quarta-feira, 2 de março de 2011

Piloto experiente morre na queda de avião monomotor no Bacacheri


A queda de um avião monomotor logo depois da decolagem, no aeroporto Bacacheri, gerou pânico na vizinhança na manha dessa quarta-feira (2). A aeronave explodiu depois de cair sobre um escritório. O piloto Vitor Ascânio Caldanazo morreu na hora, carbonizado. Três mulheres, um homem e um bebê foram retirados do local e não se feriram.

Funcionários da Aeronáutica informaram que o comandante Caldanazo era um piloto experiente. Ele tentou decolar na pista 18, na direção do Centro de Curitiba, mas, por algum motivo ainda não conhecido, a aeronave (prefixo PT-OIS), modelo Bonanza BE-36, não conseguiu sustentação e caiu em um terreno com duas casas, na Rua Paulo Ildefonso Assumpção, naquele bairro.

Atrás, mora uma família. Na frente, funcionava um escritório de vendas de produtos de higiene. O muro da casa dos fundos faz limite com o fim da pista do aeroporto, alguns metros mais alta. Devido à velocidade, a aeronave passou sobre a residência e caiu com a parte da frente direcionada ao telhado do escritório.

A aposentada Cláudia Prates, que mora do outro lado da rua, imediatamente chamou o Corpo de Bombeiros. "Escutei a primeira explosão, e quando olhei pela janela vi apenas a cauda do avião para fora do telhado. O avião mergulhou na casa. Depois ouvi mais três explosões", relata.

Dentro do escritório, um casal de funcionários viu o bico da aeronave e conseguiu correr para fora antes da explosão. Na casa dos fundos, Sabrina Chagas da Costa conseguiu pegar o filho Luan, de apenas oito meses, e saiu correndo acompanhada da sogra.

"Senti o impacto, vi tudo pegando fogo e saímos correndo, aos gritos", conta a doméstica Maria Onizete Viana de Souza, ainda trêmula e assustada. O pequeno Luan dormia no momento do acidente. Assim como os moradores do terreno invadido pelo monomotor, vizinhos passaram mal devido ao nervosismo e foram atendidos por socorristas do Corpo de Bombeiros. Um homem que inalou fumaça ajudando os moradores foi encaminhado ao Hospital Cajuru, mas passa bem.

Investigação

De acordo com o Capitão Adilar Lima, do Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer), a pista e as condições climáticas não ofereciam riscos ao voo. "O acidente poderia ter acontecido em qualquer lugar", ressalta. As causas do acidente serão investigados pela Aeronáutica e um laudo preliminar deverá ser divulgado em até 30 dias.

O Aeroporto do Bacacheri permanecerá interditado até que haja a liberação do trecho final da pista.

Falha no motor pode ter sido a causa do acidente, aponta especialista
Valéria Auada Fale com o repórter

O Comando da Aeronáutica, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), já iniciou as investigações sobre a queda do monomotor, ocorrida na manhã dessa quarta-feira (2), no Aeroporto do Bacacheri, em Curitiba. O piloto Vitor Ascânio Caldonazzo morreu carbonizado.

Para Roberto Peterka, perito e especialista em aviação da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, a causa do acidente pode ter sido uma parada de motor. "Normalmente quando o avião cai após a decolagem o problema é com o motor. Pode ser que tenha ocorrido drenagem dos tanques de combustíveis. O combustível pode ter se misturado com água. É a causa mais comum quando a queda acontece na decolagem. Há também inúmeras variáveis como, por exemplo, a quebra de um cabo de comando", analisa Peterka, que tem 30 anos de experiência em investigação e prevenção de acidentes aéreos.

O perito explica que todo avião tem seguro obrigatório - o Seguro Reta, que trata das responsabilidades do proprietário da aeronave. Esse seguro abrange quatro categorias: quem está dentro do avião, quem está fora, bagagens e danos a terceiros. Segundo ele, existe também o Seguro Casco, que não é obrigatório e indeniza os danos do avião e terceiros. Um amigo de Caldonazzo, o também piloto Anderson Silva, acredita que a aeronave tinha seguro.

Arcada

A família de Caldonazzo, que perdeu a vida no acidente, foi ao Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba na tarde de hoje para reconhecer o corpo. Como o piloto morreu carbonizado, o IML precisou fazer o exame de arcada dentária. Silva está ajudando a família de Caldonazzo e informou que o corpo do piloto será liberado até a noite dessa quarta-feira.

A aeronave prefixo PT-OIS modelo Bonanza BE-36 de Caldonazzo caiu às 9h43 durante decolagem na pista 18 do Aeroporto Bacacheri. O avião atingiu duas casas, na Rua Paulo Ildefonso Assumpção, no bairro Bacacheri. Pará de Minas, em Minas Gerais, era o destino do piloto.

Aeroporto do Bacacheri já foi palco de outros acidentes

Joyce Carvalho

O Aeroporto de Bacacheri, alvo de protestos de moradores pela proximidade com uma área residencial, já foi palco de outros acidentes, mas de menores proporções. O último deles aconteceu em outubro de 2008, quando piloto de um avião de pequeno porte perdeu o controle da aeronave ao pousar. O avião derrapou e parou na pista lateral do aeroporto. Não houve feridos.

Em março de 2005, um monomotor teve uma pane ao decolar. O avião percorreu toda a pista e bateu no muro de uma residência próxima à cabeceira da pista do Aeroporto do Bacacheri. O piloto e dois passageiros sofreram ferimentos leves.

Em junho de 2001, um avião de táxi aéreo bateu contra o muro do aeroporto após fortes ventos ao tentar pousar. O muro separa o aeroporto da Avenida Erasto Gaertner, uma das vias de maior movimento na região. Os três ocupantes do avião - dois tripulantes e um passageiro - tiveram ferimentos, mas sem gravidade. (O Estado do Paraná)

1 comentários :

APC disse...

Eu voei com o Vitor em 1991 (de Curitiba para o Rio), logo após ele comprar esse avião. Ficamos amigos, eu era controlador da Torre Bacacheri e nos falávamos sempre. Deixo minha solidariedade à família.
Claudio Rio

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