terça-feira, 20 de setembro de 2011

O BRASIL JÁ É UM PÓLO INDUSTRIAL DE AEROGERADORES PARA A PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA

O Brasil alcançará nos próximos meses uma capacidade de fabricação de aerogeradores de 3.700 MW por ano. Esse volume é quase o dobro da demanda interna projetada para a fonte, de 2.000 MW anuais. Os números indicam que o país deve se consolidar como um polo exportador desses equipamentos. E que a oferta continuará em alta.


No fim deste ano, o país terá condições de produzir o equivalente a 10% da demanda mundial por aerogeradores registrada em 2010 pela Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês). É capacidade suficiente para atender à demanda da Alemanha (1.551 MW) e da Espanha (1.527 MW), tendo como base os números do ano passado. Os países são, respectivamente, o terceiro e o quarto maiores mercados mundiais. (Portal PCH)


Os fabricantes desembarcam em massa no país este ano. A capacidade nacional de fabricação de aerogeradores até o ano passado era de 1.100 MW: Wobben/Enercon (500 MW) e Impsa (600 MW). Este ano, começaram a produzir turbinas no Brasil a GE (500 MW/ano), Gamesa (400 MW/ano) e WEG/MTOI (100 MW/ano). Para outubro está prevista a inauguração da planta da Alstom (400 MW/ano), em Camaçari (BA). Até dezembro, a Vestas instala uma unidade de 800 MW/ano em Fortaleza (CE). Além disso, a Impsa ampliou sua produção em 400 MW/ano este ano, chegando a 1.000 MW/ano, a maior do país. Sem contar eventuais planos de instalação ou ampliação decorrentes dos últimos leilões A-3 e de reserva.


Crise e oportunidade


A tempestade econômica de 2008 favoreceu a vinda dos fabricantes. Com a queda na demanda nos principais mercados mundiais – a Europa e os Estados Unidos –, as empresas buscaram no mercado brasileiro, em ascensão, um porto seguro. “Em 2008, quando ia comprar um aerogerador, uma empresa entrava na fila. Agora, está claro que o mercado é o Brasil”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Ricardo Simões.


O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, destaca o momento de competição entre os fabricantes por uma fatia do mercado. “O Brasil apareceu como o grande mercado promissor. Estamos em uma primeira fase, em que as empresas precisam entrar no mercado e estão vindo agressivamente”, diz. A disputa tem sido responsável pela queda no preço da fonte eólica, que foi vendida a R$ 99,46/MWh nos últimos leilões A-3 e de reserva, algo inimaginável há menos de um ano. “É natural supor que vá haver uma consolidação em um determinado momento, mas apenas daqui a alguns anos”, avalia Tolmasquim.
Polo exportador


Os fabricantes estão pensando no país também como um polo exportador ao planejar suas plantas. “O Brasil usou o tamanho de seu mercado interno para atrair essas empresas. As fábricas estão tendo em vista a América do Sul como um todo”, afirma Simões.


A tese é confirmada pela argentina Impsa, cuja produção brasileira já supera a de seu país de origem. “Consideramos a existência não só do mercado brasileiro, mas de todos os países limítrofes. Nossa apreciação é que o mercado potencial é muito maior”, afirma José Luis Menghini, vice-presidente da Impsa no Brasil.


A companhia já pensa em uma nova ampliação no país. “Quando você decide investimento industrial não pode pensar pequeno. Estamos estudando um aumento não apenas no Nordeste, mas em outra região. Poderia ser no Sul.” A empresa foi contratada pela Eletrosul para fornecer aos parques vencedores do último leilão A-3. A planta também poderia servir de base para o Mercosul.


A visão é compartilhada pela GE, que começou este ano a fabricar turbinas em Campinas (SP) e a entregar as primeiras unidades no segundo semestre. “A gente sempre visou o Brasil como um hub regional. Desde o início pensamos em fazer equipamentos para o mercado nacional, mas também para outros países da América Latina”, comenta o diretor de Marketing da GE Energy para América Latina, Marcelo Prado. A empresa também analisa expandir a produção com a construção de uma unidade no Nordeste, que concentra boa parte dos projetos eólicos contratados e em operação.


A expansão da produção de aerogeradores no Brasil se deve também às exigências de conteúdo local – para atender às exigências do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa) e do BNDES. O banco também financia a exportação dos equipamentos por meio de linhas específicas ou participação como private equity, através do BNDESPar.


Os fabricantes têm aqui, ainda, incentivos à pesquisa e desenvolvimento. A Impsa recebeu aportes de R$ 110 milhões da Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep) para desenvolver sua turbina de 2 MW. Os compradores do equipamento também terão acesso ao financiamento de 100% do valor total, por meio da linha Finame do BNDES. “Uma grande vantagem competitiva do Brasil é que o governo ajuda as empresas interessadas em investir aqui”, diz Menghini.

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