quinta-feira, 17 de março de 2011

WikiLeaks: Segurança nuclear no Japão já era alvo de preocupação em 2008

Telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks indicam que a segurança das usinas nucleares do Japão já era motivo de preocupação há cerca de dois anos e meio. Em uma mensagem datada de outubro de 2008, o parlamentar japonês Taro Kono disse que empresas de eletricidade no Japão estariam ocultando problemas de segurança nuclear e que o governo estaria facilitando as coisas para elas em relação à adesão à energia renovável.

Nos telegramas, Kono, defensor da energia renovável que em 2009 se candidatou sem sucesso à liderança de seu partido, o Liberal Democrático (PLD), disse também que o Japão não tinha solução para a questão do armazenamento de lixo nuclear e perguntou se existia algum lugar apropriado para isso, em vista do fato de o Japão ser "um país de vulcões".

AIEA criticada

A ação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) também foi criticada por diplomatas norte-americanos, de acordo com outros documentos vazados pelo WikiLeaks. O então chefe de segurança da agência de fiscalização nuclear da ONU, Tomihiro Taniguchi, foi um dos alvos dos telegramas.

"Nos últimos dez anos o Departamento tem sido tremendamente prejudicado pela falta de habilidades do (vice-diretor geral) Taniguchi em termos de gestão e liderança", diz um telegrama de 1o de dezembro de 2009.

"Taniguchi vem sendo um administrador e defensor fraco, particularmente com relação ao questionamento das práticas de segurança do Japão, e ele decepciona os Estados Unidos especialmente pelo tratamento de enteado não amado que dá ao Escritório de Segurança Nuclear", diz outro telegrama, este enviado em 7 de julho de 2009. A AIEA não comenta o teor de telegramas vazados.

Empresa relapsa

As evidências de preocupação com o diretor japonês vieram à tona no momento em que seu país luta para evitar que radiação letal se espalhe a partir de reatores nucleares ao norte de Tóquio que foram danificados no terremoto da sexta-feira passada.

A crise do Japão provocou o escrutínio de suas autoridades nucleares, em especial da operadora dos reatores danificados, A Tokyo Electric Power Company (Tepco), que tem um histórico de falsificação de informações em suas usinas.

Cinco executivos da Tepco pediram demissão em 2002 em função da suspeita falsificação de registros de segurança em usinas nucleares, e cinco reatores foram obrigados a cessar suas operações.

Em 2006, o governo ordenou que a Tepco checasse seus dados passados, depois de ter sido relatada a falsificação de temperaturas de água de resfriamento no complexo de Fukushima em 1985 e 1988 e de os dados falsificados terem sido usados em inspeções obrigatórias da usina concluídas em outubro de 2005.

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