segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O mínimo para o salário mínimo

Enfim a câmara dos deputados bateu o martelo no valor do salário mínimo. Depois de muita polêmica, a proposta de R$545,00 foi aprovada com ampla maioria da base aliada ao governo, o que deve se repetir no senado. A dissidência na base governista mostrou-se mais uma aposta furada da imprensa. As manchetes do tipo “votação do mínimo deve desgastar governo” e “votação do mínimo é a primeira prova de fogo de Dilma”, estampadas por todos os lados, não passaram de especulação e o governo não se abalou.

Porém, este não é um mérito de Dilma, mas apenas mais uma demonstração da submissão do poder legislativo ao executivo. Os nobres deputados federais cederam à pressão feita pelo governo, que ameaçou barrar indicações políticas para cargos no segundo e terceiro escalões e com o possível corte de emendas parlamentares. Assim, a adesão maciça à proposta de R$545,00 se deu pela combinação do desequilíbrio entre os poderes executivo e legislativo com a covardia dos deputados federais.

Além disso, ainda tivemos que assistir ao jogo entre centrais sindicais, governo e grande mídia. As manifestações de sindicalistas nunca tiveram tanta repercussão na mídia como neste mês de fevereiro, o que, infelizmente, não significa um avanço democrático da grande imprensa ao cobrir o sindicalismo do país, haja vista a deliberada escamoteação feita com o ato realizado em Brasília na última quarta-feira, dia 16. O ato, puxado principalmente por trabalhadores do serviço público federal, tinha diversas reivindicações, como reajuste salarial, pela retirada da MP520 etc., as quais foi incorporada a reivindicação por um salário mínimo maior, mas a grande mídia deu repercussão somente a pauta que melhor convinha aos seus interesses políticos, ou seja, o salário mínimo.

A proposta de R$560,00, defendida pelas maiores centrais sindicais do país, tinha mais compromisso com o governo do que com os trabalhadores do país, inclusive, os argumentos utilizados para defender R$15,00 a mais se pareciam muito com os argumentos do próprio governo. A cena que mais fielmente retrata a situação é a de um sindicalista utilizando o slogan do governo na câmara para defender a proposta: “País rico é país sem pobreza”.

Quem de fato perde com isso é a classe trabalhadora, que além de assistir a uma encenação de mau gosto, ainda vê importantes instrumentos de luta da classe falirem. O salário mínimo, calculado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) para cumprir o que diz a Constituição federal de 1988, deveria ser de R$2194,76 em janeiro de 2011, e exatamente este deveria ter sido o valor defendido pelas entidades dos trabalhadores.

O comprometimento de parte do movimento sindical com o governo é trágico, impede que reivindicações históricas sejam ditas e engessa novas pautas. Num país como o Brasil, em que as desigualdades sociais são tão extremas, é triste perceber que um importante mecanismo de distribuição de renda como o salário mínimo não está sendo levado a sério.

Fonte: Sinditest

1 comentários :

Planos de Saúde disse...

É uma vergonha em um país aonde no primeiro dia de trabalho dos deputados eles votam em seu próprio aumento, rápido e fácil e o salario mínimo da população demora mais de um mês para receber uma miséria de reajuste...

Que vergonha! :(

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