segunda-feira, 16 de abril de 2012

Dilma resgatada

"Quando deixou de dar atenção à organização dos movimentos da base da sociedade e abandonou a organização interna original, que dava voz aos militantes, o PT derrapou no campo ético".

Os infiéis aliados de Dilma Rousseff tomaram um susto com os estratosféricos índices (77%) de apoio popular recebidos pela presidente. O mais desconcertante para eles foi o índice de 75% na Região Sudeste. Na faixa de renda superior a dez salários foram inéditos 60%. Ou seja, não se pode mais dizer que o apoio é fruto da desinformação e da falta de instrução dos mais pobres, como sempre foi alegado. Por que a aprovação da antiga classe média? Justamente por causa da prova de firmeza dada por Dilma ao "peitar” os oportunistas e fisiológicos. Dilma foi resgatada do cerco dos oportunistas.

PUTREFAÇÃO

Não basta ter a aprovação eventual dos cidadãos, é preciso que estes tenham mecanismos para intervir no jogo político e compartilhar das decisões. Não cabe à presidente articular a sociedade para isso, mas aos partidos progressistas de sua base, sobretudo o PT, que tem o compromisso histórico de não ser apenas um partido eleitoreiro. O contrário seria uma traição à sua origem. Só assim será possível conter a putrefação da política, que termina contaminando todos os partidos, sem exceção.

SAL

Foi quando deixou de dar atenção à organização dos movimentos da base da sociedade e abandonou a organização interna originária, que dava voz aos militantes (e mantinha os representantes parlamentares controlados pela base) que o PT derrapou no campo ético. Hoje, está cada vez mais se regendo apenas pelos mecanismos institucionais formais. Cada militante político deveria ser obrigado a ler o livro A mosca azul, de Frei Betto. Só a sociedade organizada e participativa, bem como a retomada dos instrumentos de controle dos parlamentares pela militância partidária poderão exercer o papel de sal providencial na contenção da putrefação da vida política brasileira.

MODELO

A proximidade das eleições municipais enseja a oportunidade de debater não só a Cidade, mas, igualmente, o modelo institucional de gestão. É preciso aproveitar a ocasião para trazer de volta a discussão sobre a democracia participativa no âmbito municipal. O município é o espaço mais apropriado para se experimentar novos modelos de governo. A forma participativa é a mais compatível com uma sociedade municiada por um fluxo incessante de informações, como a contemporânea.

LETRA MORTA?

A Lei Orgânica de Fortaleza é uma das mais avançadas do Brasil, em termos de mecanismos participativos. No entanto, continua praticamente como letra morta. Faz 15 anos, por exemplo, que se pode convocar plebiscito para que os cidadãos decidam sobre questões fundamentais da Cidade; mas esse direito nunca foi aplicado. Chegou a hora de se colocar a efetivação desses instrumentos como compromisso fundamental de qualquer candidatura, tanto para prefeito como para a Câmara Municipal.

DÚVIDAS

O projeto do Acquário, quando olhado a partir dos objetivos declarados, é sedutor. Atrair turistas e assim gerar renda para ser revertida em favor de todos só pode merecer aprovação. O mesmo se diga de utilizá-lo como centro de pesquisa da vida marinha, dando destaque ao Ceará nessa área. No entanto, surgiram dúvidas quanto ao atendimento real dessas duas expectativas. Têm circulado números comparativos com outros empreendimentos semelhantes, no mundo, para contestar o retorno compensatório para os cofres públicos. E dúvidas quanto à sustentabilidade ambiental. São informações equivocadas e maldosas? Seria preciso prová-lo, e a única forma para isso é contestá-las ponto por ponto. Mas, aí é preciso que cientistas isentos venham em socorro do cidadão leigo. Devem isso à sociedade. (Adital)


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