domingo, 22 de maio de 2011

INTERNACIONAL Mesmo proibidos, protestos pré-eleição continuam na Espanha


O M15 (Movimento 15 de Maio) manteve a manifestação na Plaza Puerta del Sol durante este sábado (21), contrariando a decisão da justiça eleitoral espanhola, que proibiu a manifestação por conta das eleições municipais em todo o país, neste domingo (22).

Mesmo com a proibição, os manifestantes não sairam da praça e o governo espanhol já anunciou que não vai tentar dispensar a multidão, já antecipando as consequências de uma ação policial, comunicada em nota oficial: "não vamos criar outro problema".

A manifestação que está concentrada em um enorme acampamento naquela praça no centro de Madri começou no dia 15 de maio e se espalhou por mais de cinquenta cidades e se estendeu para várias capitais de outros países, em geral em frente às embaixadas da Espanha. O principal lema é Democracia Real Já.

A manifestação é composta essencialmente de jovens, mas agrupa também aposentados, idosos e vários segmentos sociais. Muito inspirado nas recentes revoltas árabes, os manifestantes se mantém distantes dos sindicatos e dos partidos.

A concentração tem uma estrutura coletiva de organização, com 34 comissões e um coletivo de "líderes" onde há um rodízio de porta-voz para evitar personalismo.Tudo pela internet, onde vários sites tem centenas de milhares de seguidores.

O movimento ataca com vigor os dois principais partidos espanhóis, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de centro esquerda , que é governo, e o PP (Partido Popular), de direita, que foi governo.

Como as eleições municipais em toda a Europa tendem a trazer para as cidades a disputa nacional, que tem eleições em 2012, a campanha eleitoral foi disputada entre os dois com discursos de quem teria sido menos carrasco na aplicação de cortes sociais.

A ambos, os manifestantes atribuem como os responsáveis pelas medidas de arrocho, corte nos benefícios sociais e desemprego. A insatisfação aumentou com a participação da Espanha nos ataques à Líbia, cujos custos sairam dos cofres do governo.

Mais que isso, o principal eixo da manifestação é o "ni ni" (não estuda, não trabalha). É um movimento contra a falta de esperança e expectativa de uma vida melhor. A crise na Espanha, iniciada em 2008 com a crise do sistema financeiro mundial, coloca o país na mesma rota de vizinhos como Grécia, Portugal e Irlanda, que já quebraram e pediram ajudas ao FMI e à União Européia.

Porém, a ajuda vem sempre acompanhada de cortes orçamentários em políticas e programas sociais e vultosas somas aos banqueiros e empresários - o que foi condenado por Lula e Dilma Roussef, quando estiveram em Portugal, em abril.

O movimento prega uma inversão nas políticas, criticando o salvamento aos banqueiros e o arrocho à população. Embora mantendo-se distante como instituição, a CCOO (Centrais Obreras, que concentra os principais sindicatos espanhóis) publicou em seu site um manifesto de apoio, reivindicando inversão de prioridades e que os responsáveis pela crise, bancos e empresários, é que devem pagar por ela e, vez de a população.

Já o primeiro-ministro José Luis Zapatero (PSOE) está perdido em relação ao protesto e limita-se a repetir que '"entende" e que é preciso "respeitar". Mariano Rajoy, do PP, acha que o protesto pode prejudicar o PSOE nas eleições de domingo, mas é certo que ambos perderão.

As manifestações no centro da capital espanhola - bem como em todo o restante do país -, que está sendo chamada de República do Sol, é um dos movimentos mais criativos que se vê nos últimos tempos, muito longe de palavras de ordem tradicionais ou da agressividade militante.

Uma enorme faixa na lateral da praça entrará para a história "se nos tiram os sonhos, não os deixaremos dormir".

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