quinta-feira, 2 de junho de 2011

Investimento das estatais recua R$ 5,1 bi no 1º quadrimestre

Os investimentos das empresas estatais recuaram R$ 5,1 bilhões no primeiro quadrimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior, em valores já corrigidos pela inflação. Caso o montante não fosse atualizado pelo IGP-DI, a queda seria de R$ 2,4 bilhões. O recuo foi puxado pelo desempenho da Petrobrás e interrompe o movimento de alta nos aportes das estatais, em valores reais, que vinha ocorrendo desde 2005.

De janeiro a abril, dos R$ 107,9 bilhões disponíveis no Orçamento para este ano, apenas R$ 22,6 bilhões, ou 20,9%, foram utilizados pelo conjunto de empresas. No mesmo intervalo de 2010, R$ 27,7 bilhões foram gastos, o que correspondia a 26,4% do total. Os números foram publicados no Diário Oficial da União e as comparações foram feitas pela Associação Contas Abertas.

"A principal causa do recuo foi o desempenho da Petrobrás, uma vez que a empresa representa mais de 80% do universo das estatais", afirma o secretário geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco. O grupo reduziu seus investimentos de R$ 25,6 bilhões no primeiro quadrimestre de 2010 para R$ 20,5 bilhões no mesmo período deste ano, em montantes já corrigidos.

Os aportes da estatal não apresentavam queda no primeiro quadrimestre, em valores reais, desde 2003. Em relação ao volume autorizado no Orçamento, a Petrobrás e suas subsidiárias desembolsaram 22,4% nos primeiros quatro meses de 2011, contra 29,1% em 2010. Trata-se, em termos porcentuais, da menor execução nos últimos cinco anos.

Para o analista de investimento da SLW Corretora Erick Scott, a interferência política na companhia explica parte desta redução nos investimentos. Segundo ele, a manutenção dos preços dos combustíveis, apesar da alta do barril do petróleo, pressiona as margens da empresa e deixa "bem clara a mão do governo no seu controle". Scott cita ainda uma possível interferência governamental com o objetivo de desacelerar a inflação, mas não descarta que a empresa tenha como estratégia investir mais em outros bimestres.

A divulgação do novo plano de negócios da Petrobrás, para o período de 2011 a 2015, foi adiada a pedido do conselho da empresa. O plano anterior, de 2010 a 2014, previa investimento de US$ 224 bilhões.

Procurada, a assessoria da Petrobrás respondeu à Contas Abertas que "os investimentos variam de acordo com o andamento das obras em execução. Nos primeiros meses de 2010, por exemplo, foram maiores do que os mesmos meses de 2011". "Entre outros empreendimentos, destaca-se a consolidação de grandes projetos na malha de gasodutos, bem como de conclusão de plataformas de produção. O importante é que os investimentos anualizados da companhia têm sido sempre crescentes", continuou.

Infraero investe apenas 6,5%

De janeiro a abril deste ano, dos R$ 2,2 bilhões disponíveis, a Infraero investiu apenas R$ 144 milhões ou 6,5%. O valor representa uma alta em relação ao mesmo período do ano passado, quando a estatal aportou R$ 107,4 milhões (corrigidos pelo IGP-DI). Em termos porcentuais, no entanto, o investimento em 2010 somou quase a mesma fatia do total (6,6%).


"O valor está bastante aquém do esperado pelo setor e preocupa, principalmente, em razão dos eventos que teremos nos próximos anos", afirma o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Mollo. Este nível de aporte, segundo Mollo, acarreta problemas de infraestrutura aeroportuária e indica que a estatal enfrenta "dificuldades" para investir. Procurada pela reportagem, a Infraero não se manifestou até a publicação da matéria.

O grupo Eletrobrás, por sua vez, aportou R$ 1,3 bilhão no primeiro quadrimestre (15,7% do total), contra R$ 1,2 bilhão (12,9% do total) em 2010.(AE)

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