quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Chamando o Mercadante de "aloprado" Renan tenta voltar à cena política e critica aliado PT



ANDREZA MATAIS/Folha.com

Homem forte no governo Lula até ser apeado da presidência do Senado em 2007, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) promete sair da sombra e voltar ao embate político. Desde a crise, atuava apenas nos bastidores.

Cotado para o comando do Senado, escolheu continuar líder da maior bancada na Casa, papel que lhe garantirá interlocução privilegiada com a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).

Em entrevista à Folha, Renan disse que a ausência de Aloizio Mercadante no Senado, a quem chama de "um trapalhão, um aloprado", deve facilitar a convivência PT-PMDB. Mas alertou que atritos poderão ocorrer caso o PT tente reduzir espaço de seu partido na Esplanada.

Sobre as denúncias que o tiraram da presidência do Senado, admite ter cometido erros. Ele foi acusado de ter contas pessoais pagas por um lobista. O caso está no Supremo Tribunal Federal.

Folha - Por que apoiar a reeleição de Sarney para a presidência do Senado?

Renan Calheiros - A permanência dele é o que causa menor atrito, não abre guerras de vaidades para um início de governo que tem quase 70% de apoio no Congresso. O sentimento que vivemos hoje é o de continuidade. Não se mexe em time que está ganhando.

O PT tenta a vaga...

Essa discussão pode reabrir atritos, sobretudo se for conduzida pelo Mercadante. O Mercadante é um trapalhão, um aloprado de sempre, mesmo sem ser senador [o mandato dele se encerra em dezembro] ele quer influir na eleição para a presidência do Senado, uma coisa ridícula. Toda vez em que ele tentou articular no Senado, perdeu. É desastroso nisso. O clima no Senado é de conciliação, não de atrito.

O PMDB da Câmara também fala em rodízio no Senado.

O acordo da Câmara não tem nenhuma relação. O regimento do Senado é claro sobre o direito da maior bancada indicar o presidente. Não pode ser contestado.

Como será o Senado sem os oposicionistas: Tasso Jereissati, Arthur Virgílio, Heráclito Fortes?

Renovado, pacífico, de conciliação. Os momentos de tensão ficaram para trás.

Mais subserviente ao governo?

Precisamos ter uma relação mais civilizada em defesa do interesse nacional. Estamos diante de desafios, vamos ter Copa, Olimpíada, precisamos de investimentos em infraestrutura.

O novo Senado aprova a CPMF?

Se vier com a chancela dos governadores, da presidente Dilma, se for exclusivamente para financiar a saúde, tem chance de ser aprovada. Agora, não podemos, de forma nenhuma, pensar em votar a CPMF sem primeiro desonerar a folha de pessoal, os investimentos e completamente a exportação.

Dos 22 votos do PMDB, o sr. garante quantos para a Dilma?

Eu não garanto nada. O PMDB sempre teve consciência da sua responsabilidade e não faltará a ela.

Sempre tem os desgarrados do PMDB. Esse grupo aumentou?

Acho que diminuiu.

O PMDB do Senado vai apoiar um reajuste maior para o salário mínimo?

Ele deve ser o máximo que a economia pode pagar. O valor de R$ 580 seria um bom número, mas não quero especificar o valor.

A Dilma terá votos no Senado para aprovar mudanças na Constituição?

Os aliados do governo ocuparam 47 das 54 cadeiras em disputa. Isso possibilita a formação de uma maioria confortável para ela. Mas, na prática, precisamos ver.

A relação com o PT no Senado será mais tranquila?

Sem o Mercadante a relação será mais fácil. O PT tem excelentes quadros.

O PMDB fez um blocão na Câmara. Pode fazer no Senado?

No ano passado nós contávamos com o PP no bloco. Não há desejo de ampliar o bloco, de fazê-lo maior. O momento exige muita racionalidade, uma vez que você fala demais, acaba atrapalhando e o PT está falando demais.

O PMDB fica incomodado quando alguém do PT estreita politicamente a coalizão. Provavelmente esse bloco da Câmara é uma resposta a isso.

A presidente Dilma Rousseff terá jogo de cintura para lidar com o novo Congresso Nacional?

Dilma cresceu muito nesse processo todo, está bem, forte. A expectativa é que ela conduza muito bem do ponto de vista administrativo. Não vamos ter surpresas.


O sr. acha que cometeu erros em 2007?

Você acaba cometendo erros, mas não considero que revelar aspectos da vida privada seja erro, era necessário [Renan teve relação extraconjugal com jornalista Mônica Veloso].

O inusitado é que tivemos uma investigação sobre a vida privada de uma pessoa. É melhor deixar aquilo no passado, esquecer, foi um processo difícil, doloroso, passou.

O sr. foi reeleito com mais votos do que na última eleição. O eleitor desconsiderou as denúncias ou foi o fator Lula?

As coisas passam, eu sofri muito, mas passou. Não tenho mágoa de ninguém, não há revanchismo. Para seguir em frente, você tem que saber perdoar.

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