segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Inadimplência apresenta recuo em serviços essenciais (água, luz, etc.)


Pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 63,5% das famílias brasileiras declaram possuir algum tipo de dívida. Desse total, 23,7% dizem ter contas em atraso e 8,1% acreditam que não terão condições de pagá-las. Levantamento feito pelo JL mostra que, em Londrina, a inadimplência caiu em setores de serviços básicos como água, luz, telefone e habitação e subiu em contratos comerciais, que contemplam financiamento de carro e crédito consignado.

De acordo com a Sanepar, das 140.509 ligações de água do município, 4.911 estavam inadimplentes em junho, o que representa 3,5%. Dessas contas, 49,7% têm atraso de até um mês, 17,9% de dois meses e 6% de três meses. Na telefonia, a Sercomtel aponta que a inadimplência caiu. Em junho de 2010, os índices eram de 4,02% na fixa e 4,58% na celular; em junho deste ano a fixa apresentava inadimplência de 2,9% e a celular de 3,66%. De acordo com o presidente da companhia, Fernando Kireef, a inadimplência está dentro dos níveis normais do setor e caiu por dois fatores: o bom momento da economia nos últimos 18 meses, e a empresa apurou seu setor de cobrança há um ano.

Já o setor elétrico é o que apresenta menor índice. Em dezembro de 2010, de acordo com a Copel, a inadimplência no Paraná era de 1,24%, média que vem se mantendo há algum tempo. Há quatro anos, esse percentual era bem maior, chegando a cerca de 4%.

O professor do curso de Economia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Antonio Eduardo Nogueira, explica que o índice de inadimplência do setor elétrico é o que fica mais perto do ideal, que é cerca de 1,5%. Segundo ele, esses números mostram que a inadimplência tem relação com a essencialidade do serviço. “Energia é essencial e as pessoas fazem de tudo para pagar. Já para outros produtos, como viagem e carro, existem alternativas e, por isso, a inadimplência é maior.”

Habitação Os financiamentos habitacionais na Caixa Econômica também apresentaram queda na inadimplência, mas os índices continuam mais altos que nos demais segmentos. Em junho de 2010, os contratos com atraso de mais de 30 dias representavam 11,6% do total e os com mais de 60 dias, 3,3%. Em junho deste ano, a inadimplência de até 30 dias era de 10,5% e a com mais de 60 dias caiu para 2,8%. Já nos contratos comerciais (crédito pessoal, financiamento de veículos e crédito consignado), no mesmo período, a inadimplência - atraso com mais de 91 dias - subiu de 2,87% para 3,6%.

O gerente regional do segmento de Pessoa Física da Caixa Econômica, José Carlos Rodrigues, explica que a inadimplência caiu na habitação por conta dos programas de concessão de crédito, como o Minha Casa, Minha Vida, e também porque o débito da parcela costuma ser feito na mesma conta em que a pessoa recebe o salário. Segundo Rodrigues, na habitação a situação fica preocupante com três parcelas de atraso; já nos demais créditos, com quatro parcelas. “Os financiamentos de habitação, geralmente tomam de 20% a 30% da renda da família. Três parcelas em atraso já comprometem muito e fica preocupante.”

Maior índice

De acordo com a economista Marianne Hanson, da CNC, que coordenou a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, 17,8% das famílias se dizem muito endividadas. Esse é o maior índice desde janeiro de 2010. “Os critérios para classificar alguém como muito endividado não são numéricos. Isso vai da percepção da própria pessoa”, detalha. A pesquisa detalha que 75,9% das dívidas são provenientes de cartão de crédito, 21% de cartão de loja e 10% de carro.

O professor de Economia Antonio Eduardo Nogueira completa que a renda familiar média do londrinense é de R$ 1.800 e, por isso, é “fácil se endividar”. A dica para que isso não ocorra é comprar o essencial, honrar o que é importante e prestar atenção na capacidade de endividamento, que consiste em não comprometer mais de um terço do orçamento em prestações fixas de longo prazo. Isso porque é preciso estar preparado para imprevistos como uma doença ou a quebra de um eletrodoméstico, por exemplo. “A inadimplência é uma questão de renda. É preciso saber administrar, para não dar o passo maior que a perna. Se o produto não for essencial, uma dica é fazer uma poupança e comprar depois”, detalha.

Quebrando o cartão de crédito A auxiliar de enfermagem Vilma de Brito, 47 anos, fez o movimento inverso do recomendado pelos economistas: priorizou pagar o carro e a faculdade e deixou as contas mais essenciais, como o mercado, no cartão de crédito. O resultado foi desastroso. Sem dinheiro para quitar a fatura, Vilma pagou apenas o mínimo durante três meses. “A cada vez a fatura vinha maior. Tanto que eu já paguei todo o valor, que era R$ 500 e poucos, e ainda devo R$ 3 mil.”

Além do nome no Serasa, algumas contas como água, luz e telefone não estão totalmente em dia – quando chega a segunda, ela paga a anterior. “Hoje me considero uma pessoa endividada. Sou formada em Administração e sempre tive uma vida muito controlada, porque sou pai e mãe.” Vilma garante que já quebrou os cartões de crédito, mas a dívida permanece. “Agora quero trocar de carro e vou ter que dar um jeito de renegociar essas contas para limpar meu nome.” (JL)

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