segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O genocida 'Baby Doc' volta ao Haiti pela primeira vez depois de 25 anos de exílio



Papa Doc e Baby Doc

AFP

O deposto ditador Jean-Claude 'Baby Doc' Duvalier disse que decidiu voltar para o Haiti para ajudar seu povo, na primeira declaração em sua chegada inesperada neste domingo depois de 25 anos no exílio.

Duvalier, usando um terno azul, estava acompanhado de sua esposa Veronique Roy e passou pelos trâmites alfandegários depois de chegar ao aeroporto internacional de Porto Príncipe em um voo da Air France procedente de Paris.

Uma delegação de ex-funcionário que serviram em seu gabinete de ministros durante seu governo esperaram por sua chegada no aeroporto, enquanto dezenas de seguidores se reuniram do lado de fora do complexo.

Veronique Roy disse à AFP que seu marido se colocou de joelhos e beijou o solo ao pisar em sua terra natal pela primeira vez desde sua deposição em 1986.
"Haiti, meu país, o país de Dessalines", contou Roy, citando Duvalier, que se referiu ao herói da Independência Jean-Jacques Dessalines, que expulsou os franceses e se converteu em imperador.

Roy sugeriu que a volta do casal foi motivada pelo devastador terremoto de há exatamente um ano, que causou a morte de quase 250 mil haitianos. "Ese foi o motivador", afirmou ela. "É tão emotivo, não esperávamos esta recepção", acrescentou.

Com 59 anos, o ex-ditador, apelidado "Baby Doc", vivia no exílio na França.

Em 2007, Jean-Claude Duvalier falou às rádios haitianas para pedir "perdão ao povo pelos erros cometidos" durante seu governo.

O presidente René Preval reagiu dizendo que se havia perdão, também havia justiça, pois o ex-ditador é acusado por desvio de fundos no exercício do poder.

As autoridades do Haiti consideram que mais de 100 milhões de dólares foram desviados sob o pretexto de obras sociais até a queda, em 1986, de "Baby Doc", que sucedeu, em 1971, seu pai François Duvalier, eleito presidente por via democrática em 1957.

A França aceitou em 1986 receber Jean-Claude Duvalier quando ele passou a enfrentar, desde o final de novembro de 1985, manifestações antigovernamentais nas quais morreram dezenas de haitianos.

Como aconteceu com o presidente Jean Bertrand Aristide em 2004, "Baby Doc" foi obrigado pelos Estados Unidos a renunciar e abandonar o país em 7 de fevereiro de 1986 a bordo de um avião da Força Aérea americana.

Jean Bertrand Aristide vive no exílio na África do Sul.

A saída de Jean-Claude Duvalier pôs fim ao regime duvalierista, surgido 28 anos antes com a chegada ao poder de François Duvalier, o "Papa Doc", a quem sucedeu em 1971 aos 19 anos, virando depois "presidente vitalício".

Depois que teve rejeitado seu pedido de asilo pela Suíça, Espanha, Grécia, Marrocos e Gabão, viajou finalmente para a França, que o recebeu inicialmene em caráter temporário.

"O ex-presidente do Haiti foi recebido apenas porque isso facilitava libertar o país da ditadura", disse na ocasião o primeiro-minisro francês Laurent Fabius.

O ex-presidente viveu depois um exílio em amplas mansõse na Côte d'Azur francesa.

O regresso não previsto de Duvalier acontece quando o Haiti acaba de completar o primeiro aniversário do terremoto que o devastou e está mergulhado num bloqueio político três semanas antes do fim de mandato de René Preval.

O segundo turno das eleições presidenciais e legislativas previstas para este domingo no Haiti foi adiado, segundo informou o Conselho Eleitoral Provisório (CEP).

"O dia 16 de janeiro constava do planejamento do calendário eleitoral. No entanto, na medida em que los resultados definitivos do primeiro turno ainda não foram proclamados, a data não será respeitada", declarou à AFP o diretor-geral do CEP, Pierre-Louis Opont.

O anúncio em dezembro dos resultados preliminares do primeiro turno, pelo Conselho Eleitoral Provisório, havia sido motivo de violentas manifestações dos partidários de Michel Martelly, que denunciaram fraude em massa em favor do candidato governista Jude Célestin, que terminou em segundo lugar.

Ganhou o primeiro turno uma ex-primeira-dama, Mirlande Manigat, com 31% dos votos. Martelly foi o terceiro com 7.000 votos a menos que Célestin.

Un grupo de 12 candidatos à presidência exigiu por sua vez a anulação das eleições de 28 de novembro, manchadas, segundo eles, de fraude em favor de Célestin.

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