sábado, 12 de março de 2011

Obama defende tratamento desumano dado a suspeito do WikiLeaks na prisão


O presidente americano, Barack Obama, disse nesta sexta-feira que o Pentágono garantiu que o soldado Bradley Manning, preso pelo vazamento de documentos ao site WikiLeaks, está preso sob condições "apropriadas e de acordo com nossos padrões". Na semana passada, os responsáveis pela prisão militar onde Manning está admitiram que ele é obrigado a dormir completamente nu, um tratamento que seu advogado disse ser degradante.

Em entrevista coletiva na Casa Branca, Obama disse que perguntou ao Pentágono, que garantiu a ele que o confinamento de Manning é apropriado. Ele se recusou a dar detalhes.

Manning permanece preso no centro penitenciário dos Corpo de Fuzileiros Navais em Quantico (Virgínia) desde junho de 2010, quando foi acusado pelas autoridades militares de descumprir o Código Militar ao supostamente vazar milhares de páginas de documentos secretos de guerra ao site WikiLeaks.

Um porta-voz do centro, sargento Brian Villiard, disse ao jornal "Washington Post" que Manning passou boa parte dos últimos oito meses dormindo apenas com uma cueca boxer por ser um prisioneiro com risco de se ferir. Desde o último dia 2, contudo, os militares exigem que Manning retire também a cueca. "A intenção não é causar nenhuma humilhação ou vergonha', disse Villard. "A intenção é garantir a segurança do detento e garantir que ele seja capaz de ir a julgamento".

Questionado pelo jornal, contudo, Villiard alegou regras de proteção de prisioneiros para não explicar exatamente como Manning poderia impor risco ao próprio bem-estar com sua cueca. Ele disse apenas que as circunstâncias exigem a medida, que valerá até a próxima semana --quando será revisada.

O advogado de Manning, David E. Coombs, disse acreditar que a ordem é punitiva e que está preocupado com o bem-estar de Manning. Ele denunciou que a medida é uma punição por uma "piada sarcástica" do soldado sobre as condições de seu confinamento.

"O soldado Manning foi obrigado a ficar sem roupa, novamente em sua cela na noite de quinta-feira. Como na noite anterior, os guardas da prisão o obrigaram a tirar todas as roupas. Manning voltou para a cama e passou as sete horas seguintes humilhado", escreveu Coombs em seu blog oficial.

Segundo Coombs, Manning soube no dia 2 que continuaria sob as várias restrições de sua prisão, incluindo dormir apenas de cueca (lá é inverno). Ele reagiu dizendo que as restrições são "absurdas" e que, se ele quisesse se matar, poderia usar o elástico da cueca ou seus chinelos.

Sem consultar a equipe psicológica do centro, ainda segundo Coombs, a comandante da prisão, Denise Barnes, obrigou o soldado a dormir completamente nu. O próprio psiquiatra da prisão, continua Coombs, decretou que o soldado era um detento de baixo risco e que o comentário sobre o elástico da cueca não deveria ser tomado como sinal de uma condição psiquiátrica.

Segundo o advogado, a medida é especialmente "degradante" já que o soldado é vigiado, tanto por observação direta como mediante câmaras, "o tempo todo".

As condições da prisão de Manning são envoltas em polêmica. A ONG de direitos humanos Anistia Internacional denunciou ao secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, que ele está confinado 23 horas por dia em uma cela quase desprovida de móveis, sem travesseiro, lençóis e objetos pessoais.

Dias depois da denúncia, a Marinha americana substituiu o comandante do centro militar e nomeou Barnes. A direção da base, no entanto, indicou que a mudança de comando foi decidida em outubro e que não está relacionada com as denúncias de maus-tratos.

Manning enfrenta ao menos 23 acusações relacionadas ao suposto vazamento de informações --que podem terminar em uma possível sentença de prisão perpétua ou até em pena de morte.

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