quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Política industrial do governo Lula fecha o ano sem cumprir as principais metas

O líder da Minoria na Câmara, deputado Gustavo Fruet (PR), afirmou que se instalou um processo negativo de desindustrialização no país capaz de gerar grandes efeitos econômicos e sociais nos próximos anos. Segundo o tucano, o sinal amarelo está aceso. O mesmo alerta foi feito pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em documento reservado que circula entre a equipe econômica do governo federal. O jornal “Valor Econômico” teve acesso ao texto e produziu reportagem sobre o tema avaliado pelo parlamentar como “preocupante”.

Segundo o deputado, o relatório representa a constatação do ministério sobre os erros do próprio governo. “O reflexo disso é o saldo negativo na balança, a dependência do Brasil de mercados e a necessidade de valorização cambial. São bombas de efeito retardado que estão sendo armadas e a qualquer momento podem se desarmar e gerar um considerável custo social para o país”, alertou Fruet. O líder lembrou que o governo Lula sempre negou que o setor industrial estivesse perdendo fôlego, inclusive durante a campanha presidencial, quando desqualificou os alertas feitos pela oposição.

Uma das características do processo de desindustrialização é o crescimento das exportações de produtos primários sem que haja a expansão de vendas externas de produtos industrializados. Enquanto o Brasil exporta cada vez mais commodities como ferro e soja do que importa, o comércio de produtos manufaturados vive o inverso. Passou de um superávit em favor do país de US$ 4 bilhões em 1992 para um déficit de US$ 9,8 bilhões em 2007. Essa diferença negativa subiu para US$ 30,5 bilhões só no primeiro semestre de 2010.

Segundo o levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ao contrário das exportações, as importações aumentaram, nos últimos três anos, acima do ritmo de crescimento da economia, ameaçando o saldo comercial.

Em vez dos 21% do Produto Interno Bruto (PIB) estabelecidos pela principal meta da PDP, a taxa de investimento fixo na economia deverá fechar 2010 perto de 19% do PIB. A elevação do gasto privado com pesquisa em desenvolvimento, que a segunda meta fixava em 0,65% do PIB, deve se manter em 0,5%.

Outro objetivo, o aumento de 10% no número de micro e pequenas empresas exportadoras, foi prejudicado pelo câmbio desfavorável. Em 2009, houve queda de 4%.

A quarta meta, a de elevar a participação das exportações brasileiras a 1,25% do total mundial, pode até ser alcançada, especula Reginaldo Braga Arcuri, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

A fatia do Brasil nas exportações mundiais pode chegar a 1,35%, mas puxada por produtos primários, que tomaram a liderança dos manufaturados na pauta. Mesmo com a previsão de crescimento de 27% das exportações este ano, a conta deve fechar abaixo do nível de US$ 208 bilhões projetados pela PDP em 2008.

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