segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Dom Pedro Casaldáliga recebe homenagem pela defesa dos índios xavante


O bispo emérito de São Felix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, será homenageado na próxima quinta-feira (07), às 19h, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo (SP), por sua luta em defesa dos direitos da população indígena da etnia Xavante. O bispo de 84 anos teve que se afastar do município de Mato Grosso no final do ano passado, após receber constantes ameaças de morte. No dia 29 de dezembro regressou a São Félix e agora vive sob proteção policial.
O afastamento da região para uma localidade não revelada por motivos de segurança causou perplexidade e estimulou o apoio de organizações da sociedade civil e da Igreja Católica, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Reconhecido como crítico da ditadura civil-militar (1964-1985), Casaldáliga está no Brasil desde 1968 e defende a devolução das terras batizadas como Marãiwatsédé aos indígenas xavantes. Além dele, outras lideranças – entre indígenas e agentes ligados à Igreja – estão sendo ameaçadas de morte desde que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) começou o processo de retirada de não-índios do território Xavante.
A homenagem da próxima quinta é encabeçada pelo Comitê de Solidariedade a Dom Pedro Casaldáliga e ao Povo Xavante.
A Terra Indígena
A terra Marãiwatsédé tem 165.241 hectares e está localizada entre os municípios de São Félix do Araguaia, Alto Boa Vista e Bom Jesus do Araguaia, no Mato Grosso. De acordo com estudos antropológicos, ela sempre foi ocupada por indígenas até que, no ano de 1966, aviões da Força Aérea Brasileira realizaram o deslocamento forçado dos nativos para a Missão Salesiana São Marcos, a 400 quilômetros dali. No novo local, dois terços dos indígenas acabaram sendo dizimados devido a um surto de sarampo.
Segundo a Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo, o deslocamento forçado foi influenciado pela família Ometto, detentora de terras na região. Os hectares indígenas foram tomados pela família que, em 1980, os negociou com a empresa italiana Agip Petróleo. Depois de pressão internacional, a empresa informou durante a ECO 92 que devolveria as terras aos nativos. Entretanto, o gerente da fazenda, Renato Grilo, por meio de articulações com políticos locais, incentivou a ocupação das terras pela população não indígena.
Atualmente, a terra Marãiwatsédé tem 61,5% do território desmatado e é ocupada, fundamentalmente, por grandes proprietários de terras. Vale citar o ex-vice-prefeito de Alto da Boa Vista, Antonio Mamede Jordão, dono da Fazenda Jordão com 6.193 hectares; o ex-prefeito do município de Alto Boa Vista, Aldecides Milhomem de Cirqueira, que possui seis fazendas, num total de 2.200 hectares; e o desembargador do Tribunal de Justiça do Mato Grosso, Manoel Ornellas de Almeida, cuja fazenda tem 886,8 hectares.

  


  
Homologada como área indígena em 1998, é a que registra o maior desmatamento na Amazônia Legal. Em 2010, a Justiça Federal determinou a saída dos não índios das terras, em decisão unânime.
Com informações da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo

E vamos à luta - Gonzaguinha

Água: A poluição que ninguém vê

Quando passamos ao lado de um rio poluído, o mau cheiro denuncia a péssima qualidade da água. A cor escura ou a presença de espuma também apontam que algo vai mal. Mas o que fazer quando a poluição não pode ser vista com facilidade? A água parece limpa, mas está contaminada por um tipo de poluente praticamente invisível, difícil de detectar, não legislado no Brasil e com efeitos em grande parte desconhecidos. Essa é a nova preocupação dos cientistas que estudam os agentes poluidores da água e, consequentemente, seus efeitos sobre a vida. As substâncias se reúnem sob o nome de contaminantes emergentes e estão presentes em bens de consumo da vida moderna, como protetores solares, remédios, materiais para retardar chamas, pesticidas e nanomateriais. 

“Ainda há poucos estudos na área, mas devido às aglomerações urbanas e ao saneamento precário, que aumentam a concentração dessas substâncias, elas podem trazer riscos ao ambiente e à saúde”, diz Wilson Jardim,pesquisador do Laboratório de Química Ambientalda Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente, são conhecidos cerca de três milhões de compostos sintéticos - número que aumenta entre 5% e 10% todos os anos. Em média, 200 toneladas deles são produzidas nesse período, sendo que entre 20% e 30% podem contaminar a água e atingir os animais e o homem. 

Hormônios também poluem 
Alguns dos compostos emergentes mais estudados são os hormônios. Por fazer parte da nossa vida, parecem inofensivos. Mas o crescimento das metrópoles e o despejo de esgoto nos rios aumentaram sua concentração na água que usamos. O fenômeno é causado tanto por hormônios naturalmente excretados pelas mulheres, quanto por substâncias presentes em plásticos, agrotóxicos e pílulas anticoncepcionais. “Todas elas têm ação estrogênica e mesmo quando não são hormônios reais, agem no corpo de forma parecida”, diz Mércia Barcellos da Costa, bióloga da Universidade Federal do Espírito Santo. Segundo a pesquisadora, um desses compostos, o tributilestanho (TBT), provoca mudança de sexo de algumas espécies de animais. Ele é usado para revestir cascos de navios e evitar a incrustação por algas, mexilhões, cracas etc. Ainda há muita controvérsia sobre os efeitos da exposição prolongada em humanos. 

Suspeita-se que o contato com a água com excesso de hormônios esteja antecipando a menstruação das meninas. Ela também poderia deixar os homens mais femininos e até causar câncer. Por enquanto, nenhuma dessas hipóteses foi confirmada. Estudos internacionais nas áreas de biologia e química constataram modificações anatômicas sérias em animais que vivem em regiões com água contaminada. No mundo, cetáceos como golfinhos e baleias estão contaminados e foram descritas mutações em moluscos e crustáceos. “São modificações que podem comprometer a reprodução de uma espécie e causar até mesmo sua extinção”, diz Mércia. Ela verifi cou o desaparecimento de populações inteiras de moluscos no litoral capixaba. Bruno Sant’Anna, biólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também se deparou com alterações nos caranguejos ermitões de São Vicente, no litoral do estado de São Paulo. ”Comecei a investigar e percebi que as fêmeas da espécie estavam se masculinizando. Isso acontece em 2% a 8% das populações dos ermitões”, afirma. Não por acaso, as regiões mais afetadas são próximas a portos, já que os navios carregam a substância, que é considerada tóxica e se acumula nos organismos por longos períodos. (PS)

 
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