segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Crise na Líbia tem potencial de desestabilizar economia global

Na condição de 12º maior exportador de petróleo do mundo, a Líbia tem potencial de desestabilizar a economia global, se os protestos antigoverno que terminaram em violência interromperem o fornecimento do produto.

Desde que a suspensão das sanções impostas pela ONU e pelos EUA puseram fim ao status de pária do Estado líbio, investidores estrangeiros voltaram em bando ao país, ao longo dos últimos cinco anos - incluindo grandes petroleiras como a BP e a Exxon Mobil.

Mas a BP, por exemplo, está tão preocupada com a crise atual que está planejando retirar funcionários do país.

A empresa, que emprega 40 estrangeiros na Líbia, pretende retirar familiares de empregados e funcionários considerados não essenciais ao longo dos dois próximos dias.

A BP assinou um contrato com a Corporação de Investimento da Líbia, em 2007, para explorar duas áreas, uma envolvendo perfuração em águas profundas na Bacia de Sirte, no Mar Mediterrâneo, e outra no deserto no oeste do país.

Um porta-voz da BP disse à BBC que a perfuração na Bacia de Sirte continuaria, mas que equipes na região desértica de Ghadames foram retiradas e a atividade suspensa no local.

Apesar de as operações da BP ainda não terem levado à produção real de petróleo no local, a Bacia de Sirte é responsável pela maior parte da produção no país. O local contem cerca de 80% das reservas comprovadas de petróleo líbias, que chegam a 44 bilhões de barris - as maiores da África.

A Líbia também se beneficia por ter o tipo de petróleo cru leve que negociadores internacionais gostam, com pouco enxofre e uma gravidade específica que torna o produto ideal para transformação em gasolina e diesel.

E como apenas um quarto do vasto e pouco populoso território do país foi explorado, há muito para animar a indústria.

Crescimento para poucos

Mais da metade do PIB da Líbia vem dos setores de petróleo e gás natural, que respondem por mais de 95% das exportações do país, de acordo com o Banco Mundial.

Antes de a crise começar, a economia do país passava por um boom. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a Líbia tenha crescido 10,6% ano passado, e que venha a crescer cerca de 6,2% em 2011.

Mas uma das principais razões por trás dos protestos é que essa enorme riqueza não está passando para as mãos da população.

De acordo com algumas estimativas, cerca de um terço dos líbios vive na pobreza. Não é incomum no país que as pessoas tenham dois empregos - devido aos baixos salários - apesar de cidadãos terem direito a sistema de saúde e outros benefícios de forma gratuita.

Desde que a Líbia retornou ao cenário dos negócios internacionais - após pagar indenização para as vítimas do atentado contra um avião que caiu em Lockerbie, em 1988 - as expectativas cresceram entre a população. Muitos pensavam que o fim do isolamento significaria aumento da qualidade de vida. Até agora, a espera foi em vão.

Fonte: BBC

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