segunda-feira, 11 de março de 2013

A véspera do Conclave estoura mais um escândalo: 'Vaticano é acusado de gastar R$ 58 milhões em complexo que abriga sauna gay'



Um dia antes do início do conclave que irá eleger o Papa que substituirá Bento XVI, um novo escândalo sobre o Vaticano tomou conta da imprensa internacional. De acordo com o jornal “Independent”, a instituição religiosa teria gasto € 23 milhões (mais de R$ 58 milhões) na compra de apartamentos de um prédio em Roma que abriga nada menos que a maior sauna gay da Europa.

Pelo menos 18 dos cardeais responsáveis pela escolha do Pontífice moram no local. Um deles é Ivan Dias, chefe da Congregação para Evangelização dos Povos, de 76 anos, que vive no mesmo andar onde funciona a sauna. Visto como um conservador, mesmo para os padrões atuais da Igreja, o ex-arcebispo de Bombaim teria ficado “horrorizado” com a descoberta. Uma de suas crenças é de que gays e lésbicas podem ser curados de suas “tendências não naturais através do sacramento da penitência”.
Segundo a imprensa local, o investimento no imóvel, realizado em 2008 pelo cardeal Tarcisio Bertone, foi realizado graças a generosos benefícios fiscais recebidos pela Igreja Católica durante o governo de Silvio Berlusconi. A propriedade é reconhecida como parte da Cidade Santa.
Leitores de sites gays italianos foram rápidos em fazer piadas sobre o tema.
“Se você não pode ir a uma sauna gay por medo de ser visto, o que você faz com milhões de euros roubados de italianos? Compra um bloco de apartamentos com a sauna dentro”, dizia um dos comentários do “Gay.it”.
A denúncia acontece em um momento delicado para a Igreja, que ainda se recupera de especulações a respeito da renúncia de Bento XVI. Chegou a ser dito que a saída do teólogo alemão ocorreu devido à presença de cardeais homossexuais dentro do Vaticano. (Agências)

Deputados planejam anular eleição de Feliciano


Deputados ligados a direitos humanos na Câmara planejam o contra-ataque contra a eleição do deputado Pastor Marco Feliciano como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDH). A intenção do grupo, formado basicamente por parlamentares do PT, PCdoB e PSB, é contestar tecnicamente as sessões que resultaram na escolha de Feliciano para comandar o colegiado.
Formalmente, foi convocada uma reunião para amanhã (12), às 11h, para discutir a criação de uma frente parlamentar de direitos humanos na Câmara. No entanto, a pauta de discussões será praticamente monotemática. O grupo vai debater formas de anular a escolha de Feliciano para presidir a comissão. Desde a semana passada a CDH tem gerado noticiário negativo para a Casa com a indicação e consequente eleição do deputado.
Os parlamentares pretendem contestar, em requerimento ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a eleição de Feliciano por dois motivos. O primeiro é a quebra da proporcionalidade partidária. Originalmente, o PSC não teria assento na CDH além da presidência e da vice. No entanto, como PMDB, PP e PSDB cederam suas posições, o partido possui cinco integrantes titulares e três suplentes.
A outra questão é quanto à convocação feita por Henrique Alves na quarta-feira (6). Mais cedo, o então presidente da CDH, Domingos Dutra (PT-MA), havia suspendido a sessão por falta de acordo. O peemedebista, então, convocou reunião para o dia seguinte, às 9h. Fez isso da tribuna, sem um ato formal da Presidência. E também proibiu a presença de manifestantes. “Esta questão da proporcionalidade é muito grave”, ressaltou a ex-vice-presidenta da CDH, Erika Kokay (PT-DF).
No Twitter, em 2011, ele chamou negros de “descendentes amaldiçoados de Noé”. Contra homossexuais, chegou a dizer que “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam (sic) ao ódio, ao crime, à rejeição. Amamos os homossexuais, mas abominamos suas práticas promíscuas”. Também chamou a Aids de “doença gay”. Ele rejeita a acusação de ser racista e homofóbico e diz a resistência ao seu nome é fruto de perseguição religiosa e de “cristofobia“.
Em discurso na Câmara, ele defendeu a limitação de divórcios a um por pessoa, pois, na avaliação dele, “uma família destruída hoje projeta sequelas por toda uma geração”. O deputado diz que a resistência ao seu nome é fruto de perseguição religiosa e de “cristofobia“. No sábado, surgiu uma nova denúncia: o jornal Correio Braziliense informou que ele usou o mandato parlamentar em benefício de suas empresas e das atividades de sua igreja.
Além disso, ele é réu por estelionato em uma ação penal e investigado em um inquérito por discriminação no Supremo Tribunal Federal (STF). Na sexta-feira (8), em Natal (RN), Henrique Alves afirmou que, se surgirem “fatos novos”, a Câmara poderia discutir a questão da CDH. “Mas, claro, sempre respeitando o direito de cada parlamentar e de cada partido”, afirmou. (CF)

A ministra Gleisi com a palavra: PR é o estado do Sul com a menor previsão de investimentos federais


Dos três estados do Sul, o Paraná é o que vai receber o menor volume de investimentos federais em 2013. De acordo com dados da Comissão Mista de Orçamento, está previsto para ser aplicado no estado R$ 1,6 bilhão (veja mais no quadro ao lado) em obras. O Rio Grande do Sul, por sua vez, foi contemplado com R$ 2,6 bilhões e Santa Catarina com R$ 2 bilhões. O orçamento da União reserva R$ 86,3 bilhões para investimentos – o que não inclui outros R$ 110,6 bilhões de investimentos das empresas estatais. (GP)

Talibã está matando civis ‘a serviço dos EUA’, diz Karzai, presidente do Afeganistão


As tensas relações dos EUA com o Afeganistão sofreram um golpe duro neste domingo, 10, após o presidente afegão, Hamid Karzai, afirmar que o Talibã está matando civis afegãos “a serviço dos EUA”.
A declaração foi feita em um discurso televisionado horas antes de um encontro entre Karzai e o novo secretário norte-americano de Defesa, Chuck Hagel, para discutir as operações militares dos EUA no país.

Recursos afegãos

O encontro entre Karzai e Hagel aconteceu um dia após supostos homens-bomba do Talibã matarem pelo menos 18 pessoas no Ministério da Defesa, em Cabul, e na província de Khost, no leste do país.
Em seu discurso, o presidente afegão disse também que os EUA não querem deixar o país no final de 2014, quando expira a coalizão da ONU, porque cobiçam os recursos afegãos. Ainda segundo Karzai, os EUA estão em negociação com líderes talibãs.
“O Talibã mantém conversas diárias com os EUA, mas em Cabul e Khost eles detonam bombas para mostrar sua força aos EUA [...] As bombas que explodiram em Cabul e Khost no sábado não foram uma demonstração de força aos EUA, mas a serviço dos EUA”, afirmou Karzai.
O general norte-americano Joseph Dunford, que assumiu o comando das forças de coalizão no país no mês passado, disse que as acusações de Karzai são “categoricamente falsas”.

Entrevista coletiva cancelada

O discurso do presidente afegão surpreendeu as autoridades norte-americanas. Os EUA esperavam utilizar a visita de Hagel para reforçar as frágeis relações com Hamid Karzai.
Embora a programação seja de que a maioria dos 66 mil soldados norte-americanos no Afeganistão volte para casa no próximo ano, os EUA planejam deixar no país uma força consultiva e de combate ao terrorismo para apoiar o governo afegão depois de 2014.
Após o discurso de Karzai, Hagel cancelou uma entrevista coletiva conjunta com o presidente afegão que aconteceria no palácio presidencial. Autoridades norte-americanas disseram que o evento foi cancelado por questões de segurança. ( Wall Street Journal )

Acciona Windpower inaugura primeira fábrica de equipamentos eólicos no Brasil


A Acciona Windpower, filial da espanhola Acciona, inaugurou nesta segunda-feira sua primeira fábrica de equipamentos eólicos no Brasil, que gerará 210 empregos entre diretos e indiretos, informou a empresa.
A unidade, que foi construída em Simões Filho, município do estado da Bahia, tem capacidade para a montagem anual de 135 cubos eólicos (peças que concentram as hélices das torres geradoras de energia).
Os cubos produzidos nesta fábrica serão usados pelos aerogeradores AW-3000, de 3 MW, o modelo de maior potência comercializado pela companhia.
A nova instalação foi inaugurada pelo governador da Bahia, Jacques Wagner, pelo diretor-geral da Acciona Energia, Rafael Mateo, e pelo da Acciona Brasil, José Maria Jordão.
"Esta é nossa primeira instalação no Brasil e digo primeira porque depois dessa fábrica da Bahia, haverá outra já que estamos firmemente comprometidos com nosso desenvolvimento industrial no país", declarou Mateo durante o ato inaugural.
Por sua vez, o governador agradeceu a Acciona pela oportunidade que deu ao estado da Bahia para qualificar seus trabalhadores e criar emprego.
Segundo a Acciona, a unidade de Simões Filho conta com cerca de 30 trabalhadores, a maior parte procedentes da zona, além dos 180 empregos indiretos em empresas fornecedoras de componentes para a fábrica.
As iniciativas industriais da Acciona Windpower no Brasil propiciaram 500 empregos adicionais na fabricação dos componentes principais dos aerogeradores, como pás e torres, o que representa no total mais de 700 postos de trabalho, acrescentou a empresa no comunicado.
A fábrica de Simões Filho é a quinta no mundo da Acciona Windpower, que tem dois centros de montagem de aerogeradores na Espanha e um nos Estados Unidos, assim como uma fábrica de pás eólicas na Espanha.
A fábrica de Simões Filho faz parte da estratégia da companhia para aumentar sua presença no mercado brasileiro, onde recentemente assinou seu primeiro contrato, com a empresa CPFL Renováveis, para a provisão de 40 aerogeradores cuja potência soma 120 MW. (Efe)

Nova onda de ‘superbactérias’ ameaça população mundial


Bactérias com potencial para causar graves infecções estão ficando cada vez mais resistentes a antibióticos. Segundo a comunidade médica mundial, a situação representa “uma ameaça catastrófica para a a população e pede ação mundial urgente”.
De acordo com o médico britânico Dame Sally Davies, se duras medidas não forem tomadas para restringir o uso de antibióticos “vamos nos encontrar em um sistema de saúde não muito diferente do início do século 19”.
Enquanto a eficácia dos antibióticos diminui, surgem novas espécies mais resistentes de antigas bactérias, como a Klebsiella, causadora da pneumonia. Bactérias encontradas no intestino, especialmente perigosas para idosos e pessoas frágeis, também estão ganhando resistência aos medicamentos.
Nas décadas seguintes à invenção da penicilina, empresas farmacêuticas desenvolveram uma vasta gama de medicamentos. Porém, desde 1987, não há mais classes de drogas descobertas.
A Associação da Indústria Britânica diz que a preocupação tem fundamento e que “a resistência das bactérias é um problema sério e crescente” para o mundo. Stephen Whitehead, chefe executivo da organização, diz que o problema é grave, mas ressalta que as empresas farmacêuticas estão investindo em pesquisas para solucionar a situação. “Há empresas farmacêuticas ativamente envolvidas em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. Mas ainda há muito a ser feito”, diz Whitehead.

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Luiz Manfredini: O coronel, os intelectuais e a cadeia

Luiz Manfredini*

 Comentou-se, à época – março de 1978 – que o general Ernesto Geisel, então presidente da República, passou mal (com vômito e tontura) ao se deparar, no Jornal do Brasil, com as ferinas críticas que lhe foram endereçadas por um subordinado, o tenente-coronel Tarcísio Nunes Ferreira. 

A informação jamais foi comprovada, mas inegável que a entrevista do militar – ácida contra Geisel, contra o que considerava desvios do “movimento militar de 1964” e a favor da abertura do regime – causou, digamos, certo frisson na caserna.

Não por menos: pela primeira vez desde o golpe um militar da ativa criticava abertamente o “status quo”. E não um militar qualquer. Este comandava o 13º Batalhão de Infantaria Blindada, a mais poderosa unidade da 5a Região Militar (Paraná e Santa Catarina), com sede em Ponta Grossa, a pouco mais de 100 quilômetros de Curitiba.

A entrevista de página inteira realizada por mim, então repórter da sucursal paranaense do Jornal do Brasil, e publicada há exatos 35 anos, em 11 de março de 1978, desenvolvia o que o coronel já defendera para cerca de 200 membros do Lions Club de Ponta Grossa uma semana antes. A palestra, que valeu a Tarcísio prisão domiciliar de dois dias, inaugurou o curto período de três semanas em que o País se agitou a partir de Curitiba, pois à palestra e à entrevista sucederam nova detenção do militar, dessa feita de 30 dias, o sequestro de uma professora por um grupo paramilitar e a prisão de 11 intelectuais pela Polícia Federal, acusados de ensinar marxismo-leninismo a crianças em duas pré-escolas. Sobretudo estas prisões provocaram grande mobilização da opinião pública, não só na capital paranaense, como em todo o Brasil, com expressiva repercussão internacional.

Os episódios daquele março turbulento em Curitiba marcaram um capítulo a mais, talvez um capítulo decisivo da conflagração entre duas alas do regime militar – conhecido então como “o sistema” –, divididas entre os defensores da “distensão lenta, gradual e segura” do presidente Geisel e os que se opunham a ela, a chamada “linha dura”. Meses antes, em outubro de 1977, os duros haviam sofrido importante revés com a demissão do general Sylvio Frota do Ministério do Exército.

Fiel, mas crítico

Aos 47 anos na época, 26 dos quais dedicados ao Exército, o Coronel Tarcísio Nunes Ferreira deixou clara sua “fidelidade aos ideais do movimento de 31 de março de 1964”, mas criticou o que considerava sua deformação: “Nós saímos de um processo totalitário que se tentava, através do governo, pela desordem, para um processo totalitário feito pelo governo, pelo excesso de ordem”. Para ele, “numa sociedade o que é preciso é a harmonia, e não a ordem”.

Na longa entrevista, o coronel defendeu a imediata abertura democrática no país, com pluripartidarismo (mas sem a participação do Partido Comunista), quebra dos instrumentos de exceção dos quais a ditadura ainda se valia, anistia e até mesmo uma assembleia constituinte. E endereçou ao presidente Ernesto Geisel críticas corrosivas. Opôs-se ao seu conceito de democracia relativa e aos poderes imperiais da Presidência.

Mas certamente o que mais repercutiu foi a exortação: “É preciso que, de alguma forma, os militares quebrem o silêncio” para defender o que Tarcísio considerava pensamento hegemônico nas forças armadas, ou seja, a abertura democrática. Mais grave foi o militar sustentar que “há momentos em que se justifica a quebra da disciplina em nome da legitimidade”, principalmente quando “estão lançando nos nossos ombros a culpa de todos os erros que estão aí patentes”. Era incitação à rebeldia militar, logo naqueles tempos bicudos.

Nunca se soube o quanto Tarcísio Nunes Ferreira estava ligado a outros setores militares e civis. Ao longo do tempo, ele atribuiria sua entrevista a iniciativa meramente pessoal. Mas sempre foi intrigante o fato dele praticamente escolher o Jornal do Brasil para conceder a entrevista, combinando inclusive a data da publicação. Sobre um móvel da sala de sua casa, observei um punhado de bilhetes aéreos. Na ocasião o coronel negou que fizesse viagens pelo Brasil. Mesmo assim, alguns analistas o viram simpático à candidatura presidencial do ex-governador de Minas Gerais Magalhães Pinto, tido como o líder civil do golpe de 1964. Três meses depois da entrevista, um dos mais entusiastas apoiadores do coronel, o ex-ministro Ivo Arzua Pereira, aderia à Frente Nacional de Redemocratização, capitaneada por Magalhães e Tancredo Neves. A Frente desembocaria na candidatura do general Euler Bentes Monteiro contra a do também general João Batista Figueiredo, patrocinada por Geisel.

Sequestro e prisões

No final da tarde de sexta-feira, 17, o coronel já cumpria, no 5o Grupamento de Artilharia de Campanha, no bairro do Boqueirão, a pena de 30 dias de detenção que recebera por conceder a entrevista, quando paramilitares sequestraram a jornalista e professora Juracilda Veiga na saída do colégio Cônego Camargo, onde lecionava. Treze horas depois, no amanhecer de sábado, a Polícia Federal prendia 11 pessoas ligadas às escolas Oca e Oficina, de educação infantil. Segundo nota oficial da PF, “as escolas vinham doutrinando crianças dentro de princípios marxistas, desenvolvendo-lhes uma visão materialista e dialética do mundo, incutindo nelas a negação de valores como a religião, a família e a tradição histórica”. Eu me encontrava entre os 11.

É provável que os acontecimentos não tenham sido tramados intencionalmente, mas trocaram influências recíprocas. Os detidos no caso das pré-escolas foram escolhidos a dedo entre aqueles com mais extensos antecedentes na luta contra a ditadura. No meu caso, por exemplo, eu havia tido com a escola Oficina uma relação meramente pontual anos antes, mas meu prontuário na polícia política e o fato de haver entrevistado o coronel de Ponta Grossa, ajudavam os duros do regime e comporem seu raciocínio: a ditadura não poderia retroceder, pois os subversivos – como eram chamados, na época, os opositores mais firmes – tanto se mantinham atuantes que agora se infiltravam até em pré-escolas e açulavam militares contra seus superiores.

Mas ocorreu o que, para a “linha dura”, era inesperado: a instantânea, larga e intensa reação da sociedade. O sequestro de Juracilda Veiga, embora sem relação aparente com as prisões, colocou no cenário a Igreja Católica, pois a professora e jornalista era militante das comunidades eclesiais de base. Não podendo solidarizar-se apenas com Juracilda, o clero local esteve à frente das mobilizações por todos. Nas missas celebradas no domingo, 19, nas mais de cem paróquias de Curitiba, foi lida uma carta-aberta à população assinada pela Comissão de Justiça e Paz do Paraná e outras 34 organizações da sociedade civil, reunidas em assembleia permanente na Cúria Metropolitana. A carta manifestava preocupação com o “clima de terror e insegurança”. Exigia a imediata libertação dos presos, esclarecimentos sobre o sequestro de Juracilda Veiga e “apuração de atos ilegais do clandestino Comando de Caça aos Comunistas”.

Protestos com humor

As prisões em Curitiba ecoaram por todo o Brasil, provocando condenações generalizadas. A imprensa, cujos patrões naquele momento já começavam a se descolar do projeto dos militares, que eles apoiaram em 1964, repercutiu à larga os acontecimentos. Curitiba ficou coalhada de correspondentes dos jornais nacional. A inglesa Patrícia Feeney, coordenadora do Departamento de Pesquisa Internacional para a América Latina da Anistia Internacional, aportou na cidade para melhor acompanhar os fatos. Mais de oito mil telegramas chegaram do exterior e de vários estados à sede da Polícia Federal, pedindo liberdade para os detidos.

Além da violência, o episódio continha também boa dose de ridículo. A alegação de que os 11 detidos ensinavam marxismo-leninismo às crianças das duas pré-escolas foi logo incorporada ao anedotário nacional. Luiz Fernando Veríssimo produziu uma hilária “cartilha marxista” que estaria sendo aplicada aos meninos e meninas de Curitiba. Em sua coluna do Jornal do Brasil, o poeta Carlos Drumond de Andrade noticiou declarações do garoto Fifico, de três anos e meio de idade, segundo as quais sua professora trocou o livro “Circo de Coelhinhos”, do escritor Marques Rebelo, pelo “O Capital”, de Karl Marx. “Marques e Marx, tudo é a mesma coisa”, teria alegado a professora. No mesmo Jornal do Brasil, Carlos Eduardo Novaes em longa crônica intitulada “A subversão infantil”, informou que, nas duas pré-escolas de Curitiba, as aulas começavam com historinhas que poderiam ser “Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Reacionário”, como “A Branca de Neve, Lacaia do Capitalismo, e os Sete Anões Explorados” ou ainda “Pluf, o fantasma do imperialismo”.

Entre humor e protestos políticos, a pressão foi tal que os detidos acabaram sendo soltos já a partir do terceiro dia após as prisões. Uma semana depois, no domingo, 26, os três últimos deixaram a cela: eu, o também jornalista Walmor Marcelino e o advogado Edésio Passos. Juracilda Veiga permaneceu 24 horas nas mãos dos sequestradores, sempre encapuzada, sofrendo choques elétricos e ameaças em dez 10 longos interrogatórios. O coronel Tarcísio Nunes Ferreira deixou o 5o Grupamento de Artilharia de Campanha em meados de abril, sendo transferido para uma função burocrática em Recife, a do serviço militar. Em 1995, o jornalista, escritor e cineasta Valencio Xavier narrou as prisões no premiado vídeo-documentário “Os Onze de Curitiba – Todos nós”.

O revés na capital paranaense, no entanto, não impediu que a extrema-direita voltasse a agir. Explodiu bombas em bancas de jornal de várias capitais, nas sedes da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Rio, ameaçou, sequestrou e espancou lideranças da oposição e, em 31 de abril de 1981, uma bomba detonou por acidente no colo de um dos terroristas – um capitão do Exército – antes que ele a armasse nas instalações do Riocentro, onde cerca de 20 mil pessoas comemoravam o 1º de Maio.

Mas as ações da extrema-direita – a “linha dura” militar e seus aliados civis – não impediram a progressiva decomposição da ditadura, que prosperava já desde meados da década de 1970. O prenúncio da derrocada ocorreu nas eleições de 1974, quando o MDB – o partido de oposição no bipartidarismo consentido pelos militares – derrotou fragorosamente a governista Arena. Para se ter uma ideia, o MDB passou de sete para 20 senadores e de 87 para 165 deputados federais. A sociedade civil começava a se posicionar francamente contra a ditadura, o que se confirmou nas maciças reações à morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho, nas dependências do DOI-CODI paulista, em outubro de 1975 e 1976, respectivamente.

Quando o coronel Tarcísio Nunes Ferreira concedeu a entrevista, os estudantes já tratavam de reorganizar a UNE, o que ocorreria em 1979. Exatos dois meses depois dos episódios de Curitiba, a greve dos trabalhadores da Scania, no ABC paulista, marcava o reingresso do movimento operário na cena política brasileira. Despontava ali a liderança do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. A ditadura já não tinha como manter instrumentos de exceção como o AI-5, afinal revogado em dezembro de 1978. Daí em diante o regime dos militares despencou ladeira abaixo, sem poder resistir à pressão popular. Seguiu-se a anistia, em agosto de 1979, as eleições diretas para governadores, em 1982, o gigantesco movimento das Diretas-Já, em 1984 e, no ano seguinte, a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. A ditadura perdia-se diante da forte oposição no terreno que ela própria criara para se preservar.

*Luiz Manfredini é jornalista e escritor em Curitiba, representa no Paraná a Fundação Maurício Grabois e é autor de “As moças de Minas”, “Memória de Neblina”, “Sonhos, utopias e armas” e “Vidas, veredas: paixão”. 

Bronx , Nova York, homenageia Chávez por sua luta pelos pobres


No Bronx, um dos bairros mais pobres de Nova York, milhares de hispânicos e estadunidenses realizaram homenagens e manifestações de afeto ao líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez, a quem agradecem pelo programa de ajuda social que empreendeu a favor dos mais necessitados desta comunidade.
Por iniciativa de Chávez, entre 2007 e 2010, o Estado venezuelano destinou 1 milhão de dólares anuais, por meio da empresa Citgo, filial da PDVSA (Petróleos de Venezuela), para apoiar o desenvolvimento de projetos sociais no bairro.
A organização PetroBronx foi a encarregada de executar 30 planos que beneficiaram escolas, cooperativas de alimentos e de limpeza do rio Bronx.
"O dinheiro fornecido por Chávez teve um impacto enorme", expressou à agência de notícias AFP o porto-riquenho Félix Leo Campos, que formou parte do comitê da PetroBronx.
"Ele apresentou um modelo social diferente, uma solução alternativa, e apoiou esforços locais para solucionar problemas crônicos daqui, do sul do Bronx, que não eram resolvidos", disse.
A trabalhadora do Serviço de Educação Básica, Lucía Solano, de nacionalidade dominicana, destacou que o presidente venezuelano foi uma pessoa humanitária, preocupada com o bem-estar dos pobres.
"Há anos nenhum presidente dos Estados Unidos visita o sul do Bronx", disse. A dominicana lembrou que durante sua visita a este setor popular nova-iorquino em 2005, "Chávez nos disse que é preciso lutar, e que não podemos nos deixar vencer por sermos pobres. Era preciso colocar um grãozinho de areia, e ele o colocou".

Chávez no Bronx
Por convite do congressista democrata José Serrano, Hugo Chávez foi ao subúrbio nova-iorquino em setembro de 2005, para conhecer a realidade de seus habitantes, depois de ter participado da 60° Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
"O socialismo é liberdade, amor e Cristo", garantiu o presidente venezuelano aos jovens que se reuniram nos espaços do centro de Desenvolvimento Comunitário "The Point", no Bronx.
"A luta dos jovens é muito importante, porque é a luta pelo planeta”, disse a eles, expressando sua opinião sobre a importância de parar o processo destrutivo que o modelo capitalista gera no mundo.
"No começo, pensava que o capitalismo podia se humanizar, mas o capitalismo é o demônio. É Judas que vendeu Cristo por umas moedas. O socialista é Cristo, que dá a vida pelos demais, que nos chama a amar a todos, esse é o socialismo", expressou Chávez na ocasião.

Combustível para aquecer
Entre 2005 e 2013, quase dois milhões de estadunidenses se beneficiaram do programa de fornecimento gratuito de combustível para calefação implementado pelo presidente venezuelano e que permite dar apoio às famílias que não dispõem de recursos econômicos suficientes para contar com este serviço durante o inverno.
Este plano que o Estado venezuelano desenvolve, através da Citgo e da Citizens Energy Corporation (Corporação de Energia para os Cidadãos), contou com cerca de 465 milhões de dólares de recursos, e atende habitantes de 25 estados da nação norte-americana.
Da mesma forma, inclui membros de mais de 240 comunidades indígenas e abrange mais de 200 refúgios para indigentes.
O jornal argentino Clarín obteve a declaração de John Fritz, presidente de Mount Hope Housing, uma organização sem fins lucrativos que garante o aluguel de moradias no Bronx a preços baixos, e que conta com o apoio deste plano de doação de combustível para aquecimento.
"A maioria de nossos inquilinos são imigrantes, principalmente latinos, recém chegados, que não têm nem o que comer. Mas graças a Chávez, no inverno têm calefação grátis. É uma ajuda que não se pode medir", expressou.
Por outro lado, o fundador da Citizens Energy Corporation, Joseph P. Kennedy II, manifestou através de um comunicado seu pesar pela morte do presidente venezuelano.
Chávez é um líder "que se preocupou muito com os pobres da Venezuela e de todas as nações do mundo e com suas necessidades, inclusive as necessidades mais básicas, enquanto algumas das pessoas mais ricas do planeta têm mais dinheiro do que nunca razoavelmente podem gastar", afirmou o sobrinho do ex-presidente John F. Kennedy, e ex-integrante da Câmara de Representantes de Estados Unidos.  (OM)

Pobreza recua no Brasil, mas fim da miséria é questionável

Apesar de expressivos avanços no combate à extrema pobreza, erradicar a miséria do Brasil e transformá-lo num país de classe média será mais complexo e demorado do que o discurso do governo sugere, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil.


Há duas semanas, à frente de uma placa com o slogan "O fim da miséria é só um começo" – provável lema de sua campanha à reeleição –, a presidente Dilma Rousseff anunciou a ampliação das transferências de renda às famílias mais pobres que constam do Cadastro Único do governo.
Com a mudança, os mais pobres receberão repasse complementar para que a renda per capita de suas famílias alcance ao menos R$ 70 ao mês – patamar abaixo do qual são consideradas extremamente pobres pelo governo. A alteração, diz o governo, permitirá que 2,5 milhões de brasileiros se somem a 22 milhões de beneficiários do Bolsa Família que ultrapassaram a linha da pobreza extrema nos últimos dois anos.
Para que o programa seja de fato universalizado, porém, o governo estima que falte registrar 2,2 milhões de brasileiros miseráveis ainda à margem das políticas de transferência de renda, o que pretende realizar até 2014.
Especialistas em políticas antipobreza ouvidos pela BBC Brasil aprovaram a expansão do programa, mas fazem ressalvas quanto à promessa do governo de erradicar a miséria.
Para Otaviano Canuto, vice-presidente da Rede de Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico do Banco Mundial, o Bolsa Família – carro-chefe dos programas de transferência de renda do governo – é bastante eficiente e tem um custo relativamente baixo (0,5% do PIB nacional).
Canuto diz que o plano e outros programas de transferência de renda ajudam a explicar a melhora nos índices de pobreza e desigualdade no Brasil na última década, ainda que, somados, tenham tido peso menor do que a universalização da educação – "processo que vem de antes do governo Lula" – e a evolução do mercado de trabalho, com baixo desemprego e salários reais crescentes.
Apesar do progresso, estudiosos dizem que, mesmo que o Cadastro Único passe a cobrir todos os brasileiros que hoje vivem na pobreza, sempre haverá novas famílias que se tornarão miseráveis.
Há, ainda, questionamentos sobre o critério do governo para definir a pobreza extrema – renda familiar per capita inferior a R$ 70, baseado em conceito do Banco Mundial que define como miserável quem vive com menos de US$ 1,25 por dia.
Adotado em junho de 2011 pelo governo, quando foi lançado o plano Brasil Sem Miséria (guarda-chuva das políticas federais voltadas aos mais pobres), o valor jamais foi reajustado. Se tivesse acompanhado a inflação, hoje valeria R$ 76,58.
Em onze das 18 capitais monitoradas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), R$ 70 não garantem sequer a compra da parte de uma cesta básica destinada a uma pessoa. Em São Paulo, seriam necessários R$ 95,41 para a aquisição.
Em 2009, o então economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, defendeu em artigo que a linha de miséria no país fosse de R$ 144 por pessoa. Essa linha, segundo o autor, que hoje preside o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão ligado à Presidência), atende necessidades alimentares mínimas fixadas pela Organização Mundial da Saúde.
O economista Francisco Ferreira, também do Banco Mundial, considera positivo que o Brasil tenha definido uma linha de pobreza, mas afirma que o valor deveria ser ajustado ao menos de acordo com a inflação e que está "muito baixo" para o país.
Segundo Ferreira, o Banco Mundial estabeleceu a linha de miséria em US$ 1,25 ao dia para uniformizar seus estudos, mas cada país deveria definir próprios critérios. "Não me parece adequado que o Brasil adote a mesma linha aplicável a um país como o Haiti, por exemplo."
Tiago Falcão, secretário de Superação da Pobreza Extrema do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), reconhece que mesmo que o Bolsa Família chegue a todos os brasileiros pobres sempre haverá novas famílias que cairão abaixo da linha da miséria.
"Buscamos a superação da miséria do ponto de vista estrutural, para que não existam brasileiros que não sejam atendidos por nenhuma política pública. E estamos tentando encurtar o prazo de resgate dos extremamente pobres."
Falcão diz que a linha de R$ 70 responde a compromisso internacional do governo assumido com as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDM), que previam a redução à metade da pobreza extrema no país até 2015. Tendo como referência a linha do Banco Mundial, diz Falcão, o governo se "propôs um desafio muito mais complexo, que é a superação da extrema pobreza".
"Era uma meta ambiciosa para o Brasil e, por outro lado, factível. Hoje consideramos que acertamos ao definir a linha de R$ 70".
O secretário diz, no entanto, que se trata de um piso de "carências básicas" que, uma vez definido, poderá ser aumentado levando em conta as disparidades regionais e o quão solidária a sociedade quer ser com os mais pobres.
Para Alexandre Barbosa, professor de história econômica do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, o governo deveria levar em conta outros critérios além da renda em sua definição de miséria. Em 2011, Barbosa coordenou um estudo do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) intitulado "O Brasil Real: a desigualdade para além dos indicadores".
O estudo, que contou com apoio da ONG britânica Christian Aid, afirma que as políticas de transferência de renda melhoraram a vida dos mais pobres, mas não alteraram a estrutura social brasileira. Barbosa é especialmente crítico à ideia de que, com a redução na pobreza, o Brasil está se tornando um país de classe média, tese defendida pela presidente.
"Considerar classe média alguém que recebe entre um e dois salários mínimos, que mora em zona urbana sem acesso a bens culturais nem moradia decente, que leva três horas para se deslocar ao trabalho? Essa é a classe trabalhadora que está sendo redefinida."
Para o professor, a transferência de renda deveria integrar um conjunto mais amplo de ações do governo com foco na redução da desigualdade. Entre as políticas que defende estão reduzir os impostos indiretos sobre os mais pobres, fortalecer cooperativas e agregar valor à produção industrial, para que os salários acompanhem os ganhos em eficiência.
Falcão, do MDS, diz que o governo já tem atacado a pobreza por vários ângulos. Segundo ele, o Cadastro Único – "uma inovação em termos de política social ainda pouco compreendida no Brasil" – revolucionou a formulação de políticas públicas para os mais pobres.
O cadastro hoje inclui 23 milhões de famílias (ou cerca de 100 milhões de pessoas, quase metade da população) e é atualizado a cada dois anos com informações sobre sua situação socioeconômica.
Segundo o secretário, o cadastro tem orientado programas federais de expansão do ensino integral, fortalecimento da agricultura familiar e qualificação profissional, que passaram a atender prioritariamente beneficiários do Bolsa Família.
Para Canuto, vice-presidente do Banco Mundial, manter o Brasil numa trajetória de melhoria dos indicadores sociais não dependerá apenas de políticas voltadas aos mais pobres. Ele diz que o "modelo ultraexitoso" que permitiu a redução da pobreza na última década, baseado no aumento do consumo doméstico e da massa salarial, está próximo do limite.
De agora em diante, afirma Canuto, os avanços terão que se amparar em maiores níveis de investimentos, que reduzam o custo de produzir no Brasil.
"É preciso pensar no que é necessário para que, daqui a uma geração, os benefícios de transferência condicionada de renda não sejam mais necessários. Para isso, o foco tem que ser em boa educação, acesso à saúde, emprego de qualidade, melhoria da infraestrutura e espaço para o desenvolvimento do talento empresarial."  (BBC)

Os reais riscos de consumir transgênicos


Pela primeira vez na história foi realizado um estudo completo e de longo prazo para avaliar o efeito que um transgênico e um agrotóxico podem provocar sobre a saúde pública.

O transgênico testado foi o milho NK603, tolerante à aplicação do herbicida Roundup (característica presente em mais de 80% dos transgênicos alimentícios plantados no mundo), e o agrotóxico avaliado foi o próprio Roundup, o herbicida mais utilizado no planeta – ambos desenvolvidos e fabricados pela indústria de insumos agrícolas Monsanto. O milho em questão foi autorizado no Brasil em 2008 e está amplamente disseminado nas lavouras e alimentos industrializados, e o Roundup é também largamente utilizado em lavouras brasileiras, sobretudo as transgênicas.

O estudo foi realizado ao longo de 2 anos com 200 ratos de laboratório, nos quais foram avaliados mais de 100 parâmetros. Eles foram alimentados de três maneiras distintas: apenas com milho NK603, com milho NK603 tratado com Roundup e com milho não modificado geneticamente tratado com Roundup. As doses de milho transgênico (a partir de 11%) e de glifosato (0,1 ppb na água) utilizadas na dieta dos animais foram equivalentes àquelas a que está exposta a população norte-americana em sua alimentação cotidiana.

Os resultados revelam uma mortalidade mais alta e frequente quando se consomem ambos os produtos, ou seja, o milho NK603 tratado com Roundup, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepatorrenais.

O estudo, realizado pela equipe do professor Gilles-Eric Séralini, da Universidade de Caen, na França, foi publicado no dia 19 de setembro em uma das mais importantes revistas científicas internacionais de toxicologia alimentar, a Food and Chemical Toxicology.

Segundo reportagem da AFP, Séralini afirmou que "o primeiro rato macho alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indicador (que não se alimentou com OGM), enquanto a primeira fêmea, oito meses antes. No 17.º mês foram observados cinco vezes mais machos mortos alimentados com 11% de milho (OGM)", explica o cientista. Os tumores aparecem nos machos até 600 dias antes de surgirem nos ratos indicadores (na pele e nos rins). No caso das fêmeas (tumores nas glândulas mamárias), aparecem, em média, 94 dias antes naquelas alimentadas com transgênicos.

Séralini também explicou à AFP que "com uma pequena dose de Roundup, que corresponde à quantidade que se pode encontrar na Bretanha (norte da França) durante a época em que se espalha este produto, são observados 2,5 vezes mais tumores mamários do que seria normal".

De acordo com Séralini, os efeitos do milho NK603 só haviam sido analisados até agora em períodos de até três meses. No Brasil, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) autoriza o plantio, a comercialização e o consumo de produtos transgênicos com base em estudos de curto prazo, apresentados pelas próprias empresas demandantes do registro.

O pesquisador informou ainda que esta é a primeira vez que o herbicida Roundup foi analisado em longo prazo. Até agora, somente seu princípio ativo (sem seus coadjuvantes) havia sido analisado durante mais de seis meses.

Um dado importante sobre esse estudo é que os pesquisadores trabalharam quase que na clandestinidade. Temendo a reação das empresas multinacionais sementeiras, suas mensagens eram criptografadas e não se falava ao telefone sobre o assunto. As sementes de milho, que são patenteadas, foram adquiridas por meio de uma escola agrícola canadense, plantadas, e o milho colhido foi então “importado” pelo porto francês de Le Havre para a fabricação dos croquetes que seriam servidos aos ratos.

A história e os resultados desse experimento foram descritos em um livro, de autoria do próprio Séralini, que será publicado na França nesta quarta-feira, dia 26 de setembro sob o título “Tous Cobayes !” (Todos Cobaias!). Simultaneamente, será lançado um documentário, adaptado a partir do livro e dirigido por Jean-Paul Jaud.

Esse estudo coloca um fim à dúvida sobre os riscos que os alimentos transgênicos representam para a saúde da população e revela, de forma chocante, a frouxidão das agências sanitárias e de biossegurança em várias partes do mundo responsáveis pela avaliação e autorização desses produtos.

Gleisi não ouve os reclamos das Centrais Sindicais e mantém o discurso em defesa da manutenção do programa de ampliação da privatização (concessão) dos portos, aeroportos e rodovias


Gleisi Hoffmann*

Até 2015, a capacidade instalada dos portos organizados brasileiros estará esgotada. É preciso autorizar novos terminais

A medida provisória 595, que altera regras de exploração dos portos, não trata de privatização por uma razão simples: a operação do sistema portuário no Brasil já é privada. O objetivo da medida é melhorar a competitividade do setor, levando em conta a necessidade de aumentar o desenvolvimento do país.
Não se deve analisar a medida de forma isolada. Na verdade, estamos em meio a uma nova trajetória de transformação, que implica investimentos públicos e privados em gargalos logísticos de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Nossos produtos podem e devem custar menos. Assim como nossos portos e aeroportos podem e devem ser comparáveis aos melhores do mundo. Para isso, é necessário quebrar reservas de mercado que não se justificam no mercado global.
Superar as deficiências da estrutura logística e aumentar nossas exportações são tarefas essenciais para responder às dificuldades do presente e encarar com esperança os desafios do futuro.
Exemplo dessa necessidade ocorre com a produção de milho destinada ao mercado externo. No ano passado, exportamos 22 milhões de toneladas do produto. Conseguimos esse ótimo resultado porque os Estados Unidos tiveram dificuldades com a safra e alguns países, principalmente a China, buscaram milho no Brasil, mesmo pagando quase três vezes mais a tonelada movimentada no sistema portuário.
Neste ano, a safra dos norte-americanos deverá ser melhor e a grande compra de milho deve acontecer lá, mas estamos dispostos a lutar para reverter a situação. Afinal, a conquista de mercado para nossos produtos é questão de Estado.
A demanda por novas fronteiras produtivas se estabelecendo em regiões diferenciadas do Brasil exige que o governo tenha linhas estratégicas de orientação e prioridades. Não podemos deixar de dar suporte para nossa crescente e pujante produção agrícola, nossa produção mineral e industrial.
Hoje, a capacidade instalada dos portos organizados brasileiros é de cerca de 370 milhões de toneladas. Até 2015, quando se projeta movimentação de 373 milhões de toneladas, essa capacidade estará completamente esgotada.
Santos e Paranaguá já operam acima de suas capacidades, o que explica a demora nas operações de embarque e desembarque.
É nesse contexto que a medida provisória 595 faz todo o sentido. A autorização para que novos terminais portuários sejam instalados, feita de acordo com as regras constitucionais e as leis trabalhistas, é uma forma de atender a demanda da produção, provocar competição, reduzir custos e tentar garantir a melhoria nos serviços, em benefício de todos.
Para diminuir a burocracia, haverá a implantação da Comissão Nacional das Autoridades nos Portos (Conaportos), que integrará e disciplinará a atuação dos órgãos públicos. E, para maior movimentação com menor tarifa, reduzindo o custo dos operadores, será mudado o critério de outorga para arrendamento dos terminais do porto organizado.
Na ampliação da infraestrutura e na modernização da gestão portuária, o governo decidiu investir R$ 6,4 bilhões nos portos públicos nos próximos anos. Serão R$ 2,6 bilhões em acessos terrestres e R$ 3,8 bilhões em dragagens. Haverá mais empregos e todos os direitos dos trabalhadores estão preservados. Sem qualquer alteração na legislação trabalhista em vigor.
Os portos contribuíram para nosso desenvolvimento e podem contribuir ainda mais. Em quase 20 anos de vigência da atual Lei dos Portos, os terminais públicos e privados conviveram e ambos cresceram. Aliás, a convivência entre portos organizados e terminais de uso privado, além de normal, é necessária e deve continuar.
Ao definir, de forma democrática, os parâmetros de um novo sistema portuário para melhorar a logística por meio da competitividade, quebrando barreiras e reservas de mercado, o governo, além de agir de forma acertada, faz mais que o dever de casa.
Na verdade, o governo está fazendo a projeção do futuro e apostando em um novo salto de desenvolvimento, que, seguramente, estará ao alcance dos brasileiros com o apoio do Congresso. Não é por acaso que o Brasil é um dos poucos países do mundo onde a democracia e o pluralismo se realizam todos os dias.

*Gleisi Hoffmann, 47, é ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República

Opinião:

A informação do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, é que a decisão do banco é "participar pesadamente do financiamento das infraestruturas de logística" do País, portos, aeroportos e rodovias. 
Coutinho estima que a emissão de debêntures para infraestrutura terá um potencial de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões de investimentos governamentais no próximo ano.

Como 66% dos recursos (dois terços)  aplicados no financiamento do plano de concessões de portos e aeroportos, a ser lançado pelo governo em breve, terão origem no caixa do próprio governo, via o  Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é correto deixar que o grande capital, internacional e nacional, se apodere do controle da entrada e saída de mercadorias no Brasil?

 Sendo público o controle dos portos, aeroportos e rodovias, como os lucros obtidos sendo revertidos a favor da população, não trariam mais benefícios a sociedade como um todo do que nas mãos do grande capital, que só visa lucros para alguns?

Se a deficiência na infra estrutura do pais é causada pela histórica falta de investimento do setor público, por que agora que tem capacidade de investir o Estado entregará infraestrutura nacional nas mão do grande capital? Que capitalismo sem risco é este que querem nos fazer financiar? E o discurso xinfrim em defesa da livre iniciativa foi para o ralo?

Não sou contra que o grande capital invista seus recursos em busca de lucros, mas desde que isto não seja patrocinado com o dinheiro dos impostos pagos por todos nós. Querem ser capitalistas então que invistam os seus próprios recursos e não o nosso suado dinheiro público!

E quanto a participação dos estrangeiros, qual será o custo para a nossa soberania com estes controlando a saída e a entrada de mercadorias no Brasil? 



MAPA DA VIOLÊNCIA 2013: Mortes Matadas por Armas de Fogo


1. Introdução 
O tema da violência em geral, e o da criminalidade em particular, tem merecido crescente atenção nos últimos anos, com um incremento significativo no 
número de estudos. Em menor escala, também o problema das armas de fogo, seu 
uso, sua posse e sua distribuição no Brasil, vem recebendo crescente atenção. 
Contamos já com estudos que tentam quantificar ou qualificar esse fenômeno, com 
merecido destaque em diversos foros nacionais e internacionais. Ainda assim, temos 
fortes carências nessa área, devido, principalmente, à inexistência de fontes com 
uma dose mínima de fidedignidade que possibilitem quantificar, abordar ou 
aprofundar o tema.
Situação diferente é a da mortalidade por armas de fogo. Contamos nessa área 
com uma fonte que apresenta um aceitável grau de fidedignidade, que possibilita 
delinear comparações nacionais e internacionais por seu elevado grau de 
sistematização e também nos permite trabalhar com séries históricas longas. Tratase do Subsistema de Informação sobre Mortalidade – SIM - do Ministério da Saúde, 
atualmente na sua Secretaria de Vigilância em Saúde. ....


Link:

http://mapadaviolencia.org.br/pdf2013/MapaViolencia2013_armas.pdf

 
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