN PERKINS: Omar Torrijos, o presidente do Panamá. Omar Torrijos tinha assinado o Tratado do Canal com o Carter muito... e, sabe, passou no congresso por apenas um voto. Era uma questão altamente polémica. Mas depois Torrijos seguiu em frente e negociou com o Japão a construção de um canal ao nível do mar. Os japoneses queriam financiar e construir no Panamá um canal ao nível do mar. Torrijos conversou com eles sobre isto, o que muito aborreceu a Corporation Bechtel, cujo presidente era George Schultz e o advogado sénior era Casper Weinberger. Quando Carter foi corrido (e esta é uma história interessante... como é que isso aconteceu na realidade), quando ele perdeu as eleições, e entrou Reagan e Schultz veio da Bechtel para secretário de Estado, e Weinberger veio da Betchel para secretário da Defesa, estavam todos muito irritados com Torrijos... tentaram convencê-lo a renegociar o Tratado do Canal e a não falar com os japoneses. Ele recusou obstinadamente. Era um homem de princípios. Tinha os seus problemas, mas era um homem de princípios. Era um homem extraordinário, Torrijos. E então, morreu numa explosão do avião, que foi provocada por um gravador com explosivos lá dentro, que... eu estava lá. Tinha estado a trabalhar com ele. Eu sabia que nós, os assassinos económicos, havíamos falhado. Eu sabia que os chacais estavam a cercá-lo e, logo a seguir, o avião explodiu com uma bomba dentro de um gravador. Não tenho a menor dúvida que foi com a sanção da CIA e mais... a maior parte dos investigadores da América latina chegaram à mesma conclusão. Claro, nunca se ouviu falar de tal coisa no nosso país.

AMY GOODMAN: Então, onde... quando é que se deu a sua mudança?

JOHN PERKINS: Sempre senti um sentimento de culpa, mas deixei-me seduzir. O poder destas drogas, o sexo, o poder e o dinheiro, era forte demais para mim. E, claro, eu estava a fazer coisas para as quais tinha sido estimulado com pancadinhas nas costas. Eu era economista chefe. Eu estava a fazer coisas de que Robert McNamara gostava e por aí fora.

AMY GOODMAN: Até que ponto era a sua relação de trabalho com o Banco Mundial?

JOHN PERKINS: Muito, muito próxima com o Banco Mundial. O Banco Mundial fornece a maior parte do dinheiro que é utilizado pelos assassinos económicos, ele e o FMI. Mas, quando houve o atentado de 11 de Setembro, senti um choque. Percebi que tinha que contar a história porque aquilo que aconteceu no 11 de Setembro é o resultado directo do que os assassinos económicos têm vindo a fazer. E a única maneira de nos virmos a sentir outra vez em segurança neste país e de nos virmos a sentir bem connosco próprios é utilizarmos estes sistemas que implementámos para criar uma mudança positiva em todo o mundo. Estou convencido que podemos fazer isso. Acho que é possível dar a volta ao Banco Mundial e a outras instituições para fazerem aquilo a que originalmente se destinavam, ajudar a reconstruir partes devastadas do mundo. Ajudar… ajudar verdadeiramente as pessoas pobres. Há vinte e quatro mil pessoas a morrer de fome todos os dias. Nós podemos alterar isso.

AMY GOODMAN: John Perkins, quero agradecer-lhe imenso por ter estado connosco. O livro de John Perkins intitula-se Confessions of an Economic Hit Man.

[*] Entrevista a John Perkins realizada em 09/Nov/2004 no programa 'Democracy Now'.
Tradução de Margarida Ferreira

Espanhóis tem eleições locais, em meio a protestos

Os eleitores espanhóis votam hoje em eleições locais, nas quais está prevista uma esmagadora derrota para o governista Partido Socialista Obrero Español (PSOE). O descontentamento com o desemprego gerou grandes protestos populares pelo país, nos últimos dias.

Os manifestantes culpam os políticos pelos sombrios prognósticos econômicos e pelo índice de desemprego de mais de 21%. Eles permanecem acampados em barracas na Puerta del Sol, uma praça no centro de Madri, mesmo no dia das eleições.

É difícil mensurar o impacto eleitoral dos protestos. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas desde o final de semana passado, incluindo estimadas 60 mil pessoas no último sábado.

Mais de 34 milhões de pessoas podem votar neste domingo, escolhendo 8.116 prefeitos, 68.400 vereadores e 824 membros de Parlamentos regionais para 13 das 17 regiões semiautônomas do país. As pesquisas previam uma dura derrota para os socialistas, com eleitores demonstrando seu descontentamento pela perda de milhões de empregos e pelos duros cortes de gastos, inclusive no salário de funcionários públicos.

Levantamentos preveem que o partido do primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero perca o controle de bases tradicionais, como as cidades de Barcelona e Sevilha, e também na região central de Castela-La Mancha. O PSOE pode até não conseguir uma maioria em números absolutos, nas 13 regiões em disputa.

A derrota prevista seria péssimo para o partido, antes das eleições gerais marcadas para março de 2012. O conservador Partido Popular terá boas chances de voltar ao poder, após oito anos na oposição.

A crise elevou o desemprego na Espanha a 21,19% no primeiro trimestre, o maior no mundo industrializado. Entre as pessoas com menos de 25 anos, o desemprego bateu em 44,6% em fevereiro.

País Basco

Muito da atenção hoje está também voltada para o País Basco, no norte espanhol. Um novo partido político, o Bildu, busca ganhar espaço entre as siglas tradicionais, após vencer uma batalha judicial para provar que não é dominado pelo grupo separatista Pátria Basca e Liberdade (ETA).

Pesquisas preveem que o Bildu fique em terceiro lugar no País Basco, atrás do Partido Nacionalista Basco e do PSOE, mas à frente do Partido Popular. As urnas serão fechadas às 20h (hora local, 15h de Brasília) e os primeiros resultados devem ser divulgados pelo menos duas horas depois. (Dow Jones)

Petrobras anuncia adiamento no plano de investimentos

Depois de uma corrida contra o tempo para tentar acertar os ponteiros entre suas áreas técnicas e fazer os ajustes necessários, a Petrobras desistiu de anunciar seu Plano de Negócios para o período de 2011-2015 na noite de ontem. Foi a segunda semana consecutiva que a estatal frustrou a expectativa do mercado pelos seus números para os próximos cinco anos.

Na semana passada, o conselho de administração havia recomendado uma série de análises dos projetos e também a redução dos investimentos para manter a média anual no mesmo patamar do plano anterior, de US$ 44,8 bilhões por ano, ou US$ 224 bilhões entre 2010-2014.

De posse dos principais ajustes feitos pelas áreas técnicas, a pedido do conselho de administração, a diretoria da estatal se debruçou nos últimos dois dias sobre o plano, para tentar divulgá-lo antes da viagem do presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, ao exterior na próxima semana.

Mas o grande número de projetos adiou a divulgação do programa, agora por tempo indeterminado. Gabrielli estará em Paris na segunda feira, e segue para evento na Noruega na quarta-feira.

Para a próxima sexta-feira, está previsto o lançamento da plataforma P-56 no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, com a presença da presidente Dilma Rousseff. Mas não está ainda descartada nova análise do plano na reunião semanal de diretoria na quinta-feira.

Na última quinta, a tradicional reunião da diretoria se estendeu até a madrugada e frustrou a expectativa inicial de aprovar o plano ainda no mesmo dia ou, no máximo, deixá-lo encaminhado para uma possível reunião do conselho via teleconferência ontem. (AE)

S

Pobre sofre para "gringo" ver: Obras da Copa de 2014 desalojam 65 mil pessoas no País


"Muitos vão sorrir, mas alguns vão chorar." O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, recorre a esta frase sempre que fala sobre o impacto que a arena do clube terá para Itaquera. O riso virá das oportunidades que o estádio paulistano da Copa de 2014 proporcionará a quem vive na região. O choro fica por conta do "preço a pagar pelo desenvolvimento"". Nessa situação estão pelo menos 5.200 pessoas, ameaçadas de despejo para obras no entorno do estádio. É um risco que aflige outras 60 mil pessoas em várias sedes do Mundial, Em São Paulo, moradores de duas comunidades próximas da Arena do Corinthians, as favelas da Paz e da Fatec (também conhecida por Agreste de Itabaiana), estão apreensivas. Temem que o futuro seja ainda pior que o presente.

Na Favela da Paz, a menos 500 metros da futura arena, reclamam da falta de diálogo do poder público. "Estou aqui há 16 anos, já perdi dois barracos em incêndios e ninguém me ajudou a reconstruir"", diz Diana do Nascimento, mãe de 4 filhos e que os vizinhos garantem ser a mais antiga moradora do local. "Agora que vai ter Copa, chegam aqui e dizem que temos de sair. Falam que é por causa do córrego (Rio Verde), mas não para onde vamos.""

A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente confirmou, em nota, que há várias obras previstas na segunda fase das obras do Parque Linear Rio Verde (que o governo admite fazer parte dos projetos da Copa) e que "a área está em fase de desapropriação, pois contava com moradias na área de preservação permanente"". A nota não esclarece se será oferecido algum tipo de benefício aos atuais moradores. A Secretaria Municipal de Habitação diz só realizar realocação de famílias nas áreas em que fará obras de urbanização. Na Favela da Paz, a execução dos projetos está prevista para o período entre 2013 e 2017.

Distante cerca de 3 km do Itaquerão, a Favela da Fatec (na avenida Águia de Haia, em frente ao terminal AE Carvalho), já teve 82 das cerca de 800 famílias removidas - as que ficam à beira do córrego. A retirada de outras 52 está sendo preparada. "A avenida pode servir de passagem para quem vai para o estádio. Acho que fica feio para quem vem do estrangeiro ver uma favela no caminho"", diz a doméstica Andrea Cristina Gonçalves. "Eles pagam R$ 4,3 mil para a família e ela tem se virar para arrumar lugar para morar. Esse dinheiro dá para quê? E não falam em dar um terreno para a gente, em colocar em apartamento da CDHU"", critica.

A CDHU explica que as famílias foram retiradas a pedido da Prefeitura porque estavam em área de risco e não por causa da Copa, mas diz que, além dos R$ 4,3 mil dados a elas, foi firmado compromisso de "futuro atendimento habitacional definitivo"". A Secretaria do Verde informa apenas que o Parque Linear Ponte Rasa está em fase de estudos.

Aflição comum. Sair do local onde moram e receber indenização baixa é drama que se repete em outras cidades, como Belo Horizonte. "Só dá para comprar casa na periferia, mas a gente trabalha perto do centro"", reclama a diarista Patrícia Venâncio, moradora do Recanto UFMG (70 famílias serão atingidas), que não sabe para onde irá com os pais e dois irmãos.

A prefeitura discorda. Alega pagar R$ 30 mil por família removida, mais indenização com base em benfeitorias, além de dar opção para escolha de mudança para apartamentos do programa habitacional Vila Viva.

Em Cuiabá, as desapropriações atingirão moradores e comerciantes, afetando cerca de 5 mil pessoas. Os lojistas temem receber "ninharia"" e não ter como tocar a vida. "Vamos definir os valores com laudos técnicos em mãos"", diz Djalma Mendes, secretário da Agecopa, que cuida de assuntos referentes ao Mundial.

Conselho suspeita de negócio feito por firma de Palocci

O Conselho de Atividades Financeiras (Coaf), vinculado ao Ministério da Fazenda, enviou relatório à Polícia Federal (PF) comunicando que a empresa Projeto, do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, fez uma operação financeira suspeita na compra de um imóvel de uma empresa que estava sob investigação policial. A manifestação do Coaf ocorreu há cerca de seis meses, depois de o órgão ser informado do episódio pelo banco que intermediou a transação financeira.

Fontes do Ministério da Fazenda em São Paulo revelaram ao jornal O Estado de S. Paulo que o comunicado do Coaf à PF se enquadra no tipo de “movimentação atípica”, “operação suspeita”. Funciona da seguinte maneira: os bancos informam ao Coaf sobre transações financeiras fora do padrão. Em cima dessas informações, o órgão da Fazenda repassa à PF e ao Ministério Público relatórios quando uma empresa ou uma pessoa sob investigação aparece nos comunicados dos bancos.

No caso de Palocci, o nome da Projeto surge nas transações atípicas envolvendo uma empresa que está sob investigação pela Polícia Federal. No ano passado, a empresa do ministro adquiriu dois imóveis em São Paulo: um apartamento luxuoso de R$ 6,6 milhões e um escritório avaliado em R$ 882 mil. O Coaf não tem poder de investigação. Cabe à Polícia Federal apurar se há ou não irregularidades na transação financeira entre a empresa do ministro da Casa Civil e a que está sob investigação.

Procurado na quarta-feira (18) pela reportagem, Palocci informou, por meio de sua assessoria, que desconhece o episódio. Disse que não foi informado do envio do relatório do Coaf à PF. O Palácio do Planalto acredita que o Coaf não vai se manifestar publicamente sobre o caso e espera que a PF diga que a empresa de Palocci não está sendo investigada. (AE)

PARANÁ: 10 CIDADES CONCENTRAM A RENDA E O CONSUMO

Dez cidades concentram mais da metade do consumo do Paraná. Levantamento da consultoria Target realizado a pedido da Gazeta do Povo mostra que, juntas, Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu, Colombo, Guarapuava e Paranaguá representarão R$ 77,6 bilhões em gastos das famílias em 2011, o que equivale a 53% do potencial total do estado, que deve alcançar R$ 147 bilhões.

Desse total, R$ 38,3 bilhões ficarão em Curitiba, que, depois de dois anos, voltou a figurar como a quinta cidade com maior potencial de consumo do Brasil, depois de perder o posto, em 2008, para Salvador.

O levantamento, batizado de IPC Maps, leva em conta quanto as famílias dos municípios devem gastar em 2011. O estudo, que toma como base dados coletados junto ao IBGE, computa despesas como alimentação dentro e fora do domicílio, manutenção do lar, artigos de limpeza, eletrodomésticos e equipamentos, vestuário, calçados, transporte, higiene e cuidados pessoais, medicamentos e saúde, educação, recreação, viagens, fumo e outras despesas, como aquisições de imóveis.

As dez cidades com maior poder de compra, além de serem representativas do ponto de vista populacional – 40% do total –, agregam mais emprego e salários médios maiores, o que ajuda a explicar por que o consumo no estado é puxado por esses municípios, de acordo com Julio Suzuki, coordenador de análise conjuntural do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).

“Em geral são municípios com uma estrutura produtiva mais baseada na indústria, que, tradicionalmente, paga remunerações superiores à da agropecuária, por exemplo. São cidades que também têm uma presença maior da administração pública, cujos empregos também têm uma média de salários superior à da iniciativa privada”, acrescenta.

A concentração do poder de compra é uma característica brasileira, mas no Paraná ela é maior. Em termos nacionais, as dez maiores cidades participam com 26% dos gastos das famílias.

O consumo forte coloca essas cidades na rota de investimentos de indústrias, do comércio e dos serviços, mas também ajuda a polarizar o desenvolvimento. Hoje 5% das cidades do Paraná concentram mais de 50% das população, 65% do Produto Interno Bruto (PIB) e 74% do PIB industrial. As dez cidades que estão na lanterna do ranking – com menor potencial de consumo no estado – devem somar, juntas, gastos de apenas R$ 144 milhões.

Concentração

“O desafio para diminuir essa concentração é promover a descentralização da economia. Alguns estados vêm conseguindo fazer isso, como São Paulo e Santa Catarina. Nós ainda estamos pelo menos oito anos atrasados nessa estratégia”, diz o secretário de Planejamento e Coordenação Geral, Cassio Taniguchi.

O movimento de concentração do consumo começou nos anos 70 e se consolidou nos anos 80, com a migração da população do campo para as cidades maiores, e foi reforçada à medida que os municípios de médio porte e a capital foram atraindo mais investimentos.

Para o economista Cid Cordeiro, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), falta ao Paraná um plano de desenvolvimento econômico que leve em consideração a necessidade de gerar empregos de maior valor agregado e com maiores salários em regiões menos favorecidas.

“Não se trata apenas de conceder incentivo. É preciso pensar no tipo de investimento, na qualidade do emprego e na renda para estimular o consumo. E isso tem um custo fiscal e de infraestrutura. Há uma vontade e um discurso de mudança, mas as atuais condições apontam para o sentido contrário”, diz.

Segundo Cordeiro, um exemplo disso é a própria infraestrutura rodoviária do estado, que está centrada no Anel de Integração. “O próprio Anel acabou criando um eixo concentrado de desenvolvimento para essas cidades”, considera.

Migração

As campeãs de consumo também têm em comum a forte migração social, com mais pessoas ingressando nas classes C e B, movimento que deve se manter por pelo menos mais cinco anos, segundo Marcos Pazzini, coordenador do levantamento.

Nas dez cidades que vão gastar mais no Paraná, a classe B – famílias com renda entre R$ 2,75 mil e R$ 4,9 mil – representará entre 40% e 50% do potencial de consumo.

Apesar de ainda altamente concentrado no Brasil, o consumo vem ganhando espaço em cidades de médio porte e há uma perda relativa da participação das capitais. Em 1996 e 1997, as capitais lideravam o consumo nacional, com 45% de participação.

Neste ano, a participação das capitais será de 32,7%, ante os 34,5% registrados em 2010. Em valor, a participação das 27 capitais brasileiras será equivalente a R$ 802,8 bilhões.

Curitiba gastou R$ 10 bi a mais no ano passado

A capital paranaense voltou a ser a quinta cidade com maior potencial de consumo do Brasil em 2011. Curitiba havia perdido em 2008 o posto para Salvador, que, no embalo do crescimento da classe média e dos programas de redistribuição de renda, ganhou espaço no ranking nacional. “Como Salvador registrou uma queda de potencial de consumo mais expressiva, Curitiba reassumiu a colocação”, afirma Marcos Pazzini, diretor da Target. Neste ano, as famílias curitibanas deverão gastar R$ 38, 3 bilhões na economia – pouco menos do que no ano passado, R$ 38,7 bilhões –, mas ainda assim bem acima de 2009.

A cidade engordou seu consumo em cerca de R$ 10 bilhões somente no ano passado, reflexo sobretudo do fortalecimento da classe B, que representa hoje 42,3% dos domicílios – parcela superior, inclusive, ao número de domicílios da classe C (39,6%). De acordo com o levantamento, a classe B deve responder por 48,6% do consumo total – contra 20,1% da classe C.

A taxa recorde de crescimento do emprego em Curitiba no ano passado, o aumento da renda e o salário mínimo regional são estímulos ao consumo, segundo Christian Majzak, analista da GO4! Consultoria. O crescimento do poder de compra na capital também coincidiu com o boom imobiliário nos últimos dois anos, gerando um ciclo “virtuoso” de geração de renda e emprego, segundo Majzak. (GP)

INTERNACIONAL Mesmo proibidos, protestos pré-eleição continuam na Espanha


O M15 (Movimento 15 de Maio) manteve a manifestação na Plaza Puerta del Sol durante este sábado (21), contrariando a decisão da justiça eleitoral espanhola, que proibiu a manifestação por conta das eleições municipais em todo o país, neste domingo (22).

Mesmo com a proibição, os manifestantes não sairam da praça e o governo espanhol já anunciou que não vai tentar dispensar a multidão, já antecipando as consequências de uma ação policial, comunicada em nota oficial: "não vamos criar outro problema".

A manifestação que está concentrada em um enorme acampamento naquela praça no centro de Madri começou no dia 15 de maio e se espalhou por mais de cinquenta cidades e se estendeu para várias capitais de outros países, em geral em frente às embaixadas da Espanha. O principal lema é Democracia Real Já.

A manifestação é composta essencialmente de jovens, mas agrupa também aposentados, idosos e vários segmentos sociais. Muito inspirado nas recentes revoltas árabes, os manifestantes se mantém distantes dos sindicatos e dos partidos.

A concentração tem uma estrutura coletiva de organização, com 34 comissões e um coletivo de "líderes" onde há um rodízio de porta-voz para evitar personalismo.Tudo pela internet, onde vários sites tem centenas de milhares de seguidores.

O movimento ataca com vigor os dois principais partidos espanhóis, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de centro esquerda , que é governo, e o PP (Partido Popular), de direita, que foi governo.

Como as eleições municipais em toda a Europa tendem a trazer para as cidades a disputa nacional, que tem eleições em 2012, a campanha eleitoral foi disputada entre os dois com discursos de quem teria sido menos carrasco na aplicação de cortes sociais.

A ambos, os manifestantes atribuem como os responsáveis pelas medidas de arrocho, corte nos benefícios sociais e desemprego. A insatisfação aumentou com a participação da Espanha nos ataques à Líbia, cujos custos sairam dos cofres do governo.

Mais que isso, o principal eixo da manifestação é o "ni ni" (não estuda, não trabalha). É um movimento contra a falta de esperança e expectativa de uma vida melhor. A crise na Espanha, iniciada em 2008 com a crise do sistema financeiro mundial, coloca o país na mesma rota de vizinhos como Grécia, Portugal e Irlanda, que já quebraram e pediram ajudas ao FMI e à União Européia.

Porém, a ajuda vem sempre acompanhada de cortes orçamentários em políticas e programas sociais e vultosas somas aos banqueiros e empresários - o que foi condenado por Lula e Dilma Roussef, quando estiveram em Portugal, em abril.

O movimento prega uma inversão nas políticas, criticando o salvamento aos banqueiros e o arrocho à população. Embora mantendo-se distante como instituição, a CCOO (Centrais Obreras, que concentra os principais sindicatos espanhóis) publicou em seu site um manifesto de apoio, reivindicando inversão de prioridades e que os responsáveis pela crise, bancos e empresários, é que devem pagar por ela e, vez de a população.

Já o primeiro-ministro José Luis Zapatero (PSOE) está perdido em relação ao protesto e limita-se a repetir que '"entende" e que é preciso "respeitar". Mariano Rajoy, do PP, acha que o protesto pode prejudicar o PSOE nas eleições de domingo, mas é certo que ambos perderão.

As manifestações no centro da capital espanhola - bem como em todo o restante do país -, que está sendo chamada de República do Sol, é um dos movimentos mais criativos que se vê nos últimos tempos, muito longe de palavras de ordem tradicionais ou da agressividade militante.

Uma enorme faixa na lateral da praça entrará para a história "se nos tiram os sonhos, não os deixaremos dormir".

 
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