quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Espedito Oliveira da Rocha (1921-2010) - Entre o comunismo e as esculturas

ESTÊVÃO BERTONI/Folha.com

Quando era criança em Pernambuco, Espedito Oliveira da Rocha recebeu um canivete. Em vez de descascar macaxeira com as irmãs, ele fez esculturas nas raízes.

O dom descoberto ali ele usaria anos mais tarde.

Filho de agricultores descendentes de escravos, Espedito perdeu a mãe logo após o parto. Foi criado pelo pai e pelas irmãs mais velhas.

Nos anos 50, o militante do PCB desde 1938 mudou-se para o Paraná. Trabalhou na colonização do norte do Estado e, em Curitiba, na construção do Centro Cívico, onde ficam os prédios do governo.

Foi presidente de sindicato e se elegeu suplente de vereador pelo PTB, já que o PCB estava proibido.

Quando o golpe militar estourou em 1964, Espedito foi obrigado a fugir de casa.

Acabou preso em 1975, no Mato Grosso, com o nome de Tibúrcio Melo. Foi mandado para o Doi-Codi, em SP, e devolvido depois ao MT, com 38 kg. Como não misturava relações políticas com pessoais, era amigo do presidente da Arena local, que o ajudou.

Em São Paulo, com o nome de Tadeu Melo, viveu na casa de um amigo, que tinha materiais para fazer esculturas. O amigo desenhava, mas não conseguia pôr em prática. Quando o dono da casa voltou de uma viagem longa, as esculturas estavam prontas.

Espedito, virou artista plástico. Com a Anistia, voltou para Curitiba, e continuou envolvido com política.

Diagnosticado com câncer no ano passado, morreu na quinta-feira, aos 89, deixando filhos, netos e bisnetos.

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