segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Anvisa quer banir do país mais dois agrotóxicos

Considerando estudos científicos que apontam para problemas de saúde, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou, nesta segunda-feira, consultas públicas com o objetivo de banir dois agrotóxicos registrados no país: a parationa metílica e o forato.

A primeira substância tem uso autorizado em culturas de algodão, alho, arroz, batata, cebola, feijão, milho, soja e trigo, segundo a agência. Estão ligados a problemas neurotóxicos, imunotóxicos, mutagênicos e provocam toxicidade para os sistemas endócrino e reprodutor e para o desenvolvimento de embriões e fetos, além de gerar desordens psiquiátricas, informa a Anvisa.

Já o forato --usado no cultivo do algodão, amendoim, batata, café, feijão, milho, tomate e trigo-- "pode provocar letalidade em doses baixas, por diferentes vias de exposição, e está associado com diabetesmellitus na gravidez, toxicidade reprodutiva e para o sistema respiratório, nefrotoxicidade e neurotoxicidade", relata a agência.

Segundo o Ministério da Agricultura, as duas substâncias estão em "descontinuidade natural há muitos anos no Brasil", e o forato, especificamente, não é mais comercializado no país, segundo estatísticas do ministério.

Os dois agrotóxicos já foram banidos da Comunidade Europeia, diz a Anvisa.

O forato e a parationa metílica constam de uma lista de 14 agrotóxicos em reavaliação pela agência desde 2008.

Procuradas, a Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) e o Sindag (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola) disseram que não se posicionariam sobre os impactos práticos da consulta, porque elas podem levar a diferentes decisões: da permanência do produto no mercado ao seu banimento total.

As consultas ficam no ar por 60 dias no site da Anvisa. (Uol)

Graça Foster é confirmada para substituir Gabrielli na presidência da Petrobras

A atual diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, foi indicada pelo presidente do Conselho de Administração da estatal e ministro da Fazenda, Guido Mantega, para ser a nova presidente da companhia.

Segundo comunicado divulgado pela empresa nesta segunda-feira (23), o Conselho apreciará a indicação em reunião no próximo dia 9 de fevereiro.

Exigente e determinada, Maria das Graças Silva Foster costuma ser dura com quem não atende suas demandas. Com fama de brava, Graça Foster, como é chamada, desperta admiração daqueles que trabalham diretamente com ela por seus conhecimentos técnicos e firmeza nas cobranças que faz e também por sua garra e superação diante das dificuldades vividas na infância. Nascida em Caratinga, no interior de Minas Gerais, em 26 de agosto de 1953, mudou-se com apenas dois anos de idade para o Rio, onde cresceu no Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, comunidade pobre que por anos foi ícone de violência da cidade, até ser pacificada em 2010. Além de uma pequena bandeira do Botafogo, seu time, Graça exibe imagens de outras paixões em sua sala espaçosa do 24o andar da sede da Petrobras. Sobre a mesa, fotos da neta de 16 anos e do casal de filhos -um estudante de jornalismo e uma médica. Também guarda uma fotografia dela junto ao atual presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Graça Foster gosta de caminhar e ir à missa todos os domingos. Apesar de ser católica, preserva em sua sala algumas imagens de orixás, que segundo alguns conhecidos foram lhes dadas de presente. Com uma carga de trabalho que ultrapassa diariamente 12 horas - ela chega todos os dias às 7h30 na Petrobras - Graça Foster demonstra paixão pelo trabalho. Costuma exibir com orgulho o livro de capa dura que mostra alguns trechos dos gasodutos construídos sob sua gestão -foram mais de 5 mil quilômetros em cinco anos. "Este aqui é o meu bebê", costuma dizer. Assessores, funcionários e executivos que trabalham com Graça são unânimes em destacar o que consideram a sua principal marca: o perfeccionismo. Uns relatam que ela às vezes é dura demais com quem não atende a suas exigências. Costuma visitar os projetos que dirige, para ver o andamento das obras, como fez nos cinco últimos anos à frente da grande expansão da malha de gasodutos da Petrobras. (Reuters)

Nove em dez vezes o dinheiro do petróleo é um dinheiro maldito.


Ignacy Sachs*

O Brasil apresenta-se mundialmente como detentor potencial de grandes reservas de óleo, líder na produção de biocombustíveis e detentor da tecnologia do ciclo de combustível nuclear. O papel do país pode ser de destaque e liderança jamais imaginados no cenário geopolítico energético mundial, e essa pode finalmente ser a hora e a vez de o país montar no cavalo selado que novamente passa à sua porta. Parece simples, e é, mas para transformar sonhos em realidade faz-se necessário visão de futuro, vontade política, pulso firme e ação empreendedora.

No entanto, fatos deploráveis insistem em permear as manchetes dos meios de comunicação. A Agência Nacional do Petróleo - ANP multou a Petrobras, maior empresa brasileira, em R$ 84,5 milhões pelo repasse incorreto de informações da plataforma P-50, situada no campo de Albacora Leste, na bacia de Campos.

Segundo o processo aberto pela agência, a estatal usou de fatores não aprovados para fazer a medição da produção. Com isso, parte da quantidade de óleo extraído do campo, em operação desde 2006, não foi informada. Estima-se que, no período de 14 meses, a Petrobras tenha deixado de informar a produção de 1,3 milhão de barris. Sem o registro dessa produção, um montante de royaltiese demais tributos deixou de ser pago. Atitude lastimável de quem tem que protagonizar exemplos de ética e transparência em todas as suas ações..

As grandes petroleiras mundiais de há muito dominam todo o ciclo, do poço ao posto. Essas companhias optam pelo refino e pela distribuição como propulsores de sua lucratividade, desvalorizando o óleo. Quando tem que dividir os resultados com governos, descontam diversos custos, e ao longo de muitos anos quase nada sobrava de lucro para os países concedentes, configurando-se, então, um modelo tirano e colonial de exploração, que causava baixa qualidade de vida à população desses países.

Ao longo do tempo, as majors, ou big oil, converteram sua descomunal riqueza em mega influência política. Utilizaram seus vultosos recursos financeiros para infiltrar-se e criar intrincados e obscuros labirintos por todos os poderes estabelecidos de um país. Juntavam-se, fundiam-se e formatavam parcerias para dominar por completo a cadeia produtiva do petróleo, verdadeiros sistemas de truste e cartel. Buscavam obter benefícios fiscais, subsídios, redução de royalties e brechas na lei que as favorecessem.

É o petroimperialismo tirano, que emporcalhou a natureza e também os lugares onde os interesses da indústria controlam países e sociedades. Prosperaram no segredo, na mitomania, na falta de transparência e no controle sobre a informação. Eram ações comuns das majors: ocultação de pagamentos a governos, dissimulação de operações contábeis, influência na mídia para plantar seus interesses, compra e expulsão hostil de concorrentes. Enfim, o cartel internacional do petróleo foi o mais bem-sucedido em termos de conduta anticoncorrência da história, ao realinhar o poder mundial, desestabilizar economias, derrubar governos e agredir o meio ambiente.

Por outro lado, a importância estratégica do petróleo no panorama energético mundial deve também ser atribuída, em grande parte, às grandes companhias petrolíferas privadas. Seus vultosos capitais (maiores que o PIB de muitos países), sua capacidade empresarial e influência política formaram verdadeiros poderes paralelos na economia mundial, que determinaram o ritmo e a forma de crescimento econômico de muitas nações.

A criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – Opep em 1960 propiciou a quebra parcial dessa cartelização, e a hegemonia de grandes companhias passou a ser exercida pelos países produtores de petróleo. Era a primeira vez que um cartel de países enfrentava um cartel de empresas.

A dependência de óleo e a volatilidade de seus preços dominam o cenário geopolítico e geram um estado permanente de conflitos. Potências mundiais preparam-se para futuras guerras, não mais por questões ideológicas ou políticas, mas por lutas intensas por recursos cada vez mais escassos. É cada vez mais premente abrir-se a hermética caixa preta do petróleo.


*Ignacy Sachs (1927) é um economista polonês, naturalizado francês. Também é referido como ecossocioeconomista, por sua concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem-estar social epreservação ambiental. O termo ecossocioeconomia foi cunhado por Karl William Kapp, economista de origem alemã e um dos mais brilhantes inspiradores da ecologia política nos anos 1970.

Em 1941, refugiado da Segunda Guerra Mundial, Sachs chegou ao Brasil, onde permaneceu até 1954 e graduou-se em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas e Políticas do Rio de Janeiro (atualmente ligada à Universidade Cândido Mendes).

PPS pedirá para Procuradoria investigar ministro das Cidades e PP

O PPS anunciou que vai entrar com uma representação nesta segunda-feira (23) na Procuradoria-Geral da República contra o ministro das Cidades, Mário Negromonte, e integrantes do seu partido, o PP.

A sigla quer que a PGR investigue a participação do ministro e aliados em reuniões com um empresário para discutir um projeto milionário com o Ministério das Cidades, conforme revelou a Folha na edição de hoje.

PP discute contrato do Ministério das Cidades antes de licitação

Na representação, o partido pretende pedir a abertura de uma apuração no âmbito criminal contra Negromonte, além do grupo que participou das conversas que ocorreram na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC) em 2011.

Segundo o advogado do PPS, Renato Galuppo, a ação vai mencionar o artigo 90 da Lei de Licitações (8.666). O artigo diz que é crime "frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação".

O próprio ministro participou de um dos encontros na casa de Pizzolatti. As conversas permitiram que a empresa, a Poliedro Informática, se aproximasse da equipe de Negromonte e discutisse o assunto com o governo antes de outros interessados.

Após os encontros, o dono da Poliedro e um lobista foram recebidos no ministério por dois homens de confiança de Negromonte em 9 de agosto.

A pasta quer contratar uma empresa para gerenciar suas redes de computadores e monitorar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O valor do contrato é estimado em R$ 12 milhões, mas pode alcançar R$ 60 milhões, segundo o dono da Poliedro.

PSDB

O PSDB quer que o TCU (Tribunal de Contas da União) acompanhe os futuros processos de contratação realizados no Ministério das Cidades.

O objetivo é ficar atento principalmente "a uma eventual licitação e futura contratação" pela pasta da Poliedro Investigação. Segundo o líder Duarte Nogueira (PSDB-SP), o acompanhamento é importante por causa das conversas que aconteceram na casa do deputado João Pizzolatti (PP-SC) em 2011 com o secretário-executivo do ministério e braço direito de Negromonte, Roberto Muniz, o lobista Mauro César dos Santos e o ex-deputado Pedro Corrêa, cassado por conta de seu envolvimento no escândalo do mensalão, entre outros.

"Foi uma reunião informal que causa estranheza, por isso precisamos ficar atentos. Vou estudar com minha assessoria um modo de questionar o TCU para que ele fique atento a todo esse processo", disse Nogueira.

OUTRO LADO

Negromonte admite ter encontrado o dono da Poliedro pelo menos uma vez no apartamento de Pizzolatti, mas nega ter discutido com ele detalhes do projeto.

Pizzolatti, por sua vez, disse não se lembrar de suas conversas com Luiz Carlos Garcia, dono da Poliedro. (Uol)

Cortador de cana-de-açúcar por produção ganha hora extra

Grupo pró-Gaddafi anuncia que controla cidade de Bani Walid

Homens armados fiéis ao ex-líder líbio Muammar Gaddafi assumiram o controle de boa parte da cidade de Bani Walid, a 150 quilômetros ao sul de Trípoli, após enfrentamentos que causaram a morte de quatro milicianos e deixaram 20 feridos.

De acordo com testemunhas, os homens anunciaram a libertação do local. O grupo Mártires de 28 de Maio estaria envolvido no episódio. Um líder do novo governo líbio, Walid Ambarek al Fatmani, disse que um grupo de simpatizantes do regime deposto, que carregava a antiga bandeira oficial da Líbia, cercou um quartel do Exército enquanto gritava palavras de apoio a Gaddafi.

Al Fatmani assegurou que entre os homens armados existiam vários presos libertados recentemente de penitenciárias de localidades próximas a Bani Walid, penúltima cidade a cair em mãos dos rebeldes antes da tomada de Sirte, último bastião do antigo regime, em 20 de outubro do ano passado.

O líder responsabilizou o Conselho Nacional de Transição (CNT) pelo ocorrido, pois a entidade não enviou forças de apoio à cidade como havia prometido após os enfrentamentos ocorridos em 23 de novembro de 2011.

EXPULSAR OS 'RATOS'

De acordo com Al Fatami, neste domingo à noite foram espalhados na cidade panfletos que diziam que os combatentes retornariam e expulsariam os "ratos".

Nos panfletos, o grupo leal a Gaddafi também dizia que outros povoados próximos tinham prometido se revoltar e se aliar às forças do antigo regime.

Al Fatami fez um pedido para que os revolucionários de Bani Walid sejam salvos, antes de denunciar que ambulâncias não puderam recolher as vítimas.

Segundo sua versão, o grupo está utilizando armamento pesado e há muitos franco-atiradores no telhado da escola e da mesquita próximas ao quartel do Exército.

Em 23 de novembro, pelo menos dez antigos rebeldes morreram em Bani Walid, num enfrentamento que causou a morte de treze civis. A proliferação de armas pelo país e a falta de uma polícia fazem que os conflitos entre grupos rivais aumentem no país, após a queda do Muammar Gaddafi. (Efe)

Soldado acusado de apoiar WikiLeaks será fuzilado, se depender dos promotores militares dos EUA

O analista de inteligência do Exército acusado de ter entregado arquivos sigilosos ao siteWikiLeaks ofereceu “acesso irrestrito” de segredos governamentais a inimigos dos EUA e, por isso, poderá ser condenado à morte, por fuzilamento, segundo um promotor militar. Nesta quinta-feira, um dos advogados de defesa do militar insistiu que o soldado não fez nada de mau.

Essas declarações foram parte dos argumentos finais da audiência para determinar se o soldado Bradley Manning, de 24 anos, deve ser submetido a corte marcial. O advogado de Manning disse que os promotores militares exageraram ao imputar 22 acusações penais contra o seu cliente. Eles alegaram que o vazamento dos documentos não prejudicou a segurança nacional, e que o governo estaria tentando forçar o soldado a se declarar culpado.

– O céu não está caindo, o céu não caiu, e o céu não vai cair por causa do vazamento – disse o advogado David Coombs.

A acusação de auxiliar inimigos pode acarretar a pena de morte, mas a promotoria disse que solicitará, no máximo a prisão perpétua. Coombs disse que a promotoria precisa de um “choque de realidade”, e dedicou seus argumentos finais a tentar convencer a promotoria a pedir no máximo 30 anos de prisão ao acusado.

O tenente-coronel Paul Almanza, responsável pela investigação, irá agora examinar as provas apresentadas na audiência, e em 16 de janeiro entregará um parecer recomendando ou não a instalação de uma corte marcial contra Manning.

O soldado é acusado de ter baixado em um pen-drive mais de 700 mil arquivos sigilosos da SIPRNet (uma internet militar secreta), na época em que trabalhava como analista de inteligência no Iraque. Esses arquivos supostamente foram entregues ao WikiLeaks, que se dedica a divulgar segredos de corporações e governos.

A defesa de Manning tentou retratá-lo como um jovem emocionalmente perturbado, cujos problemas comportamentais deveriam ter levado seus superiores a revogarem seu acesso a informações sigilosas. Testemunhas disseram que Manning enviou um email ao seu sargento contando dos transtornos que uma confusão sobre sua identidade de gênero estaria criando para sua vida, seu trabalho e seu raciocínio. Manning havia criado um alter-ego feminino na internet, chamado Breanna Manning, segundo depoimentos prestados ao tribunal de instrução no Fort Meade, a nordeste de Washington.

O plenário ficou lotado para a audiência de quinta-feira. Um advogado de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, estava presente. A promotoria tentou provar que os dois mantinham contatos pela internet, e que o soldado desmereceu a confiança que havia recebido dos seus superiores.

– Ele deu aos inimigos dos Estados Unidos acesso irrestrito a esses documentos – disse o capitão Ashden Fein, chefe da promotoria. (CB)

Amazônia está emitindo cada vez mais gás-estufa

A Amazônia é importante para absorver gás carbônico e ajudar a combater o aquecimento global? O estudo mais recente sobre essa questão, que atormenta cientistas há décadas, aponta que ainda há dúvidas sobre se a região é mesmo um "sorvedouro" de carbono. Mas o trabalho conclui que o desmatamento e o aquecimento global estão gradualmente levando a região a se tornar mais uma fonte dos gases de efeito estufa do que um ralo para absorvê-los.

"Não sabemos de onde partimos, mas sabemos para onde estamos indo", disse à FolhaEric Davidson, cientista do Centro de Pesquisas de Woods Hole (EUA), que coordenou o trabalho.

"A mudança talvez seja de um sorvedouro de carbono forte para um sorvedouro fraco ou de uma fonte pequena de carbono para uma um pouco maior, talvez até cruzando essa barreira. Ainda não temos como estimar o fluxo líquido de carbono para toda a bacia Amazônica."

Editoria de arte/Folhapress

O estudo liderado por Davidson, publicado da edição da revista "Nature" nesta quinta-feira, foi um balanço dos quase 20 anos de pesquisas do LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), o maior projeto de pesquisa em ecologia e geociências da região.

Mesmo sem uma resposta detalhada sobre essa questão estratégica, cientistas comemoram o fato de que os dados da iniciativa têm ajudado nas políticas de preservação da floresta.

"O LBA mostrou que em um período de forte estresse climático, como as secas de 2005 e 2010, a floresta se torna uma pequena fonte de carbono", diz Paulo Artaxo, geofísico da USP, também autor do estudo.

"Isso é importante porque a Amazônia tem em sua biomassa um reservatório de carbono equivalente a quase dez anos da queima mundial de combustíveis fósseis. Qualquer alteração nesse regime é significativa do ponto de vista da mudança climática."

Uma das conclusões que o LBA permitiu tirar é que, apesar de a Amazônia ser robusta o suficiente para suportar fatores individuais de estresse --secas, desmatamento e queimadas, entre outros--, a floresta pode não suportar todos ao mesmo tempo.

"Há sinais de uma transição para um regime dominado por perturbações", dizem Artaxo, Davidson e outros autores do trabalho.

MONITORAMENTO

Segundo o pesquisador brasileiro, um dos problemas em responder a questões complexas sobre o comportamento da floresta diante da mudança climática é que, apesar de ser o maior projeto de pesquisa na região, o LBA não é grande o suficiente.

"Temos 13 torres de fluxo [instrumentos para estudos atmosféricos] hoje em 5,5 milhões de km2. Seria um engano achar que 13 pontos de medida seriam capazes de representar uma área continental do tamanho da Amazônia", diz Artaxo.

"O país precisa ampliar esse sistema para monitorar não só a Amazônia, mas também outros biomas, como o cerrado e o Pantanal." (Uol)

Países ricos serão cobrados na Rio+20 por falta de ação, diz embaixador

A conferência Rio+20, principal evento internacional de 2012 sediado no Brasil, não terá como resultado uma fórmula ideal -e única- para resolver o problema ambiental em todos os países.

Acordos e mecanismos legais firmados de última hora, comuns em encontros do gênero, devem ceder espaço a "processos", com missões de "longo prazo".

A opinião é do embaixador André Corrêa do Lago, 52, chefe do departamento de Meio Ambiente do Itamaraty.

Segundo ele, a conferência abrirá uma enorme oportunidade econômica para o Brasil, que poderá se beneficiar de um eventual padrão internacional de produtos sustentáveis -algo a que o Itamaraty sempre se opôs por ver as certificações como barreiras não tarifárias.

"O Brasil, com pequenos ajustes, tem vantagens imensas", diz o diplomata, neto do ex-ministro Osvaldo Aranha.

O encontro, que acontece em junho, será no Rio Centro, que sediou a Eco-92.

*

Folha - Como está a predisposição dos países em relação à conferência?

André Corrêa do Lago - Muito positiva. Diminuiu a preocupação dos países em desenvolvimento de que a Rio+20 seria um questionamento do legado de 1992.
Em Johannesburgo, em 2002, os países ricos tentaram passar a responsabilidade para o setor privado.

Agora há um esforço, que preocupa Brasil, Índia e China, de tentar transferir para os países emergentes parte da responsabilidade, inclusive pelos recursos para o desenvolvimento dos menores.

Os ricos estão sempre tentando tirar o corpo fora. Os países em desenvolvimento já estão fazendo muita coisa em cooperação sul-sul.

Não devemos diminuir o que estamos fazendo, mas isso não pode ser considerado como uma substituição do que devem fazer os ricos.

Onde na Rio+20 poderia se manifestar essa transferência do ônus para os países em desenvolvimento?

A conferência terá uma avaliação da implementação de medidas em favor do ambiente nos últimos 20 anos. Os países ricos estão com medo de serem colocados na parede pelo que não fizeram.

Eles não cumpriram, por exemplo, o compromisso de aumentar a assistência ao desenvolvimento para 0,7% do PIB. O Brasil não quer que a conferência seja para apontar as culpas. Mas é inevitável que vá haver essa cobrança.

O que deve ser a principal marca da Rio+20?

Nos anos 60, 70, até 80, os países que cresceram mais foram os que seguiram modelos predeterminados dos países ricos: Japão, Coreia, Cingapura.

Os anos recentes viram o crescimento de países que tinham maior autonomia e nenhuma intenção de serem reconhecidos pelo clube, que é o caso dos mais jovens, como Brasil, China e Índia.

Há várias formas de desenvolvimento, os países têm uma autonomia com relação a essa fórmula. A consequência dessa mudança é a volta da importância do Estado.

Em Johannesburgo, em 2002, houve um sequestro da agenda da Rio+10 pela questão da pobreza na África. O Brasil está tentando trazer a discussão de Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida. Não existe um risco de uma agenda de governo atrapalhar a conferência?

Não, porque essa é uma agenda nacional. O objetivo não é ter uma forma mundial de fazer as coisas, é inculcar em tudo o desenvolvimento sustentável. Todo tipo de investimento no país deveria ter como paradigma o desenvolvimento sustentável.

Mas o próprio governo brasileiro não incorporou isso.

Podemos aproveitar a Rio+20 para o Brasil se tornar mais contemporâneo na integração do pensamento social, ambiental e econômico. Se essas agendas chegarem juntas, o país passa a poder ser a síntese do desenvolvimento sustentável.

Se a ideia não é criar uma fórmula mundial, o que se tira do encontro?

Um resultado que eu gostaria de ter seria os ministérios da fazenda e os organismos internacionais econômicos terem o desenvolvimento sustentável como paradigma.

Se for criado um padrão internacional de que um produto sustentável é uma coisa positiva, o Brasil, com ajustes, pode ser um país onde as coisas são sustentáveis.

Qual é a expectativa de adesão de chefes de Estado à Rio +20?

Altíssima.

Mas tem se falado que, com a crise econômica, a presença deve cair.

A Rio+20 vai chegar com um pacote de boas ideias para os próximos anos. Num momento de crise, é atraente para os chefes de Estado se associar a um evento que abre portas para coisas positivas no futuro. Agora, ela tem que ser suficientemente forte para não ser uma enrolação.

Como é que você cria uma agenda positiva, com a qual todo mundo se associa, sem ter metas e prazos?

Teremos objetivos de desenvolvimento sustentável, como os objetivos do milênio. Um exemplo seria a área de padrões de consumo. Não serão decisões definitivas, mas processos.

A conferência do clima de Durban foi sobre processos. O que aconteceu com os acordos e tratados?

Lá falou-se de uma nova fase do multilateralismo, em que as partes legais já estariam completas e que seria preciso implementá-las. É criar dinâmicas para que as coisas aconteçam. (Uol)

Brasil possui a terceira maior população favelada do mundo

Matéria antiga, mas ainda bem atual, publicada no G1:

Apesar de o Brasil possuir a terceira maior população favelada do mundo – segundo o livro “Planeta Favela”, do urbanista norte-americano Mike Davis, publicado recentemente – um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que as iniciativas públicas para enfrentar o problema são cada vez mais escassas: em 2004, 81% dos municípios informaram ter projetos de investimento na área da habitação. Em 2005, foram apenas 67,5%.
Para piorar a situação, segundo a pesquisa do IBGE, a população que vive em favelas cresceu 45% entre 1991 e 2000, três vezes mais que a média do crescimento demográfico do país.
Para chegar a essa conclusão, o Instituto tomou como base o número de favelados que são considerados “oficiais” no Brasil porque correspondem à definição internacional de favela. Segundo critérios como o acesso a saneamento e precariedade da moradia, existem hoje no país 6,5 milhões de favelados.
No entanto, se forem considerados itens como a irregularidade de posse, o total sobe para 51,7 milhões, tornando o Brasil o país com a terceira maior população favelada do mundo, atrás apenas de Índia e China – conforme mostrou o livro “Planeta Favela”, que foi publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
É consenso entre especialistas que não basta urbanizar favelas. É preciso integrá-las às cidades, com transporte, geração de renda e educação. Dois projetos nas maiores cidades do país – o Favela-Bairro, do Rio, e o Cingapura, de São Paulo – frustraram a expectativa de que seriam o início de um processo de inclusão das populações.
“Podemos dizer que eles apenas ‘enxugaram gelo’”, diz o economista André Urani, diretor-executivo do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets). “O problema hoje é maior do que quando esses programas começaram.” Levantamento do Iets, com dados do Censo 2000, mostra que a Grande São Paulo tinha 1.179.396 pessoas morando em favelas em 1991. Em 2000, eram 1.678.372. No Grande Rio, o número subiu de 1.129.197 para 1.248.091. “Temos metrópoles decadentes.”
Causas
“Esse problema é resultado de uma trágica equação de mercado de trabalho: ocupação transitória, baixa remuneração, má formação. As pessoas se concentram nas áreas ricas da cidade ou nas suas proximidades para ter oportunidade de emprego e renda”, diz o coordenador do Observatório das Metrópoles, Luiz César de Queiroz Ribeiro. Ribeiro diz que São Paulo tem favelas ocupadas a partir dos anos 80, com “concentração de pobreza extrema”. O Rio já tem favelas estratificadas, divididas em regiões pobres e outras “não tão pobres”.
Para a secretária-geral do Fórum Nacional de Reforma Urbana (que reúne movimentos de moradia e ONGs), Regina Ferreira, o governo dá pouca atenção ao problema. “Dos 43 milhões de domicílios do Brasil, um terço é inadequado por não ter saneamento, transporte, água potável. E a lei que cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social levou 14 anos para ser aprovada.

Ducci reúne jovens no "nocaute ao crack"

Mais de 3 mil jovens lotaram o Círculo Militar numa ação contra as drogas em Curitiba. O "Nocaute ao Crack" mobilizou jovens de todos os bairros pela valorização do esporte contra o uso de drogas. O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, o secretário Antidrogas Municipal, Hamilton Klein, e o vereador Pastor Valdemir, participaram do encontro, organizado pela Força Jovem da Igreja Universal do Reino de Deus, que contou ainda com a participação da campeã de boxe Rosilete dos Santos, teve apresentações de judô, capoeira e artes marciais.

“Temos muitos programas de sucesso no combate às drogas, como por exemplo, o Bola Cheia, que aproxima a criança e o jovem do esporte e da educação e afasta das drogas. O Nocaute ao Crack é uma ação exemplar que chega a diversas comunidades e mostra a importância das iniciativas da sociedade organizada em parceria como poder público pelo bem-estar das famílias curitibanas”, disse Ducci.

Proprietários de terra serão intimados por abrir crateras em Goiás

A Delegacia do Meio Ambiente de Goiás vai intimar proprietários de terra para conter o aumento das voçorocas, crateras provocadas por desmatamento e por más práticas agrícolas que atingem o lençol freático e "engolem" o que está ao redor.

Só no sudoeste do Estado, a polícia encontrou 50 novas voçorocas no ano passado, durante monitoramento feito via satélite e em sobrevoos na região. A maioria está em áreas particulares, no meio de pastagens ou em produções de soja, cana e milho.

Se os donos das terras não adotarem medidas como permitir a regeneração natural da área, serão indiciados sob suspeita de crime ambiental.
O delegado Luziano de Carvalho diz que eles não podem ser responsabilizados por provocar as voçorocas, mas responderão por impedir ou dificultar a regeneração do solo. A pena é de multa e até um ano de prisão.

A ideia é frear o crescimento das crateras que existem, já que não é possível recuperar as áreas erodidas.

A área dos buracos varia. A maior voçoroca conhecida --a Urtiga ou Urtigão-- tem 80 m de profundidade e 800 m de largura em alguns pontos, segundo o delegado.

A cratera fica no município de Mineiros e tem três quilômetros de extensão.

Uma das mais conhecidas é a Chitolina, no mesmo município, com 20 m de profundidade e 800 m de comprimento.

Originada nos anos 1980 e hoje sob controle, a cratera surgiu após chuvas intensas, segundo a pesquisadora Heloísa Filizola, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Meio Ambiente.

O buraco surgiu com 120 m de comprimento, tamanho que dobrou no ano seguinte.

As voçorocas são mais comuns em locais de solo arenoso e surgem quando chove muito e a água não consegue se infiltrar no solo.

Enquanto não atingem os lençóis freáticos, são chamadas de ravinas.

São formados então fios de água que escoam de forma concentrada e transportam o solo junto com eles.

É possível encontrá-las também em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e na região Sul.

Mas para Filizola, Goiás deve ser hoje o Estado com mais voçorocas ativas (que podem aumentar) do país.

Segundo a Semarh (Secretaria do Meio Ambiente de Goiás), as chapadas também facilitam sua formação.

O Parque Nacional das Emas, na divisa com MT e MS, já sente os impactos de três incômodas vizinhas.

O trio de voçorocas leva solo e areia ao leito do rio Jacuba. Isso altera a qualidade da água e atinge animais que vivem ali, diz o diretor da unidade, Marcos da Silva Cunha.

A responsabilidade por multar os proprietários que permitem o avanço de voçorocas é do Ibama e da Semarh, que não souberam informar se fizeram esse tipo de autuação nos últimos anos. (Uol)

EUA, UE, China e Brasil X crise: Quadro preocupante

Está nova classe média, se é que quem ganha 1250 reais pode ser tratado como tal, tem o seu sub-consumo baseado mais no endividamento pelo crédito fácil do que pela sua capacidade de poupar, acumular e consumir. Ela, que acreditou que era um ótimo negócio comprar, por causa do acesso fácil ao crédito aos de baixa renda, como pela baixa dos impostos, caiu na armadilha do mercado e hoje sucumbe aos altos juros. Assim o cidadão que comprou um produto, acabou pagando por dois ou três. Hoje ela está toda endividada e a sua capacidade de comprar a prazo está praticamente esgotada. Estimulada pelo governo ao consumo, e por se descontrolar nas compras, comprou e compra além do que podia e pode, assim a inadimplência aumenta a cada dia e isto afetará no juros e nas concessões de linhas de crédito. Este é um dos fatores que levam aos poucos ao desaquecimento interno da economia e ao desemprego no setor industrial. Somando este fator com a nossa fronteira escancarada aos produtos importados, principalmente da China, e somarmos ao altos juros e impostos, o quadro para a indústria nacional fica ainda mais complicado, e desindustrialização assim já se faz presente. Sem uma indústria forte cada vez menos agregamos valores a nossa produção e nos tornamos cada vez mero exportadores de produtos primários, como trabalhadores pessimamante remunerados.

Quando acabarem os recursos do FGTS e da Poupança, que é pouca, como ficará o setor da construção civil? No campo a mecanização avança sobre os canaviais, cafezais, etc., e logo nem ao menos estes trabalhos semi-escravizadores estarão a disposição.

A Europa e os EUA estão comprando menos commodities, como as compras por parte da China, embora menos expressivas do ponto de vista do desaquecimento, também já se torna realidade. A maior parte das vendas externas do mercado chinês são feitas para os mercados desenvolvidos, e estes passam por crise estrutural na Europa e por sérios problemas na Ásia e nos EUA. Com o "primeiro mundo" sendo atingido fortemente pela crise o consumo deste diminui e com isto as exportações chinesas, o que para nós, cada vez mais reféns da China, a médio prazo é muito preocupante. Eles produzindo menos irão comprar menos produtos primários. Outro fator preocupante é com o tempo a crise trazendo a exacerbação do chauvinismo e com ele das medidas protecionistas de mercado.

Efeitos do hiperliberalismo

Retratando o abandono social o cartaz do velho cowboy diz: "Um pouco pode fazer a diferença"

Rudá Ricci
Recebi este fantástico conjunto de slides da apresentação do economista chefe de Obama, Alan Krueger, intitulado The Rise and Consequences of Inequality.
Os slides começam com a comparação da taxa de crescimento real em relação à renda familiar nos EUA em dois períodos (1947-1979, praticamente o período pós-guerra até a crise mundial do petróleo; e 1979-2010)


Vejam a maravilha da ausência de controle estatal na maior economia do mundo.
Agora, vejam o slide 5 desta apresentação oficial: indica a desigualdade social recorde:

E o título do próximo silide já é uma declaração de desespero: demonstra que se a renda tivesse crescido nos anos 2000 como na década anterior, a mediana da renda das famílias teria um extra de 8.900 dólares anuais em 2010!!! Que tal?


Como diz o grande amigo que me enviou estes slides: "os dados mostram, sobretudo, o lastro social para a emergência de tantas maluquices políticas nos Estados Unidos, do Tea Party aos neoevangélicos, assim como a indecisão republicana sobre a escolha do mais ortodoxo, ultradireitista, ultraliberal, etc." (De Esquerda em Esquerda)

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | belt buckles