sexta-feira, 13 de maio de 2011

A elite chia, mas governo agora diz que Higienópolis terá estação de metrô

Apesar do movimento contrário à estação do Metrô da Linha 6-Laranja em Higienópolis, estudos da companhia preveem que a nova localização será bem no coração do bairro. O ponto exato não está ainda definido, mas calcula-se que ela tenha de ficar em um raio de até 300 metros da posição anterior, ou a demanda de passageiros não seria suficiente para viabilizá-la.

O próprio governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), garantiu que a estação não sairá do bairro. "Higienópolis terá estação de Metrô. Não é porque alguns não querem que não vai ter estação, mas a localização é uma decisão técnica", disse ontem.

O Metrô divulgou nesta semana que a estação inicialmente prevista para a Avenida Angélica seria substituída por outra mais perto da universidade Faap, no Pacaembu. Como a mudança havia sido solicitada por moradores preocupados com "inconvenientes" da estação, formou-se a polêmica que se estaria atendendo a esse grupo. O Metrô considera absurda a hipótese e diz que a decisão foi técnica.

A companhia afirma que a mudança foi necessária para equacionar as distâncias. Inicialmente, estavam previstas quatro estações na região: Higienópolis/Mackenzie, Angélica, Pacaembu e PUC/Cardoso de Almeida. A Estação Pacaembu foi excluída para baratear o custo da obra, uma vez que sua demanda seria baixa (17 mil usuários por dia).

O Metrô afirma que as distâncias da Estação Angélica ficaram desproporcionais: 610 metros até a Higienópolis/Mackenzie e 1,5 mil metros até a PUC/Cardoso de Almeida. Por isso, seria necessária uma nova posição.

Como a Pacaembu sozinha é inviável, o Metrô busca posicionar a nova estação em um ponto que aglutine o fluxo de estudantes da Faap com o já previsto para a estação que seria na Angélica. O local vai precisar levar em conta que 500 metros são o limite que uma pessoa costuma caminhar até uma estação. "Mas nesse caso nós estamos usando 300 metros, pois existe um desnível na região, que pode desmotivar. Mais do que isso nos faria perder a demanda da Angélica", diz o diretor de Planejamento do Metrô, Mauro Biazotti.

Uma das opções é que a estação fique no entroncamento das Ruas Sergipe e Ceará, onde não há edifícios residenciais. O terminal será subterrâneo, o que diminuiria o impacto de desapropriações. As saídas ficariam na frente da Faap e na Rua Sergipe. Outras alternativas são ainda na Sergipe, mas em outros cruzamentos, como com a Rua Bahia.

Especialistas em transportes avaliam que uma estação no meio de uma área residencial não é comum, mas também não é um impeditivo. "Se tiver boa iluminação e calçadas adequadas, não haverá problemas", diz o professor da Poli/USP Jaime Waisman. Países como a França mantém estações em locais estritamente residenciais.

A aposentada Lívia Pereira, de 78 anos, diz que a estação vai atrair "camelôs, mendigos e batedores de carteira". Afirma, porém, que sua opinião e a de muitos no bairro não tem a ver com a classe econômica dos moradores e pessoas que seriam atraídas pelo metrô, mas sim com a falta de necessidade da estação.

Já a coordenadora Tereza Candido, de 30, afirma que há sim argumento elitista por parte de quem não quer o metrô. Ela diz esperar que o serviço não saia do bairro, pois trabalha na zona sul e leva diariamente pelo menos uma hora para chegar de carro. "Poderia pegar o metrô na frente de casa e logo chegar lá." (AE)

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