Na origem o movimento, que é justo, tinha como pauta a questão da mobilidade urbana. Tema abrangente que enfoca desde o transporte público com preço justo e de boa qualidade a uma nova visão sobre quem deve ter prioridade no transitar, no que o poder público deve investir, e neste ponto é abordado desde os ônibus em maior quantidade e com maior conforto, como melhores calçadas e as ciclovias. Tudo muito justo e defensável!!!
O movimento MPL, que não surgiu do nada, já que estes jovens
estão nas ruas levando as suas pautas de luta a população de forma direta a
muito tempo, tal qual enquanto geração o fazíamos nas décadas de setenta e começo
da oitenta com a luta em defesa da Amazônia, da Ecologia, contra carestia de vida, por um transporte público
melhor e a preço justo, por melhores condições de trabalho e ganho, etc., como posteriormente
no final da década de 90 com o Fora Collor e o Movimento Contra a Privatização
da Copel. Porque saímos das ruas, o que considero um grande erro, as contradições
sociais não acabaram e as lutas não deixaram de serem justas. Ponto.
Estive nas primeiras manifestações convocadas pelo MPL neste
ano, que foram várias, e nelas a presença do público aos pouco foi aumentando,
pois o interesse do público, embora pouco se manifestando em presença física
nas caminhadas, foi aumentando o que é
natural, pois “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
A certa de uma semana atrás ocorreu a primeira surpresa, até
para os que estavam organizando, o ato ocorrido na Boca Maldita reuniu perto de
mil manifestantes, e entre eles pouquíssimos daqueles que se acham os heróis da
resistência, os iluminados que libertaram o Brasil da ditadura.
Do ato na Boca Maldita se originou uma passeata e está
cruzando o centro terminou no Centro Cívico, o governo do Estado e a
prefeitura, que agiram corretamente ao
respeitarem o direito sagrado de manifestação e expressão, não interviram usando a força do poder de polícia. Não que a
PM e a Guarda Municipal não estivessem lá, elas estavam, mas de forma a dar
segurança aos manifestantes e impedir abusos vieram discretamente a paisana. Os
veículos do Diretran e da PM a frente abriram caminho para o povo passar com sua
marcha democrática.
A forte repressão desencadeada em outros estados, como a
negativa dos governantes em abrir o diálogo, irritaram o conjunto da população,
e estes anônimos, que a princípio nada tinham diretamente com o movimento, mas
que a muito estão descontentes com os rumos da política, onde os dirigentes a
muito se afastaram das ruas e do povo, só vindo ao encontro nos períodos
eleitorais, com o agravante que após estes somem, e quando suas imagens aparecem
é por que estes estão envolvidos em escândalos, já que a mídia sensacionalista propositalmente
não divulga nada de bom, e sobrevive de escândalos e desgraças, vieram as ruas em
solidariedade, e com eles a pauta aumentou.
Não são factoides os fatos que levam está enorme população a
se indignar, é visível para todos a triste situação em que se encontra a Saúde
no Brasil, como a péssima qualidade no ensino público, entre tantas outras
mazelas sociais com origem na máquina pública afetando diretamente todo o conjunto
da população, que paga impostos e ansiosamente escutam as promessas nas campanhas eleitorais, e governo após governo esperam
a solução.
As mudanças para melhor ocorrem com certeza, mas o ritmo destas
acontecerem é muito lento, e o dinheiro público constantemente não é bem
aplicado, ou até mesmo desviado, e o povo, magoado, sem esperança de mudanças mais
radicais, dia a dia perde a esperança.
Em um país onde historicamente a população foi tratada a
chicote ditadura após ditadura, e ainda levando em conta os mais de 500 anos de
genocídio contra indígenas e caboclos e
os mais de 300 anos de escravatura martirizando os negros, como o esmagamento
pela força bruta do estado em todas as tentativas de construção da nacionalidade,
que somente se dá pela conquista da cidadania pelas lutas e vitórias
acumuladas, quando está massa propositalmente desorganizada por anos de
opressão vai as ruas o resultado não poderia ser outro, é no mau sentido anárquico.
Os “iluminados”, os mesmos que deveriam estar cumprindo o
seu papel de organizar o povo e contribuindo
para a construção da nacionalidade, se assustam e em vez de irem de encontro ao
anseios deste povo, que explode os seus sentimentos nas ruas como se fosse o
estouro da boiada, que percebeu que está indo para o matadouro, passam a
criticar o que está acontecendo, como se isto não tivesse nada a ver com eles.
Hipocritamente dizem: “este movimento é uma bagunça, eles não sabem o que
querem, só querem tumultuar”, e bla. bla, bla, ...
Queriam ver o que nas ruas? Um povo politizado e organizado?
Belas palavras de ordem?
O povo que foi para as ruas reflete o grau de organização e
politização da sociedade, refletem a cara do Brasil e a de seus líderes!
Quanto a extrema direita mal intencionada, sim ela existe, mas quando ela só está atacando gays, negros,
nordestinos, punks e comunistas, coisa diária, o estado, ciente dos fatos, nada
faz, mas quando ela invade as ruas se infiltrando no movimento de massas ela
vira pauta na agenda dos poderoso de plantão. Se os que estão no controle das
máquinas e tivessem seriedade um forte trabalho de inteligência e repressão
contras estes neonazistas e fascista tinha já se tornado política pública, e
estes já não estariam barbarizando, impondo o terror. Eles são terroristas e
todos os governantes sabem disto, mas pouco fazem para coibi-los. E assim a
cada dia mais fazem parte da paisagem!
E as torcidas organizadas de futebol, outro câncer social,
estavam infiltradas nas manifestações? Sim estavam, sendo que muitas delas,
fora os marginais, também estão infiltradas pela extrema direita. Aqui em
Curitiba ontem ficou clara ao presença destas, pois muitos dos baderneiro
estava uniformizados, mas mesmo assim elas também são parte da paisagem, é são parte
central do grande negócio chamado futebol
neste país que infelizmente tem o codinome de “pátria de chuteiras”. Na época das eleições estas são paparicadas por
políticos de todas as tendências ideológicas, e estes como afirmativa dizem: “eles
são bons de votos”!
De dez dais para cá o segmento social mais xingado pelos
governistas de plantão foi a “classe média”, mas que é está “poderosa quadrilha
baderneira” que ousa ir para as ruas?
São os servidores públicos (professores, funcionários
administrativos, etc.), pequenos comerciantes, profissionais liberais,
prestadores de serviços, operários melhor remunerados, etc., mas todos eles
passando por achatamentos salariais, diminuição de ganhos. Hoje
semi-proletarizados e dependentes dos serviços públicos para suprirem as
necessidades de suas famílias, em um país onde está muito entrou em fase de extinção. Hoje a
maioria no espectro populacional é composta por pobres e ricos, e os que ainda teimam em se afirmar como "classe média" se sentem desamparados.
E a nova classe média ?
Está é apenas um bordão, uma balela. Ninguém que
ganhe perto de 1.500 reais, embora se sinta enquanto tal poderia na prática
viver com se fosse. Estes se sentem abandonados pelos governantes em sua perda
de qualidade de vida. Cada vez mais a renda está verticalizada, e a mobilidade
social é menor.
Sem fazer uma análise mais profunda, muito mais do que este
pobre escrito, fica difícil rumar para as soluções que pelo resgate da
dignidade leve a satisfação do conjunto do espectro social, mas fica a certeza
de que sem políticas públicas de cunho social estratégico de inclusão, de
curto, médio e longo prazo, este quadro de descontentamento tende a se agravar.
Ou será que só o Bolsa Família resolve as nossas históricas contradições do ponto
de vista da não inclusão social?
Será que não tem sentido o povo ir para as ruas exigir maiores
investimentos e melhores aplicações destes para termos melhores condições na saúde,
na educação, na habitação, na qualificação profissional, etc.?
Apesar da confusão pelo fato de a mobilização não ter sido organizada, o que deu brecha para a ação de bandidos, o povo acabou tendo algumas vitórias, entre elas a nível municipal a manutenção dos preços das tarifas, como a nível nacional a promessa de prioridade para a educação, no caso pelos futuros investimentos dos recursos obtido pelos impostos na exploração do Pré Sal, com o compromisso com o maior cobate a corrupção .
Isto é tudo o que o povo almeja?
Não, mas é um começo!
Violência maior do que as que aconteceram nestes fato lamentáveis ocorridos nos protestos, que deveriam ser pacíficos, é a que o povo diariamente sofre no seu dia a dia ao não ver ser bem aplicado os recursos dos impostos, processos de de elaboração de gastos dos erários nos quais deveria ser ouvido para o estabelecimento das prioridades!!!
Com o povo organizado e do lado nunca existirá uma tentativa de golpe que vingue!!!
Com o povo organizado e do lado nunca existirá uma tentativa de golpe que vingue!!!
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