segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Inflação brasileira supera a dos vizinhos latino-americanos

Opinião e Notícias

Mesmo com o regime de metas, o Brasil foi o país da América Latina que registrou a maior inflação em 2010. O dado mostra que, apesar de 17 anos de estabilidade econômica, a variação de preços ainda é uma pesada carga para os brasileiros, principalmente os mais pobres.

Entre as nações latino-americanas que adotam o regime de metas, o Brasil foi uma das que tiveram mais dificuldade para reduzir a inflação na recessão econômica após a crise mundial de 2008. Além de registrar a maior taxa no ano passado, foi o primeiro a ter que subir juros para conter reajustes de preços em razão da retomada econômica.
O fator mais problemático é que mais de um terço da inflação ainda é indexada e, portanto, vinculada à variação dos preços registrada um ano antes. Além disso, o Brasil tem uma das metas de inflação mais elevadas do mundo – 4,5% ao ano, podendo variar de 2,5% a 6,5% –, o que, para especialistas, estimula a indexação na negociação de contratos.

Na avaliação do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, esse cenário pode fazer com que a meta anual, defendida pelo atual presidente do BC, Alexandre Tombini, seja reduzida já em 2012. Para Loyola, à medida que a inflação perseguida for menor, próxima a 3%, 2%, a necessidade de indexar contratos ficará restrita às operações de longo prazo. “Há um gatilho na economia que desencadeia a inflação inercial. Se a inflação for muito baixa, as pessoas não tendem a se preocupar muito em indexar os contratos”, ressaltou.
Outro problema é que o incentivo ao consumo e ao gasto nos últimos anos – conseqüência dos estímulos fiscais concedidos pelo governo e da atuação de bancos e empresas públicas – favoreceram novos reajustes.

“O resultado fiscal do Brasil não é tão ruim, mas tem mecanismos que enfraquecem a política monetária e fazem com que a ação precise ser mais forte”, declarou Loyola.
Segundo ele, uma parte da economia não responde aos esforços do BC para controlar a inflação com a forte atuação da Caixa Econômica e do Banco do Brasil na concessão de crédito e com as operações do BNDES a custos mais baixos, desvinculados da taxa Selic. Por isso, o BC tem que elevar os juros com mais força e rapidez em momentos de risco de descontrole de preços.

Alta dos alimentos foi o principal fator de elevação da taxa em 2010

No ano passado, o aumento do preço dos alimentos fez a inflação no Brasil chegar ao seu maior patamar em seis anos. A população mais pobre foi a que mais sentiu os efeitos. Aqueles que recebem de um a seis salários mínimos enfrentaram uma inflação de 6,47%, enquanto o índice oficial, que mede até 40 salários mínimos, ficou em 5,91%.

Segundo o economista Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio), a alimentação tem um peso de até 40% na despesa total das classes mais baixas, enquanto entre os mais ricos esse peso fica perto de 10%. Em 2010, o feijão registrou aumento de até 60% e o preço da carne subiu 30%.

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