quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Acidentes matam um motociclista a cada seis dias em Curitiba

O metalúrgico Wellington Diogo Antunes Ramos, de 21 anos, ia ao trabalho de moto, na manhã de 9 de novembro, quando um Palio que vinha em sentido contrário cruzou sua frente. Não houve tempo hábil para frear e a motocicleta bateu de frente contra o carro. Com o impacto, Ramos foi arremessado. Internado no Hospital Evangélico há 13 dias, ele já passou por três cirurgias na perna e deve enfrentar pelo menos mais duas. “Quando eu vi, já tinha acontecido. Eu cheguei a pensar que ia morrer”, disse o paciente.

Ramos escapou da morte, mas histórias como a dele revelam o aumento da violência no trânsito em Curitiba, principalmente no que diz respeito aos motociclistas. Números do Batalhão do Policiamento de Trânsito (BPTran) revelam que 43 pessoas que conduziam motos morreram em acidentes na capital, entre janeiro e outubro de 2010: um aumento de 79% em relação ao ano passado e uma morte, em média, a cada seis dias. “Isso nos leva a crer que aumentou a imprudência desses condutores”, disse o porta-voz do BPTran, tenente Silvio Cordeiro.

O motorista Joecir Santana Jeffer, que sofreu um acidente nesta terça-feira (23), enquanto conduzia sua motocicleta em uma estrada rural de Almirante Tamandaré, região metropolitana, concorda. “Eu estava guiando rapidinho”, confirmou. Na curva, uma peça da moto bateu contra a estrada e ele caiu, sofrendo diversas escoriações.

De acordo com o professor da Faculdade Evangélica de Curitiba e do Hospital Evangélico, Flamarion dos Santos Batista, o consumo de bebidas alcoólicas é um dos principais responsáveis pelos acidentes envolvendo motos. “Os casos mais graves, em geral, envolvem motociclistas que ingeriram álcool”, aponta.

Um levantamento do Hospital Evangélico permite traçar um perfil dos motociclistas que sofrem acidentes. As vítimas, em geral, são homens com idade média de 30 anos, que permanecem internados por um período médio de nove dias. A metade dos casos é de colisões contra carros e um quarto dos acidentes tem relação à quedas. (Veja quadro).

Em um período de 12 meses – de outubro de 2009 a outubro deste ano – o pronto atendimento do hospital atendeu 2.128 a vítimas de acidentes envolvendo motocicletas. Os dados revelam que 441 precisaram de tratamento intensificado, com internação. Deste total, 16 morreram.

Para se ter ideia dos gastos com esses pacientes, o tratamento a um motociclista que permaneceu 108 dias internado custou R$ 82 mil ao Hospital Evangélico, dos quais R$ 47 foram pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Há casos de pacientes que ficam internados mais de um ano”, lembra Batista.


Principais acidentes que geraram vítimas atendidas pelo Hospital Evangélico

- Auto/moto: 1.085 casos

- Quedas de moto: 549 casos

- Atropelamentos por moto: 188 casos

- Moto/moto: 56 casos

- Moto/anteparo: 32 casos

- Bicicleta/moto: 21 casos

- Moto/ônibus: 20 casos

- Queimaduras por moto: 135 casos

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