quinta-feira, 2 de junho de 2011

Estado assume por três meses repasse de recursos para hospitais de Londrina

O governador Beto Richa determinou que a Secretaria da Saúde assuma por três meses o repasse de R$ 200 mil mensais aos hospitais Evangélico e Santa Casa de Londrina para a manutenção dos plantões médicos de urgência e emergência. O município informou que neste momento não poderá arcar com essas despesas e o Estado irá suprir a necessidade, evitando que a população fique sem assistência. A situação decorre do encerramento de dois convênios que tratavam da prestação de serviços de saúde e que estão sob investigação.

O repasse será feito nos meses de junho, julho e agosto e totalizará R$ 1,2 milhão em recursos do Estado. Essa é mais uma medida que a Secretaria de Estado da Saúde assume para auxiliar o município na solução da crise estabelecida na cidade em razão do encerramento do contrato com os dois convênios que prestavam serviços de saúde e que estão sob investigação do Gaeco.

“Considerando a gravidade da situação de Londrina e apesar de a cidade contar com uma forma de gestão da saúde que dá a ela autonomia plena para tratar de suas questões, nos antecipamos ao pedido da secretaria municipal e já estamos atuando para amenizar os prejuízos da população neste momento de crise”, afirmou o secretário.

Além dos recursos para os hospitais, a Secretaria e a 17ª Regional de Saúde irão auxiliar na Central de Regulação do município, na articulação entre Siate e Samu, além de atender solicitação da secretária municipal, Ana Olympia Dornellas, para articular no Ministério Público do Paraná para que o Hutec, vinculado ao Hospital Universitário da UEL, assuma a lacuna deixada pela interrupção dos serviços prestados pelas duas empresas que tiveram os convênios encerrados.

Com o encerramento dos convênios serão dispensados cerca de 900 funcionários da área da saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, socorristas e motoristas. Esses profissionais prestavam atendimento no programa Saúde da Família, Samu, Policlínica, Central de Leitos, Pronto Atendimento Adulto e Pediátrico e 2 Unidades Básicas da Saúde 24 horas.

O município realizou domingo (29) o concurso público para contratação de novos profissionais da saúde, mas a convocação dos classificados ainda deve demorar.“Da mesma forma que desde o início do ano apoiamos o município no enfrentamento da dengue, enviando recursos, equipamentos, pessoal e material de apoio para o combate à doença, também agora nos colocamos à disposição para auxiliar Londrina a encontrar alternativas para estabilizar a atenção primária à saúde e atender adequadamente sua população”, disse o secretário.

Estado investe em qualificação profissional de pessoas de baixa renda


O Governo do Estado firmou nesta quinta-feira (2) uma parceria com o Sistema Fecomércio (Sesc/Senac) para ofertar qualificação profissional para 660 pessoas até agosto próximo, em 30 municípios de todas as regiões do Paraná. Os cursos serão oferecidos gratuitamente para pessoas de baixa renda. O termo de prestação de serviços foi assinado nesta quinta-feira (2), em Curitiba, pelo governador Beto Richa; pelo secretário de Trabalho e Emprego, Luiz Claudio Romanelli; e pelo presidente do Sistema Fecomércio, Darci Piana.

Serão aplicados no Plano Territorial de Qualificação (PlanTeQ) R$ 531,4 mil – recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Tesouro do Estado. O plano inclui cursos de garçom, cabeleireiro, auxiliar, vitrinista, camareiro, motorista, padeiro, confeiteiro e açougueiro.

O governador Beto Richa destacou que os cursos de qualificação representam uma oportunidade de ingressar numa profissão ou aperfeiçoar o conhecimento. “As parcerias são necessárias para garantir cidadania à população. Estamos investindo no bem mais importante que uma pessoa pode ter em sua vida: o conhecimento”, disse.

"Ao assumir o cargo de secretário estadual do Trabalho, recebi do governador a orientação de firmar parceria apenas com entidades de reconhecida idoneidade, como é o caso do Sistema Fecomércio. Por isso certeza de que este programa será executado de forma responsável e eficiente", disse Romanelli.

COPA 2014 – O termo de parceria entre governo e Fecomércio foi assinado durante o lançamento oficial do programa ‘Senac na Copa, Paraná no Mundo’, na manhã desta quinta-feira, no Teatro do Sesc da Esquina, em Curitiba. O programa ofertará mais de 20 mil vagas em 547 cursos de qualificação profissional para serviços diretamente ligados à Copa do Mundo de 2014. Os cursos serão ministrados em três dos chamados destinos indutores – municípios paranaenses que recebem maior número de turistas estrangeiros: Curitiba, Foz do Iguaçu e Paranaguá.

“A Copa do Mundo no Paraná será possível por conta das parcerias do governo com instituições comprometidas com o atendimento a necessidades primordiais da população, como a qualificação profissional, que representará, no futuro, um importante legado para os paranaenses”, destacou Richa.

Os cursos ofertados pelo Sistema Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) podem ser presenciais ou à distância e estão divididos em quatro categorias: capacitação, sócioprofissional, aperfeiçoamento e técnicos. Pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos podem freqüentar os cursos gratuitamente. O valor a ser cobrados dos demais varia conforme a área pretendida.

De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio – Sesc/Senac Paraná, Darci Piana, o Paraná é o terceiro estado do País em volume de turistas estrangeiros. “Temos desde este momento a preocupação em atender com qualidade os visitantes que virão ao Estado durante a Copa. O conhecimento adquirido para a competição poderá ser utilizado também em outros grandes eventos, como a Copa América e as Olimpíadas de 2016”, afirmou.

Para o secretário de Assuntos da Copa do Mundo 2014, Mário Celso Cunha, o Paraná é um dos estados com melhor organização para o evento até agora. “Eu tive a oportunidade de participar da reunião com o governador Beto Richa e a presidente Dilma Roussef na última semana, e garantimos que o Estado e suas instituições estão trabalhando com afinco para cumprir os prazos e garantir uma excelente Copa para as equipes e turistas que virão ao Paraná”, disse.

Empresas também poderão participar do programa. O Senac está credenciado como fornecedor de qualificação profissional no Portal do Cartão BNDES, que será aceito como forma de pagamento em cursos presenciais de Capacitação e Aperfeiçoamento do Eixo Tecnológico Hospitalidade e Lazer, além de Idiomas. Na sexta-feira (03), o programa ‘Senac na Copa, Paraná no Mundo’ será lançado em Foz do Iguaçu, às 19h, no Hotel Mabu Thermas e Resort.

CURSOS – Na área de capacitação serão ofertados os seguintes cursos: atendente de lanchonete, auxiliar de cozinha, camareira, confeiteiro, cozinheiro, garçom, entre outras atividades. Na área socioprofissional, entre as modalidades de qualificação estão oratória e excelência na prestação de serviço. Também será oferecidos cursos de aperfeiçoamento, como de recepcionista, informações turísticas, marketing e venda. E ainda cursos técnicos com duração de um a dois anos em Guia de Turismo, Eventos, Vendas e Enfermagem. Estão previstos também cursos de idiomas, especialmente inglês e espanhol.

PARCERIA - Antes de receber o governador Beto Richa, o presidente da Federação do Comércio, Darci Piana, realizou uma reunião de trabalho com os secretários Faisal Saleh, do Turismo, Luis Cláudio Romanelli, do Trabalho, e Mario Celso Cunha, dos Assuntos da Copa do Mundo 2014, que colocaram as pastas à disposição da entidade para realizar novas parcerias e programas em conjunto. “Os três setores fazem parte da integração que pretendemos fortalecer”, disse Piana.

Richa garante atenção do governo a famílias de trabalhadores rurais


O governador Beto Richa recebeu nesta quinta-feira (2), no Palácio das Araucárias, um grupo de lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os integrantes do movimento social participam de uma jornada em Curitiba, com manifestações e encontros em órgãos públicos estaduais e federais, para discutir ações e parcerias para implantar assentamentos e desenvolver os que já existem. Richa recebeu uma cópia da pauta de reivindicações e ganhou uma cesta com alimentos produzidos em assentamentos no Paraná.

“A marca do governo é o diálogo, o respeito e a democracia, que são demonstrados pelo estilo de trabalho, com todos os órgãos atuando em parceria e sinergia para garantir mais qualidade de vida no campo e a sustentabilidade da agricultura, que é a base da economia paranaense”, disse Richa. “A agricultura deve ser valorizada por sua importância para a economia nacional e as famílias de trabalhadores rurais merecem atenção do governo, porque estão produzindo e fazem a terra cumprir sua função social”, afirmou.

O governador falou que, mesmo com dificuldades orçamentárias, o governo tem uma série de programas e ações em andamento. Ele citou o Morar Bem Paraná, programa habitacional que prevê a construção de 27.500 moradias este ano, parte delas na área rural.

Richa disse também que o governo já iniciou os repasses aos municípios para custeio de transporte escolar, serviço que terá o volume de recursos dobrado este ano e que beneficia principalmente os moradores do campo e seus filhos. O governador lembrou ainda o programa que prevê a aquisição de 60 patrulhas rurais mecanizadas, em parceria com o Incra, para readequar estradas rurais em todas as regiões do Estado, de forma a facilitar o escoamento da produção e melhorar a qualidade de vida no campo.

“Este é o segredo do sucesso: caminhar juntos, de mãos dadas, porque os problemas são enormes e se não tivermos essa soma de esforços e essa sinergia, certamente não conseguiremos alcançar nossos objetivos na velocidade que desejamos”, afirmou o governador. “Com o entendimento entre representantes do movimento, do Incra, de organismos estaduais, dos deputados e dos prefeitos, vamos conseguir a resolução de muitos problemas que se arrastam por muitos anos. É isso que se deseja hoje: um Estado de prosperidade, de harmonia, e, acima de tudo, de muita paz”, disse Richa.

RECONHECIMENTO - O representante do MST, Roberto Baggio, fez uma explanação das demandas do movimento e disse que desde janeiro, em parceria com prefeituras, governo estadual e federal, está sendo feito um mutirão de trabalho que tem alcançado excelentes resultados. Ele agradeceu o espaço e a abertura proporcionada pelo novo governo e reconheceu o trabalho do assessor especial para Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, na condução do diálogo e das negociações entre todos os organismos e entidades envolvidos na busca de solução para as questões fundiárias no Paraná.

“É positivo esse início de jornada, quando estabelecemos um entendimento construtivo para resolver problemas e encontrar soluções em conjunto com todos aqueles que têm responsabilidade com a questão da terra”, disse Baggio. Segundo ele, o movimento vê com otimismo a possibilidade de assentar 6.000 famílias que vivem em acampamentos em 72 áreas no Estado.

Também estão avançando, de acordo com Baggio, as propostas de desenvolvimento nos assentamentos onde vivem mais de 20 mil famílias, bem como as reivindicações nas áreas de saúde e de educação, desde o ensino fundamental e médio até o superior. “Temos perspectiva de organizar linhas de produção e agroindústrias que irão agregar valor aos produtos dos assentados, e de garantir a educação, com renda melhor e a permanência das famílias no campo”, disse Baggio.

PARCERIA – O superintendente regional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Nilton Bezerra Guedes, reforçou a importância da parceria com o Governo do Estado para desenvolver os assentamentos, com técnicos e especialistas da Emater atuando nas propriedades, as obras de melhoria da infraestrutura e outras ações.

“O Incra não consegue fazer tudo sozinho e o Governo do Estado é nosso principal parceiro, com todos seus organismos envolvidos, nas áreas de habitação, saúde, educação, ensino superior, infraestrutura, assistência social, Copel, Sanepar e outras”, disse Guedes. “A reforma agrária é uma política pública fundamental, mas somente alcançaremos o sucesso se lutarmos todos juntos”, afirmou.

Os prefeitos de Querência do Norte, Rozinei de Oliveira, e de Tamarana, Beto Siena, presentes ao encontro, deram depoimentos com exemplos sobre a transformação pela qual passaram os dois municípios nas últimas três décadas, desde que as primeiras famílias começaram a ser assentadas. “Quando se tem vontade de trabalhar em conjunto e parceria, a reforma agrária dá certo e Querência do Norte é exemplo disso”, disse Rozinei de Oliveira.

O assessor especial para Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, disse que o encontro mostra que o governo do Paraná é de diálogo, quer paz no campo e sabe da importância da estabilidade no campo, para que se possa desenvolver bem a agricultura. “Por orientação do governador, estamos conversando com todos os setores envolvidos: movimentos sociais, proprietários de terras, prefeitos, poder Judiciário e Legislativo. E todos concordam que temos que dialogar à exaustão, até resolver os problemas na mesa de negociação”, afirmou. “É isso que estamos conseguindo fazer e com todo mundo entendendo que, quando senta-se para negociar, cada um tem que ceder um pouco, para poder resolver o problema o mais rápido possível.”

Ibama vai requerer cancelamento de licenças ambientais no Pará

O Ibama informou na tarde desta quinta-feira que vai requerer o cancelamento das licenças ambientais emitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará (Sema) para 12 madeireiras de Nova Ipixuna, no sudeste do estado, onde há uma semana assassinaram os líderes extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva.
O superintendente do Ibama no Pará, Sérgio Suzuki, tem uma reunião marcada na manhã desta sexta-feira, em Belém, com a secretária de Meio Ambiente do daquele estado, Teresa Cativo, quando deverá entregar o documento que encaminhará o processo de suspensão das licenças.
- As madeireiras possuem vasta lista de antecedentes no cometimento de infrações ambientais junto ao Ibama. Mas, apesar das constantes multas impostas, as atividades irregulares persistem, muitas das vezes com o não atendimento, sequer, das exigências das licenças ambientais emitidas pela Sema do Pará - justificou o superintendente.
O Ibama informou ainda que vai acionar o Ministério Público Federal porque existem outros crimes envolvidos, como falsificação de documentos e inserção de informações falsas em sistemas de controle oficiais, como o Sisflora.
- A reincidência também indica que essas madeireiras podem existir para permitir, facilitar ou ocultar a prática de crimes ambientais - diz Suzuki.
O Ibama intensificou a fiscalização ambiental em Nova Ipixuna desde o último sábado. Esta semana, os agentes federais iniciaram vistorias nas madeireiras em atividade e constataram que eram todas reincidentes nos crimes ambientais . Até o momento, já foram aplicadas 952,3 mil em multas e fechadas cinco empresas. Os fiscais também destruíram dezenas de fornos ilegais de carvão e multaram assentados que se associaram a madeireiros para exploração irregular da floresta dentro do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, onde viviam os líderes extrativistas assassinados. (AG)

Líderes petistas contrariam Lula e já discutem nome para substituir Palocci

Na contramão da estratégia traçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dirigentes e líderes do PT não só querem a saída do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, como já discutem pelo menos dois nomes para substituí-lo. O argumento é o de que a manutenção de Palocci provoca enorme desgaste ao governo da presidente Dilma Rousseff e sua preservação aumentará ainda mais a crise política.

Um sintoma da mudança de tom em relação a Palocci ocorrerá na reunião desta quinta-feira, 2, da Executiva Nacional do PT, em Brasília. Na prática, o partido de Dilma lavará as mãos: não produzirá resolução apoiando o ministro, mas também não pedirá sua cabeça em público.

A fragilidade cada vez maior de Palocci - convocado nesta quarta-feira, 1º, para prestar esclarecimentos na Comissão de Agricultura da Câmara - já alimenta uma disputa fratricida no PT pelo espólio da Casa Civil. Dois nomes são citados para a vaga: Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Paulo Bernardo (Comunicações).

Para queimar Bernardo, grupos que se opõem a ele vazaram a informação de que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pedira a saída de Palocci em um almoço oferecido a Lula, em Brasília, na semana passada. Foi uma tentativa de constrangimento, já que Gleisi é mulher de Bernardo.

Ela telefonou para Palocci nesta quarta para desfazer o que chamou de "intriga" com o objetivo de atingir Bernardo. No almoço com Lula, a senadora perguntou ao ex-presidente até que ponto valia "queimar gordura" para defender Palocci por causa de um projeto pessoal do ministro, se ele não dava explicações sobre a evolução do seu patrimônio.

Com o governo sob cerco político, outros petistas reforçaram nesta quarta o coro das cobranças a Palocci, acusado de enriquecimento ilícito e tráfico de influência. De nada adiantaram os apelos de Lula, que, antes de viajar para Cuba, chamou companheiros a seu escritório, em São Paulo, para pedir que não rifassem o chefe de Casa Civil. "Se vocês não segurarem Palocci, a oposição não vai dar sossego", disse Lula. (AE)

Governo decide acionar Forças Armadas contra mortes no campo

O governo decidiu enviar as Forças Armadas e a Força Nacional para Amazonas, Rondônia e Pará para frear a violência no campo após ser divulgada mais uma morte na região nesta quinta-feira, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
A presidente Dilma Rousseff recebeu os governadores Omar Aziz (PMN-AM), Confúcio Moura (PMDB-RO) e Simão Jatene (PSDB-PA), avaliou a gravidade da situação e determinou o início de uma operação nos Estados para investigar os assassinatos e evitar novas mortes.
"O primeiro tipo de ação é uma ação policial, que vai envolver a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional e as Forças Armadas que entrarão, a partir da solicitação dos governadores, numa ação importante e significativa nestes Estados a partir de áreas a serem definidas", disse Cardozo a jornalistas ao apresentar a Operação em Defesa da Vida.
As forças trabalharão para evitar novas mortes e irão ajudar na apuração imediata dos assassinatos já ocorridos, afirmou o ministro.
No Pará, está sob investigação a morte de um trabalhador rural em Eldorado dos Carajás. Esta pode ser a quinta morte nas últimas duas semanas envolvendo agricultores e ambientalistas na região.
Outras três mortes foram confirmadas no Pará na semana passada e uma em Rondônia.
Cardozo e os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) visitarão os Estados na próxima semana para acompanhar a situação.
Outra frente de ação será discutir a "situação de impunidade nestes Estados", disse Cardozo. Ele defendeu rigor e cuidado nas investigações para garantir punição "exemplar" e rápida aos envolvidos nos assassinatos.
Segundo o governador de Rondônia, Dilma reconheceu que "do Mato Grosso para cima é o abrigo de uma fronteira agrícola nova, onde muita gente vem de fora para ir lá, justamente para impactar seus desejos de riqueza com a realidade da Amazônia".
Na segunda-feira, o governo federal já havia liberado verba para o deslocamento e diária de fiscalizadores no Pará e no Amazonas e anunciou a intensificação do combate ao desmatamento ilegal como medidas para conter a violência na região. (Reuters)

GOVERNO SEM RUMO – A DIREITA DE OLHO

Laerte Braga

Há anos atrás, ainda na revista O CRUZEIRO (tinha pelo menos sete vezes a circulação de VEJA, questão de qualidade) o jornalista Millôr Fernandes afirmou que “a única regra que não tem exceção é essa – toda regra tem exceção”.

É perigoso generalizar essa história de Congresso corrupto, Judiciário idem, Executivo ibidem e partidos políticos sem princípios. É claro que dez por cento dos senadores, dez por cento dos deputados, dez por cento dos governadores, deputados estaduais, juízes, ministros de cortes supremas são decentes. Têm consciência do papel que desempenham.

E nem a corrupção é a cabeça principal do processo político no Brasil. Ela é conseqüência do modelo, do capitalismo, é intrínseca ao capitalismo.

Esse sim, o capitalismo, em si e por si, é a razão de ser de todo essa degeneração política no Brasil e em quase todo o mundo hoje, aterrorizado pelos arsenais nucleares do terrorismo norte-americano. A chamada nova ordem política e econômica imposta após o fim da União Soviética.

No caso específico do Brasil a cúpula de “consultores” do PT já percebeu o equivoco que foi a escolha de Dilma Roussef. E nisso não há dúvidas quanto ao seu caráter, mas certeza quanto ao seu tamanho político. É menor que o cargo que ocupa, que a tarefa que lhe foi confiada. Essa percepção do tamanho político de Dilma passa não por compromissos assumidos em campanha, mas por dificuldades na consecução de “negócios” que possibilitem apartamentos de seis milhões, quase sete, de reais.

O problema de toda essa confusão em torno de Antônio Palocci, ministro chefe do Gabinete Civil é que, de saída, Palocci nunca poderia ter sido chamado de volta a um governo depois dos fatos que resultaram em seu afastamento do Ministério da Fazenda no governo Lula. É além de tudo é um sujeito repulsivo.

Aí, entra outra responsabilidade. O PT nasceu como partido “diferente”. Livre dos vícios e ranços de partidos tradicionais – falo dos grandes – em toda a História do Brasil. Sinalizava mudanças estruturais num País ainda na Idade Média em determinadas regiões, sobretudo aquelas dominadas pelo latifúndio (bestas sobreviventes do período jurássico).

Aos poucos se adequou ao jogo do clube de amigos e inimigos cordiais do poder. Fez concessões de tal ordem que hoje não tem volta. É um PSDB com uma bandeira em cores diferentes.

O jornal THE FINANCIAL TIMES proclama de maneira eufórica que a privatização dos aeroportos no Brasil é uma “guinada ideológica”.

Idéia dos “consultores” do PT, realidade imposta pelas concessões feitas na busca da sobrevivência e de poder – principalmente de poder, aquele negócio de sala com telefone, secretária, grampeador, caixa de clips, carimbo, e placa com o nome.

A conseqüência dessa guinada é que todo o conjunto da luta popular no Brasil é afetado num retrocesso sem tamanho. Não que esteja no mesmo balaio, longe disso, muito longe, mas no efeito cascata da generalização feita pela mídia, parte da podridão capitalista.

Houve conquistas importantes no governo Lula. O presidente inventou o “capitalismo a brasileira” (essa não foi uma conquista). O empresariado percebeu que o modelo lulista comportava políticas sociais que em nada afetariam seus privilégios e a sorte maior de Lula, a de ter conseguido manter no seu ministério duas figuras do porte de Samuel Pinheiro Guimarães e Celso Amorim, além do carisma – inegável – do presidente “operário”, conferiram-lhe o direito de eleger o que Delfim Neto chamou de “um poste”.

É lógico que a militância petista, aquela que acreditou no ex-ministro José Dirceu quando esse confirmou o caráter “socialista” do partido, não tem nada a ver com isso e boa parte deve estar perplexa com os rumos que os tais “consultores” da cúpula petista, todos milionários, vão dando ao governo Dilma Roussef.

O retrocesso que se verifica no País é de exclusiva responsabilidade do PT e sua cúpula. Não foram capazes de compreender o momento histórico do salto político e ideológico que indiscutivelmente o governo Lula gerou e nem o recado das urnas.

FHC percebeu logo. “Temos que deixar de lado os pobres e buscarmos seduzir a classe média”.

Permanecem intocadas as grandes empresas predadoras no Brasil e pior, associadas e defendidas pelo governo petista, caso do consórcio que vai construir o monstro Belo Monte – Tucurui continua sem as tais condicionantes do IBAMA terem sido atendidas, gerou milhares de desabrigados, beneficiou centenas de latifundiários e empresas com grandes e irreversíveis danos ambientais. Se gritar pega ladrão na cúpula do IBAMA não sobra ninguém.

Circulam impunes os latifundiários chefes de pistoleiros a praticar tiro ao alvo em lideranças camponesas.

Aumenta a presença do capital estrangeiro controlando setores vitais da economia (Israel controla a indústria bélica brasileira). Dos grandes bancos privados dois são nacionais e mesmo assim com participação de capital estrangeiro, vale dizer, controle real. Se puxarem a escada quebram os ditos bancos. E um grupo de empresários espertalhões que percebeu ainda no governo Lula o alcance do “capitalismo a brasileira” – irretorquível definição de Ivan Pinheiro – se transforma, rapidamente, nos novos donos do País.

O latifúndio permanece intocado no desvario dos transgênicos e no agrotóxico servido à mesa de cada brasileiro, em meio ao desmatamento geral sem qualquer critério ou responsabilidade, agora com aval do PC do B através do deputado Aldo Rebelo (não confundir PC do B com PCB, são distintos em tudo e por tudo) e o Brasil retoma a descida ladeira abaixo para transformar-se num entreposto de luxo do capitalismo internacional, na ausência da presidente Dilma Roussef, “poste” controlado pela cúpula de um partido cada vez mais fisiológico e cada vez, uma grande banca de negócios e consultorias.

É pouco provável que Dilma tome uma atitude e com ela as rédeas do governo. Reencontre a si e à sua história.

É certo que os brasileiros pagarão o alto preço da irresponsabilidade desses consultores ávidos de poder e “negócios” e toda a luta popular, inclusive a militância petista, cega ou não, todos vamos pagar o preço desses desvios.

A manchete do THE FINANCIAL TIMES não é mera notícia. É um grito de vitória dos donos do mundo sobre o Brasil.

E a falência do partido transformado em empresa de “consultoria” com um monte de aspones.

Nas regiões estratégicas do País circulam sem preocupação de se esconder agentes norte-americanos, da MOSSAD – serviço secreto de Israel – ONGs que disfarçam apetites imperialista e colonialistas.

A fraqueza do governo petista, o comprometimento do PT com o clube de inimigos e amigos cordiais, começa a transformar o Brasil numa casa da mãe Joana. São muitos os donos e o que se constrói é um futuro de privilégios para privilegiados.

Um exemplo? A casa da deputada Rita Camata em Vitória, Espírito Santo, só se ela ganhou na loteria. Do contrário é dinheiro de propina mesmo. E como ela não ganhou na loteria e nem a sociedade dos Camata com Aécio Neves resultou nisso, é o caso típico de quanto me dão para votar a favor. Ou contra, dependendo do que estiver em votação.

Muralhas de cinco metros de altura em praias particulares controladas pela PM do estado.

Povo? O PT não sabe mais o que é isso. Especializou-se em FIESP/DASLU.

O que tem Rita Camata a ver com o PT? Consultoria.

A direita original está pronta para reassumir o controle. O PT virou cópia de má qualidade.

Cesare Battisti continua preso no maior absurdo jurídico da história recente, como definiu o jurista Dalmo Dalari de Abreu (à época que FHC indicou Gilmar Mendes para o STF, Dalmo Dalari de Abreu denunciou em vários jornais brasileiros que o indicado era corrupto. O Senado aprovou a indicação).

A FOLHA DE SÃO PAULO, nesse diapasão, inclui entre seus colaboradores o torturador, estuprador e um dos principais protagonistas da Operação Condor (esquadrão da morte das ditaduras militares) Brilhante Ulstra.

Investimento das estatais recua R$ 5,1 bi no 1º quadrimestre

Os investimentos das empresas estatais recuaram R$ 5,1 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior, em valores já corrigidos pela inflação. Caso o montante não fosse atualizado pelo IGP-DI, a queda seria de R$ 2,4 bilhões. O recuo foi puxado pelo desempenho da Petrobrás e interrompe o movimento de alta nos aportes das estatais, em valores reais, que vinha ocorrendo desde 2005.

De janeiro a abril, dos R$ 107,9 bilhões disponíveis no Orçamento para este ano, apenas R$ 22,6 bilhões, ou 20,9%, foram utilizados pelo conjunto de empresas. No mesmo intervalo de 2010, R$ 27,7 bilhões foram gastos, o que correspondia a 26,4% do total. Os números foram publicados no Diário Oficial da União e as comparações foram feitas pela Associação Contas Abertas.

"A principal causa do recuo foi o desempenho da Petrobrás, uma vez que a empresa representa mais de 80% do universo das estatais", afirma o secretário geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco. O grupo reduziu seus investimentos de R$ 25,6 bilhões no primeiro quadrimestre de 2010 para R$ 20,5 bilhões no mesmo período deste ano, em montantes já corrigidos.

Os aportes da estatal não apresentavam queda no primeiro quadrimestre, em valores reais, desde 2003. Em relação ao volume autorizado no Orçamento, a Petrobrás e suas subsidiárias desembolsaram 22,4% nos primeiros quatro meses de 2011, contra 29,1% em 2010. Trata-se, em termos porcentuais, da menor execução nos últimos cinco anos.

Para o analista de investimento da SLW Corretora Erick Scott, a interferência política na companhia explica parte desta redução nos investimentos. Segundo ele, a manutenção dos preços dos combustíveis, apesar da alta do barril do petróleo, pressiona as margens da empresa e deixa "bem clara a mão do governo no seu controle". Scott cita ainda uma possível interferência governamental com o objetivo de desacelerar a inflação, mas não descarta que a empresa tenha como estratégia investir mais em outros bimestres.

A divulgação do novo plano de negócios da Petrobrás, para o período de 2011 a 2015, foi adiada a pedido do conselho da empresa. O plano anterior, de 2010 a 2014, previa investimento de US$ 224 bilhões.

Procurada, a assessoria da Petrobrás respondeu à Contas Abertas que "os investimentos variam de acordo com o andamento das obras em execução. Nos primeiros meses de 2010, por exemplo, foram maiores do que os mesmos meses de 2011". "Entre outros empreendimentos, destaca-se a consolidação de grandes projetos na malha de gasodutos, bem como de conclusão de plataformas de produção. O importante é que os investimentos anualizados da companhia têm sido sempre crescentes", continuou.

Infraero investe apenas 6,5%

De janeiro a abril deste ano, dos R$ 2,2 bilhões disponíveis, a Infraero investiu apenas R$ 144 milhões ou 6,5%. O valor representa uma alta em relação ao mesmo período do ano passado, quando a estatal aportou R$ 107,4 milhões (corrigidos pelo IGP-DI). Em termos porcentuais, no entanto, o investimento em 2010 somou quase a mesma fatia do total (6,6%).


"O valor está bastante aquém do esperado pelo setor e preocupa, principalmente, em razão dos eventos que teremos nos próximos anos", afirma o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Mollo. Este nível de aporte, segundo Mollo, acarreta problemas de infraestrutura aeroportuária e indica que a estatal enfrenta "dificuldades" para investir. Procurada pela reportagem, a Infraero não se manifestou até a publicação da matéria.

O grupo Eletrobrás, por sua vez, aportou R$ 1,3 bilhão no primeiro quadrimestre (15,7% do total), contra R$ 1,2 bilhão (12,9% do total) em 2010.(AE)

O PT pula fora: “Palocci é assunto do governo, não do PT”, diz Magela

O secretário de Assuntos Institucionais do PT, Geraldo Magela, disse nesta quinta-feira, 2, ao chegar à reunião da Executiva Nacional do partido, que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, deve dar explicações ao governo e à sociedade sobre as acusações que pesam contra ele. Magela seguiu, no entanto, a estratégia traçada pela cúpula petista, que tenta se desvencilhar da crise política e lava as mãos em relação ao mérito das denúncias.

“O assunto Palocci é assunto do governo, não é assunto do PT”, afirmou Magela. Nos bastidores, porém, dirigentes e parlamentares do PT pedem a saída de Palocci sob a alegação de que o desgaste prejudica cada vez mais o governo e o partido. Em público, a estratégia é apenas reforçar o coro das cobranças de explicações por parte do principal ministro do governo Dilma Rousseff.

Servidores protestam contra pacote de Tarso no RS


Centenas de funcionários públicos foram hoje às ruas de Porto Alegre para protestar contra as medidas do plano de sustentabilidade financeira apresentado pelo governador Tarso Genro (PT) à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na semana passada. Convocados por 21 entidades de servidores, os manifestantes se reuniram diante da sede do Sindicato dos Professores, na Avenida Alberto Bins, e caminharam pelas ruas centrais da cidade até a Praça Marechal Deodoro, diante do Palácio Piratini, a sede do governo gaúcho.

No caminho, cantaram refrões como "Oh, Tarso Genro, presta atenção, o teu pacote é traição" e "retira, retira, retira". Também advertiram que podem ir à greve se o governo não desistir do pacote. Anunciaram ainda que vão conversar individualmente com todos os 55 deputados estaduais para convencê-los a rejeitar o plano.

Os representantes das diversas categorias do funcionalismo não concordam com o aumento da alíquota da contribuição previdenciária, de 11% para 16,5%, para quem ganha mais de R$ 3.689,66, não querem a criação de um fundo previdenciário para quem ingressar na carreira pública a partir de agora, e refutam a limitação dos pagamentos de requisições de pequeno valor (RPVs) a 1,5% da receita corrente líquida. (AE)

Mais um petista na Câmara cobra explicações de Palocci


O vice-líder do governo na Câmara, deputado petista José Guimarães (CE) defendeu nesta quinta-feira, 2, que o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, dê explicações sobre o crescimento exponencial de seu patrimônio e suas atividades de consultoria. Na quarta-feira, o presidente da Casa, e também petista, Marco Maia (RS) também defendeu que o ministro explique a evolução de seu patrimônio.

“Ele precisa se explicar, dar uma entrevista, falar com a imprensa. Não precisa vir aqui na Câmara, porque a oposição não quer esclarecer nada, mas ele tem que falar”, disse Guimarães.
Segundo o petista, o sentimento de que Palocci deve dar explicações públicas sobre o caso é compartilhado por diversos parlamentares aliados.
Guimarães é irmão do ex-deputado José Genoíno, que foi presidente do PT durante o mensalão e responde a ação no Supremo Tribunal Federal. O deputado cearense também ganhou notoriedade quando um assessor seu foi preso tentando embarcar em um aeroporto com US$ 100 mil na cueca. Guimarães nega envolvimento com o fato.
Talvez pelo histórico, o petista evita pedir diretamente que Palocci deixe o governo. “Eu sou um defensor da presunção da inocência”, diz Guimarães, que afirma defender a permanência do ministro, desde que ele explique sua evolução patrimonial. (AE)

Trabalhador rural é assassinado em Eldorado dos Carajás

Depois de quinze anos do massacre de Eldorado dos Carajás mais uma morte

Mais um trabalhador rural foi morto na recente onda de violência que acontece no Norte do País. Desta vez foi em Eldorado dos Carajás. Marcos Gomes da Silva, já baleado, era levado para Eldorado dos Carajás quando o carro foi interceptado e o assassinato, consumado. O trabalhador foi degolado e teve também a orelha cortada, assim como o extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, assassinado no Pará em 24 de maio. A Polícia Civil ainda não sabe se o assassinato está relacionado a conflito agrário.
Marcos Gomes da Silva morava em projeto de assentamento nas redondezas de Eldorado dos Carajás.

A Comissão Pastoral da Terra está em busca de informações. As informações são desencontradas. Alguns dizem que vítima era morador de rua, não agricultor.
Em menos de uma semana, outras quatro pessoas foram assassinadas em áreas de conflito de terra no Norte. Três vítimas – o casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santos e o agricultor Erenilton Pereira dos santos – moravam no assentamento Paraialta-Piranheira, em Nova Ipixuna (PA). A quarta vítima, o líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, foi morta em Rondônia. (AE)

Poder econômico vence mais uma no Brasil: presidente da Telebrás é demitido

Demitido Rogério Santanna, o idealizador do Plano Nacional de Banda Larga

Comentário:

Rogério Santanna, agora ex-presidente da Telebrás, é um dos maiores defensores da banda larga a preços populares neste país. Ele acaba de ser demitido pelo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Rogério mexeu com os interesses econômicos das grandes empresas que atuam na internet, mas que oferecem aqui no Brasil um dos piores e mais caros serviços do planeta.

A notícia oficial:

Dilma manda demitir o presidente da Telebrás.

Numa decisão acertada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, a presidente Dilma Roussef determinou a substituição do atual presidente da Telebrás, Rogerio Santanna, indicado pelo ex-presidente Lula. Santanna era um dos principais assessores do ex-presidente em assuntos ligados à tecnologia e foi um dos idealizadores do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que até agora não saiu do papel.

Santanna disse, após conversar com o ministro, que não esperava ser demitido. “O governo anunciou que vai fazer alguns ajustes na Telebras e não tinha me falado nada. Hoje eu descobri que o ajuste é a minha saída. Devo ter provocado alguma insatisfação em setores que não enxergam no Plano Nacional de Banda Larga um bom projeto”.

O Ministério das Comunicações divulgou há pouco um comunicado ao mercado informando a saída de Rogério Santanna da presidência da Telebras e a substituição dele por Caio Bonilha, atual diretor Comercial da empresa. Segundo a nota, a mudança tem como objetivo “fortalecer a empresa e sua relação institucional com o Ministério das Comunicações, a fim de propiciar melhores condições para o cumprimento de sua missão no âmbito do Plano Nacional de Banda Larga”.

O comunicado diz que o ministro Paulo Bernardo agradeceu Santanna pelo papel no restabelecimento das atividades da Telebras, “o que a tornou novamente um instrumento para execução de políticas públicas no setor de telecomunicações”.

A nomeação de Bonilha será efetivada na reunião do Conselho de Administração da Telebras, marcada para amanhã (1º). O novo presidente é engenheiro especializado em tecnologias, negócios e estratégias para empresas de telecomunicações e energia. Ele é formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) com especialização pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Fernando Barros e Silva: Ustra e as unhas de Lobão


Depois de ler o artigo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, "O delírio de Persio Arida", publicado sexta-feira por esta Folha, é possível ter a nítida sensação de que o ex-chefão do DOI quis torturar Arida pela segunda vez. Vale aqui a máxima da história que se repete, como tragédia e como farsa.

No ensaio que escreveu para a revista "Piauí", o economista relata a sua prisão em 1970, no DOI paulista, e sua transferência para o Rio, semanas depois, onde foi torturado com choques e pauladas. Ustra chefiava o DOI de SP e diz que a viagem ao Rio nunca existiu. Questiona várias passagens do texto para sustentar que Arida mentiu sobre a tortura. É este o ponto que importa.

Quanto vale a palavra de Brilhante Ustra? Entre 1970 e 1974, passaram pelo DOI que ele chefiou cerca de 2 mil presos. Contam-se mais de 700 denúncias de tortura praticadas nas dependências do prédio da rua Tutoia, onde funcionavam o DOI e a Oban.

Ustra escreveu dois livros sobre a sua versão da ditadura. Neles, não admitiu um único caso de tortura sob sua responsabilidade. A palavra de Ustra não vale nada.

Ou é uma espécie de escárnio, de exercício vingativo da própria impunidade, um sintoma atroz da condescendência com que o país democrático tratou os torturadores, como se nada tivesse acontecido.

A desfaçatez do herói da ditadura encontrou um parceiro da pesada na figura do compositor Lobão. Em palestra no interior paulista, domingo, ele criticou o "excesso de vitimização" na esquerda brasileira e disse: "A gente tinha que repensar a ditadura militar. Tem que ter anistia para os caras de esquerda que sequestraram o embaixador e para os caras que torturavam, arrancavam umas unhazinhas, não? Essa foi horrível. Mas é bem isso".

Ustra tenta apagar o registro da tortura; Lobão faz deboche com ela. A pretexto de criticar a luta armada, acaba equiparando torturado e torturador. Só falta dobrar a aposta e compor o rock "Ustra tem razão".

István Mészáros no Brasil (junho de 2011)


O filósofo húngaro István Mészáros vem ao Brasil na próxima semana para apresentar a conferência “Crise estrutural necessita de mundança estrutural” em quatro cidades brasileiras (São Paulo, Salvador, Fortaleza e Rio de Janeiro). Os encontros marcam o lançamento de três novos títulos da editora: o livro-homenagemIstván Mészáros e os desafios do tempo histórico (orgs. Ivana Jinkings e Rodrigo Nobile), o segundo volume de Estrutura social e formas de consciência, de Mészáros; e o número 16 da revista Margem Esquerda, publicação semestral de ensaios marxistas, que nesta edição traz entrevista com David Harvey, artigo de Alain Badiou, entre outros. Em István Mészáros e os desafios do tempo histórico, a Boitempo Editorial presta homenagem à trajetória intelectual de um dos maiores pensadores marxistas da atualidade. A coletânea de ensaios de 22 renomados intelectuais do Brasil e do exterior sobre os escritos fundamentais do filósofo húngaro traz as reflexões que resultaram da última visita de Mészáros ao país, em 2009, quando foi tema do III Seminário Internacional Margem Esquerda.

Todos os eventos são gratuitos.

Programação completa:

08/06 | 19h30 - São Paulo (SP)
Teatro TUCA - PUC-SP
R. Monte Alegre, 1024 - CEP 05014-001, Perdizes - Tel. (11) 3670-8458
Realização: APROPUC, NEPEDH, NEHTIPO, Boitempo Editorial
Apoio: PUC-SP, TUCA

13/06 | 18h30 - Salvador (BA)
II Encontro de São Lázaro - FFCH UFBA
Para mais informações e inscrição, visite www.ffch.ufba.br
Estrada de São Lázaro, 197 - CEP 40210- 730, Federação - Tel. (71) 3283-6431
Realização: FFCH UFBA, IPS, Boitempo Editorial

16/06 | 19h - Fortaleza (CE)
Mercado dos Pinhões
Praça Visconde de Pelotas - CEP 60110-210 - Tel. (85) 3105-1569
Realização: Prefeitura de Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, Escola Nacional Florestan Fernandes, Boitempo Editorial

20/06 | 18h - Rio de Janeiro (RJ)
Auditório 11 - UERJ (Campus Maracanã)
Rua São Francisco Xavier, 524 - CEP 20550-013, Maracanã - Tel. (21) 2334-0890
Realização: PPFH/UERJ, Flacso, LEMA-UFRJ, ADUFRJ, Boitempo Editorial

Gleisi nega ter pedido o afastamento de Palocci

A reportagem do jornal Folha de São Paulo publicada ontem apontou que a senadora petista Gleisi teria sugerido o afastamento de Palocci do cargo, mas ela nega que tenha dito isto:

“Eu participei de uma reunião fechada na minha casa com a bancada do PT e defendi que nós tivéssemos todos os esclarecimentos sobre a situação de um fato pessoal que estava afetando o governo. Não defendi a saída do ministro Palocci”.

“Tenho a certeza que ele vai dar todas as explicações e esclarecimentos nos fóruns competentes”

Confira a lista de parlamentares donos de rádio e TV


Os dados são do Ministério das Comunicações. Cadastro, que passa a ser permanente, traz o nome de 56 deputados e senadores que são sócios ou têm parentes no comando de emissoras


O Ministério das Comunicações divulgou nesta segunda-feira (30) o cadastro dos donos de rádios e TV no país. Considerado uma "caixa-preta", o cadastro traz o nome de 56 deputados e senadores que são sócios ou têm parentes no comando de emissoras de rádio e televisão. A lista passa a ficar permanente no site do ministério.

"Com esta divulgação ampla avançamos na transparência e acreditamos que a sociedade poderá nos ajudar na fiscalização do setor", disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. O cadastro de rádios e TVs, comerciais, educativas e comunitárias, com a composição acionária de cada uma, pode ser consultado por estado ou município.

O cadastro traz a relação de sócios e diretores por empresas de comunicação. Na lista, são apontadas 291 TVs, 3.205 rádios e 6.186 retransmissoras comerciais existentes no país. Entre os donos de emissoras, estão famílias como os Sarney, no Maranhão, dona da Televisão Mirante, e os Collor, proprietários da TV Gazeta de Alagoas.

Dos 56 parlamentares que constam na lista, 12 são do PMDB, segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo. Muitas concessões de rádio e TV foram dadas pelo governo federal na época em que o atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), era presidente do país.

O segundo na relação de partidos com concessões é o DEM, antigo PFL. Na lista, 11 congressistas da legenda aparecem como sócios ou diretores de emissoras. O DEM é o partido do ex-ministro das Comunicações Antonio Carlos Magalhães, cuja família controla um grupo de rádio e TV na Bahia.

De acordo com a legislação, político pode ser sócio de rádio e TV, mas não pode exercer cargo de diretoria. A restrição é para tentar evitar o uso dos veículos de comunicação para facilitar campanhas e prejudicar adversários. (CF)

Confira a lista de sócios e diretores por entidade:
http://www.mc.gov.br/images/dados-sobre-outorgas/Relao_de_Scios_e_Diretores_por_Entidade.pdf

Veja a lista de entidades por localidade:
http://www.mc.gov.br/images/dados-sobre-outorgas/Relao_de_Entidades_por_Localidade.pdf

Rússia embarga compra de carne de 89 unidades do Brasil


A Rússia suspenderá as importações de carnes e outros produtos de proteína animal de 89 processadoras de carnes em 3 Estados brasileiros a partir de 15 de junho por não atenderem ao padrão do país, disse nesta quinta-feira Alexei Alexeyenko, porta-voz do órgão para segurança alimentar, Rosselkhoznadzor, segundo a agência de notícias russa Interfax.

Carnes de 23 unidades do Estado de Mato Grosso, 16 delas produtoras de carne bovina; de 27 do Rio Grande do Sul, das quais 10 produzem carne de frango; e de 39 no Paraná, das quais 16 de carne de frango e 11 de carne suína.

Antes do embargo, o Brasil contava com 236 fazendas elegíveis para exportar para a Rússia.

"Essencialmente, o embargo é um voto de não-confiança nos serviços veterinários destes Estados, que não foram capazes de introduzir um sistema para atender os requerimentos da União Alfandegária", disse Alexeyenko de acordo com a agência.

Em 2010, o produto brasileiro respondeu por 35%, ou 215 mil toneladas, das importações de carne suína da Rússia; 45%, ou 269 mil toneladas de carne bovina; e 19%, ou 121 mil toneladas, das de carne de frango. (REUTERS)

Polícia descobre "fábrica de bebês" na Nigéria e liberta 32 garotas grávidas


A polícia nigeriana descobriu uma casa, na cidade de Aba, onde garotas adolescentes eram forçadas a ter bebês que eram vendidos ou usados para outros propósitos, segundo o jornal inglês "The Telegraph".
Os policiais encontraram e libertaram 32 garotas, entre 15 e 17 anos, que estavam grávidas e prendeu o proprietário do imóvel. As adolescentes afirmaram que eram obrigadas a vender os bebês por cerca de 30.000 nairas (R$ 300), dependendo do sexo da criança.

Os traficantes, então, revendiam os bebês por até 1 milhão de nairas (R$ 10.200), de acordo com a agência estatal de combate ao tráfico humano na Nigéria.
Se for condenado, o dono da "fábrica de bebês" poderá pegar uma pena de até 14 anos de prisão.

Casos de abuso de criança e tráfico humano são cada vez mais comuns no oeste africano. Muitas crianças são vendidas para serem usadas como mão-de-obra barata em plantações, minas, fábricas e nos afazeres domésticos. Outras acabam na prostituição e há ainda as que são mortas ou torturadas em rituais de magia negra.

Na Nigéria, o tráfico humano é o terceiro crime mais comum, atrás das fraudes econômicas e do tráfico de drogas, de acordo com a Unesco. (Uol)

O nojento preconceito racista contra os negros e como ele se expressa no mercado de trabalho e em outras relações sociais


Ontem depois de assistir mais um capítulo da novela Amor e Revolução, que por ser ficção a realidade que retrata é muito mais amena que a vida real, do que aconteceu de fato com o nosso país nos anos de chumbo, cujas lembranças ainda estão muito vivas nas mentes e corações dos que pelos órgãos de repressão da ditadura foram diretamente vitimados, o que também é o meu caso, assisti uma reportagem especial do Cabrini sobre o preconceito racial no Brasil. Como já estava angustiado pelas lembranças de um passado nada distante fiquei ainda mais pensativo sobre o nosso passado e no pensamento viajei a um passado distante de dominação, violência, exploração e preconceito, que ainda muito vivo permeia a nossa sociedade, as imundas heranças do escravagismo. Logo cedo ao abrir a minha caixa de mensagens deparei com uma postada pelo meu amigo Geraldo Serathiuk e o tema da reportagem do Cabrini voltou a tona e agora as 6;30 resolvi escrever sobre o tema tão necessário de ser abordado.

O que o Geraldo postou:

Billie Holiday contra o racismo da Ku Klux Kan

“Na década de 30, Abel Meeropol, um professor judeu do ensino médio do Bronx, em NY, colocou os olhos em uma das mais dantescas imagens do século 20: uma foto em que dois negros americanos pendem de uma árvore, depois de linchados por uma multidão em Indiana, no sul dos EUA. Sob o pseudônimo de Lewis Allan, ele escreveu ‘Strange Fruit’, que expressa o seu horror. Foi sua primeira, e única, canção gravada.

Ao descobrir e emprestar sua voz para ‘Strange Fruit’, Billie Holiday transformou num hino contra o racismo e numa das mais populares canções americanas. Não foi fácil: temendo represálias no sul, a Columbia, por onde ela lançava discos, não quis gravar a música; Billie recorreu à Commodore, selo alternativo de jazz. Era sempre a última música de seus shows. Ela exigia que os garçons parassem de servir e que as luzes se apagassem. Um foco de luz iluminava seu rosto e Billie entoava os versos da canção:

Fruta Estranha - Strange Fruit

Árvores do sul produzem uma fruta estranha,
Sangue nas folhas e sangue nas raízes,
Corpos negros balançando na brisa do sul,
Frutas estranhas penduradas nos álamos.

Cena pastoril do valente sul,
Os olhos inchados e a boca torcida,
Perfume de magnólias, doce e fresca,
Então o repentino cheiro de carne queimando.

Aqui está a fruta para os corvos arrancarem,
Para a chuva recolher, para o vento sugar,
Par o sol apodrecer, para as árvores derrubarem,
Aqui está a estranha e amarga colheita.”

Na reportagem do Conexão Reporter dois atores foram às ruas para saber se o racismo velado existe no Brasil e o trabalho jornalístico feito pelo Cabrini, embora importante pela necessidade de se discutir o tema, do ponto de vista do que se revelou não teve nada de novo, pois só demonstrou que o racismo em um país onde segundo o Projeto Genoma mais de 80 % da população possui características genéticas herdadas dos povos africanos continua mais vivo do que nunca.

Nas filmagens foi utilizado o trabalho de dois atores, sendo um negro e um branco. Em um dos testes, eles entraram em uma concessionária de carros de luxo e a forma - bem diferente - como foram tratados foi impressionante. Roberto Cabrini foi até a loja passar a história a limpo, mas na hora em que o repórter foi à loja confirmar a prática racista adotada pelo vendedor este hipocritamente escamoteia o que anteriormente havia dito. O ato praticado pelo vendedor, nada diferente de outras situações onde o preconceito camuflado ou não aflora na reportagem, é apenas um retrato do que no dia a dia os negros passam no Brasil, um páis onde os negros e seus descendentes, pouco importando se o rótulo que se dá a eles seja negro, mulato, pardo, etc. são a maioria.

Em outra parte da reportagem os dois atores, vestidos com roupas iguais, mas em momentos diferentes, são escalados para ficarem parados na porta de edifícios de luxo, mas os seguranças dos prédios só foram abordar o negro, sendo que este nada fazia demais e estava na calçada, que é um bem público.
Entre as lembranças que a reportagem me trouxe veio a tona um fato que aconteceu com um amigo da época em que morei na CEU (Casa do Estudante Universitário). Este colega era negro e enquanto estudante de Engenharia Mecânica era um brilhante aluno que soube durante a vida superar a todos os obstáculos que a sociedade injusta lhe impôs, inclusive o fato de seu pai ser um pobre operário ferroviário, de ter sempre estudado em escola pública, de não ter feito o cursinho para entrar na universidade Federal, dos poucos recursos que dispunha para estar estudando, etc.. Para se manter o acadêmico dava aluas particulares para os seus colegas de turma.
Ao ir dar uma destas aulas em um prédio de luxo onde morava o colega de turma ao chegar a portaria e perguntar sobre qual era o apartamento onde residia o seu colega e aluno já foi mal recebido pelo porteiro cheio de perguntas sobre o que ele queria.
Feito o contato pelo interfone foi autorizado o acesso ao prédio, mas ao o meu colega de CEU se dirigir ao elevador principal o porteiro lhe disse que o elevador principal estava quebrado e que era para ele pegar o de serviço, o que foi feito. Uma semana depois voltando ao prédio para nova aula novamente ao se dirigir ao elevador principal recebeu mais uma vez a informação de que o elevador estava quebrado, mas ao ficar esperando o de serviço o elevador principal chegou trazendo alguns moradores do prédio, o que deixou claro o fato do preconceito racial. Indignado o meu amigo de CEU se dirigiu ao elevador principal e foi barrado pelo porteiro que lhe disse que sentia muito, mas que tinha de obedecer a ordem do síndico e está é que era para os negros que visitassem o prédio serem encaminhados ao elevador de serviço.
Com justa razão ficando revoltado com a situação ele foi embora e voltando a CEU conversou com alguns colegas e em grupo os ceuenses se dirigiram ao prédio onde havia ocorrido a discriminação racial e houve uma justa confusão e o porteiro foi obrigado a chamar o síndico, que era um “digno representante da raça ariana”, mas este, covarde, não quis assumir as ordens que tinha dado ao porteiro e neste quis jogar toda a responsabilidade sobre o lamentável fato ocorrido.

No mesmo ano em que aconteceu o triste episódio envolvendo o amigo morador da CEU havia ocorrido outro fato semelhante em uma boate, mas este virou notícia, pois a jovem repórter que foi barrada por ser negra trabalhava em um importante meio de comunicação.

Todos estes graves casos de preconceito racial infelizmente não são exceções, mas sim a regra enfrentada pela população negra do Brasil todos os dias nas filas de emprego, nas escolas, no ambiente de trabalho, nas abordagens policiais, etc..

Os negros que tanto contribuíram e contribuem em todos os aspectos para o desenvolvimento do Brasil continuam sendo discriminados e vivendo a margem da sociedade e as elites desta, branca, criminosamente hipócrita continua afirmando que “no Brasil não existe preconceito racial”.

Dados que deixam evidente a discriminação racial no mercado de trabalho:

População Negra e Não-Negra no Mercado de Trabalho

Diferenças de oportunidade, exclusão social e racial (Regiões Metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Recife).

O presente estudo temático reúne informações estatísticas a respeito da participação da população negra no mercado de trabalho brasileiro, e mais especificamente, da região metropolitana de São Paulo. Os dados sistematizados para abordar o tema referem-se aos índices de desemprego da população negra, níveis de escolaridade, remuneração, tipo de ocupação e participação nas esferas de decisão empresariais.
O objetivo é apontar as diferenças entre a população negra e não negra (seguindo a divisão estatística proposta pelo Seade-Dieese, que agrupa as categorias do IBGE pretos e pardos como negros e brancos e amarelos como não-negros), dando ênfase a desigualdade de oportunidades.

Os estudos sobre o tema apontam para uma redução das diferenças de acesso ao mercado de trabalho entre a população negra e não-negra nos últimos 20 anos. Todavia, a disparidade ainda é elevada e sugere que sem um conjunto consistente de políticas afirmativas não será superada em um futuro próximo.

As regiões de Salvador e Recife possuem maior percentual de negros em idade ativa e economicamente ativos. Salvador possui 85,4 %de sua PEA ( População Economicamente Ativa) composta por negros. Recife possui 73,1%. A maior participação não se reflete, no entanto, em maior participação entre os ocupados. Os ocupados em Salvador representam 84,5% e em Recife 72,0%. Mas as diferenças maiores aparecem no percentual de desempregados: 89,2 % em Salvador e 77,7% em Recife. O fato de a população negra ter sua participação entre os desempregados superior, proporcionalmente, a sua participação na PEA, mesmo em um grupo populacional em que os negros são maioria, indicam a exclusão sofrida por esse grupo social.

Na Região Metropolitana de São Paulo , maior mercado de trabalho do país, os negros não compõem a maioria da PEA (População Economicamente Ativa). Em Belo Horizonte são maioria, mas em proporções menores do que em Salvador e Recife. Em ambas as regiões as diferenças são maiores que nas Regiões Metropolitanas de Salvador e Recife. Na RMSP, a participação dos negros na PEA (População Economicamente Ativa) é de 36,6% e nos desempregados é de 43,7. Na RMBH os negros são 57,6 da PEA e 64,7% dos desempregados. Nas duas regiões a diferença entre os negros na PEA e nos desempregados é de 7,1%, superior às diferenças de Salvador, 3,8% e Recife, 4,6%. Considerando-se que Belo Horizonte e São Paulo possuem maior concentração de riquezas que Salvador e Recife, temos uma diferença maior, pois onde circula mais riqueza o negro é mais excluído.

As diferenças de participação entre negros e não negros no mercado de trabalho se reflete no nível hierárquico dos postos ocupados em grandes empresas. Pesquisa do Instituto Ethos / Ibope de 2010, realizada entre as 500 maiores empresas do país, comprova que os negros estão alijados dos principais postos de trabalhos do mundo corporativo. A participação dos negros decai conforme ascende o nível hierárquico dos cargos; os negros mesmo no quadro funcional possuem participação de 31%, isto é, tem participação restrita no mercado das grandes empresas.

Os dados da Pesquisa Emprego e Desemprego – PED (Dieese /Seade) confirmam esta tendência. Dados de 2008 comparando a população negra com a não-negra apontam para um predomínio de não-negros em cargos hierarquicamente superiores. Os não-negros também são predominantes nos cargos que exigem maior qualificação.

Os negros são minoria nos cargos de Direção Gestão e Planejamento em todas as Regiões Metropolitanas. A Região Metropolitana de São Paulo é a que possui o menor percentual de negros nestes cargos (5%). Nas Tarefas de Execução, os negros são maioria, todavia, quando se observa a subdivisão das Tarefas de Execução, os negros são minoria entre os Qualificados, em todas as Regiões Metropolitanas analisadas. Nas Tarefas de Apoio há pouca diferença entre o número total de negros e não-negros. Destaca-se a maioria de negros, em todas as regiões metropolitanas, na subdivisão Serviços Gerais, em geral a que requer menor qualificação e que possui menor remuneração.

Região Metropolitana de São Paulo:

A Região Metropolitana de São Paulo concentra o maior número de trabalhadores do país. Os negros representavam aproximadamente 35,5% da População Economicamente Ativa da região. No total de ocupados uma proporção similar (35,1%). Observa-se na mesma tabela dados sobre o setor de ocupação de Brancos e Negros (pelos parâmetros do IBGE), também com divisão de gênero.

A construção civil e os serviços domésticos são os que possuem o maior número percentual de negros em relação à participação total na PEA (População Economicamente Ativa) e no número de ocupados. A construção possui 51,1% dos postos ocupados por negros, majoritariamente homens. Os serviços domésticos tem percentual de ocupação por negros similar (50.3%), mulheres na quase totalidade.

Em Serviços, que é o setor da Região Metropolitana que mais cresceu nas últimas duas décadas, e que possui melhores remunerações médias, é o que tem menor participação de negros (30,7%), a maioria homens. Os outros setores da economia, Comércio e Indústria de transformação, possuem um percentual de participação negra semelhante a participação na PEA (População Economicamente Ativa).

Muitas das explicações sobre a desigualdade enfrentada pela população negra no mercado de trabalho apontam a formação como causa. O acesso desigual a educação de qualidade, isoladamente, é uma realidade que contribui para a manutenção da exclusão sofrida pela população negra. Porém, é importante notar que mesmo com igualdade no grau de escolaridade existe discriminação no mercado.

Na média geral, o nível de escolaridade é determinante na obtenção de melhores rendimentos. O rendimento médio dos brancos, em todos os níveis, é superior ao dos negros. No nível superior, a diferença é de R$ 16,17 para R$ 12,52. É importante notar que o gênero também é determinante nas diferenças. O Homem Negro tem remuneração média superior a das mulheres brancas em todos os níveis. A Mulher Negra é a que possui os piores rendimentos médios, sendo a diferença entre os homens brancos e as mulheres negras de R$ 19,58 para R$ 11,08.

Este estudo não se dedica a averiguar as causas para a diferença de tratamento entre negros e brancos no mercado. As principais são conhecidas de todos: o preconceito racial, e a desigualdade de oportunidades existente por razões históricas e sociais inerentes ao excludente modo de produção capitalista. No entanto, é importante que os dados da desigualdade se tornem públicos para que se justifiquem políticas afirmativas e para que se fortaleça a luta pela universalização da educação de qualidade. Diferenças de remuneração, de acesso a cargos, e mesmo de acesso a empregos, baseados na raça ou no gênero, demonstrados neste estudo, apontam para o longo caminho a ser percorrido para a consolidação de uma sociedade democrática. (Fonte: CEEP - Centro de Educação, Estudos e Pesquisas)

Outros dados vergonhosos para oa Brasil:

Outros dados assustadores:

Dados referentes nos Indicadores Sociais Mínimos do IBGE de 1996 mostraram que a taxa de mortalidade entre crianças negras e pardas no Brasil é dois terços superior à da população branca da mesma idade. Em outras palavras, até os 5 anos, elas têm 67% mais chances de morrer do que uma criança branca. O índice de mortalidade de crianças brasileiras pardas e negras de até 5 anos de idade é de 76 para cada mil nascida vivas. Entre as brancas, a taxa cai para 46 mortes em cada mil.
Também entre os adultos, os homens e mulheres negros estão em condições de maior desigualdade em nosso país. Dados do último censo realizado pelo IBGE em 1990, revelam que entre os brasileiros que contavam com carteira assinada, 58% eram brancos e 41% negros (34% considerados pardos mais 7% considerados negros). De cada 100 empregados, 51% sobreviviam com salário mínimo. Do total de trabalhadores que ganhavam um salário mínimo, 79% eram negros. A inserção no mercado de trabalho é precoce: as crianças brancas de 10 a 14 anos somam 14,9% e as negras 20,5%.
Na área educacional, em 1997, segundo o IBGE, 18% da população brasileira é analfabeta, sendo que entre os negros este percentual sobe para 35,5%, enquanto na população branca é de 15%. No outro extremo, 4,2% dos brancos e apenas 1,4% dos negros haviam alcançado o ensino superior. Em todos os níveis educacionais, a participação do segmento branco é nitidamente superior à do segmento negro. Essa desigualdade reflete-se no acesso ao emprego, aos serviços, aos direitos mínimos de cidadania e na participação no poder, além do aspecto ideológico, marcado pelos preconceitos e estereótipos.
Para exemplificar melhor esse fato, segundo os dados do IBGE de 1997, a média salarial da população branca no país foi de 600 reais por mês, já a média da população negra foi de 300 reais.
O conhecimento sobre as desigualdades raciais, que nos leva à constatação de que um trabalhador negro com formação universitária recebe o equivalente à metade do salário de um trabalhador branco com igual qualificação, comprova a teoria de que a discussão sobre a problemática racial não pode estar dissociada da luta pela igualdade de classes, principalmente porque muitos dos trabalhadores são negros.

Negros e violência

O professor Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, há vinte anos vem pesquisando processos na justiça de São Paulo. Entre 1984 a 1988, num fórum de um bairro popular de São Paulo, a Penha, constatou que os negros que representavam 24% da população, participavam com 48% das condenações. Os nordestinos, que são em torno de 18% da população, respondiam por 27% das condenações. Cerca de 5% da população são aqueles cidadãos sem profissão, os chamados biscateiros, que a "justiça" chama de pessoas com "ocupação mal definida". De cada 100 condenados, 35 estavam nessa situação. Outro dado está na população carcerária do Brasil. O último levantamento do Ministério da Justiça indica que cerca de 65% da massa carcerária é de negros e 95% são pobres.

O professor Adorno analisou 500 processos criminais da Cidade de São Paulo, em 1990, e constatou que a maior parte dos réus, 38%, foi condenada por roubo qualificado, em que se usam meios violentos. Os negros são presos em fragrante com mais freqüência que os brancos, na proporção de 58% contra 46%. Isso sugere que recebem uma maior vigilância por parte da polícia. Constatou ainda que 27% dos brancos respondem ao processo em liberdade, enquanto só 15% dos negros conseguem esse benefício. Apenas 25% dos negros levam testemunha de defesa ao tribunal, que é uma prova muito importante, enquanto 42% dos brancos apresentam esse tipo de prova.
É fácil concluir dessa pesquisa do professor da USP que a questão racial tem mais peso do que a financeira. Os negros podem usar exatamente os mesmos direitos de um branco e ainda assim o resultado não será igual. 27% dos negros que contratam, segundo a pesquisa, são absolvidos; no caso dos brancos, a taxa de absolvição chega a 60%.
As condições em que os negros exercem sua cidadania precisam ser reconhecidas por todos como anômalas. Cálculos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2010, indicam que 96,7 milhões – o equivalente a 50,7% da população, são "pretos" ou "pardos" . No entanto, nas esferas de influência e de poder, a presença negra é restrita, para não dizer nula.

Embora ainda não sejam os números reais, pois muitos negros ainda não se assumem enquanto tal. o que também é fruto da discriminação que levam a muitos afro-descendentes a não se aceitarem como são,o Censo 2010 mostrou que pela primeira vez, o percentual de pessoas que se declararam brancas, caiu abaixo da metade: eram 53,7% no Censo de 2000, contra 47% agora. No Censo anterior os "pretos e pardos" correspondiam a 44,66%.

Segundo pesquisadores, o aumento do número de pessoas auto-declaradas pretas e pardas, deve-se ao fato de as pessoas estarem se assumindo sua verdadeira identidade étnico-racial e ao sentimento crescente de auto estima. A declaração da proporção de população negra aumentou, não porque aumentou a fecundidade do grupo, mas porque cresceu o sentimento de pertencimento.

Apesar de o Brasil ter 96,7 milhões milhões de negros há muitas injustiças contra eles como estamos vendo. Os negros são a maioria dos analfabetos, dos menores salários, nas prisões, nas favelas e nos subempregos e são minoria nas faculdades, entre os empresários, os heróis reconhecidos, os governantes, os bispos, generais, almirantes, brigadeiros e na mídia. Para corroborar essa afirmação, podemos citar Salvador, onde mais de 60% da população é negra, mas quase não há negros na administração municipal.

 
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