sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Paraná já é tão violento quanto o Rio de Janeiro

A migração de criminosos do Sudeste para o Sul do país e a falta de investimentos em segurança pública fizeram o Paraná subir oito posições no ranking dos homicídios juvenis entre 1998 e 2008. É o que revela o Mapa da Violência 2011 – Os jovens do Brasil, divulgado ontem pelo Ministério da Justiça e pelo Instituto Sangari, em Brasília. Em 1998, o estado ocupava o 14.º lugar, com uma taxa de 28,5 mortes de jovens de 15 a 24 anos a cada 100 mil habitantes. Dez anos depois, esse índice aumentou 157,3%, passando para 73,3 e colocando o Paraná na condição de 6.º estado mais violento do país e o primeiro disparado da Região Sul.

A posição no mapa é alarmante porque o estado já apresenta índices parecidos com o do Rio de Janeiro, que é dominado por facções criminosas e traficantes, e, pior, porque vive uma situação inversa no ranking. Enquanto o Rio caiu do segundo lugar em 1998 para o quinto em 2008 (a taxa passou de 110,7 mortes para 76,9), o Paraná decolou no mesmo período, impulsionado pela violência na capital e na região metropolitana, e se aproximou do índice fluminense. No ranking geral, que soma as mortes de jovens e também de adultos, a posição do Paraná também piorou. O estado passou de 14.º em 1998 para 9.º em 2008.

Em todo o país, o índice de mortes juvenis está em alta. Em 1998, a taxa era de 47,7 mortes a cada 100 mil habitantes. Com os dados de 2008, o índice subiu para 52,9 mortes. Em 2008, conforme dados do IBGE, o país tinha 34,6 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 24 anos. Já a média geral de mortes do país é de 26,4 mortes a cada 100 mil habitantes.

Análise

Bacharel em Direito e presidente da ONG Movimento Viva Brasil, o especialista em segurança pública Bene Rodrigues aponta a interiorização do tráfico de drogas como responsável pelo aumento no número de crimes em outros estados e cidades fora do eixo Rio-São Paulo.

Na avaliação do analista, o investimento pesado em segurança pública no dois estados, em especial no paulista, levou os traficantes a procurarem locais onde a estrutura em prevenção e investigação de crimes é menos eficiente, a exemplo do Paraná. O estado, segundo Rodrigues, tem um agravante por ser rota de entrada de armas e drogas por causa da fronteira com o Paraguai e a situação tende a se agravar. “Você pega um estado como o Paraná, com uma estrutura de segurança menor, que fica próximo à fronteira, ou seja, você facilita a logística do criminoso. Ele já fica por ali mesmo e faz sua vida criminosa”, analisa.

Para Rodrigues, é necessária uma política nacional de segurança pública para conter a violência no Brasil porque muitos estados não têm condições de investir em segurança como fez São Paulo. Lá, entre várias ações tomadas, o go­­verno contratou policiais e aumentou os salários. Hoje o estado tem o maior efetivo da Polícia Militar do Brasil com 130 mil policiais.

Não por acaso, os índices de violência em São Paulo despencaram. Nos últimos dez anos, o estado reduziu em 62,4% a taxa geral de homicídios e em 68% o índice de assassinatos entre os jovens. Na capital paulista, os números são ainda mais impressionantes: uma queda de 76% e 81%, respectivamente. O estado de São Paulo passou do 5.º lugar em 1998 para 25.º dez anos depois. Entre as capitais, São Paulo passou do 4.º para o 26.º. Entre os jovens, uma evolução ainda maior: do 6.º para a 27.ª posição em 2008.

Só como comparação, para se ter uma real noção da gravidade da situação no Paraná, a taxa de mortes juvenis no estado em 2008 (73,3) se aproxima da taxa de São Paulo de dez anos atrás (79,2).

Fonte: GP

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