domingo, 22 de agosto de 2010

O "último baile da Ilha Fiscal" e o reino de Pessuti I

Do blog da Ruth Bolognese:

Duas mulheres e um governo

O tempo do governo Orlando Pessuti, PMDB, está se esgotando. Oficialmente, a gestão 2006/2010 termina no dia 01 de Janeiro próximo, mas a partir de 03 de outubro, quando o novo governador eleito iniciar a de lua de mel com o Paraná, Orlando Pessuti já estará virando história. E a história desse curto período, 9 meses, uma gestação de bebê humano, poderá ser resumida num clone poético de Sheakespeare, “por tão pouco tempo, tão vingativo poder”, ou no popular, “danaram-se os requiões e seus asseclas”. Se a fome do prato frio dessas vinganças estiver, enfim, apaziguada, ainda temos o eterno Doático Santos, no silêncio dos não inocentes, e duas mulheres, a irmã do antecessor, Lúcia Arruda e a mulher, Maristela, que resistem em seus cargos, tanto no Programa do Voluntariado Paranaense, Provopar, como na presidência do charmoso Museu Niemayer. As duas mulheres permanecem, mesmo sem um tostão furado para dar um casaquinho de tricô de presente ao mais pobre da esquina, ou para montar uma exposição de alunos do Colégio Estadual. Porque não tem condições legais para exonerá-las, o governador Pessuti deu duas voltas a mais na torneira dos recursos públicos, na velha e boa tática de cortar a água do inimigo para forçá-lo a deixar a fortaleza. Até agora, sem sucesso.Há que se duvidar das intenções de um governante que, durante sete anos, ficou calado diante do nepotismo assumido de Roberto Requião, jamais se envolveu numa crítica sequer à condução do Estado e, de repente, promove uma caça a todos os nomes com o R na testa e na ficha de nomeação. Não se trata, obviamente, de renovar a máquina pública para melhorar-lhe o rendimento. E nem mesmo a reprovável, mas compreensiva até, substituição política, porque o novo governo, seja ele do mesmo partido ou não, remontará a seu bel prazer o aparelho estatal tão logo assuma o Palácio Iguaçu e adiós Pessuti e Cia. É uma simples questão de recalque pessoal, de mágoa represada, o mote que conduz Orlando Pessuti para limpar a área.
No caso específico de Lúcia Arruda e Maristela Requião, o governador comete uma infração institucional. Desconsidera a importância dos dois cargos públicos, as premências básicas dos mais necessitados e o amor à cultura que todo governante deve ter, e retira recursos sem mais nem menos. E permite que uma funcionária de primeiro escalão, dona Maristela, continue recebendo o salário, pago com dinheiro público, sem exercer sua função principal de realizar a agenda do Museu Niemayer. Mais do que o antecessor, Roberto Requião, dá continuidade ao nepotismo às avessas e a céu aberto. E tanto dona Lúcia Arruda, que não recebe salário, mas ocupa um cargo honorário de importância vital para os mais descamisados, como dona Maristela, incorrem no erro do “não tô nem aí” ao resistirem nos cargos por conta da picuinha familiar. “Não tô nem aí”, diga-se, para o Paraná, para o bom exemplo que deveriam dar aos colegas, funcionários públicos como elas, e ao trabalho de cada dia que receberam a incumbência de realizar.

Como se vê, poder honra, mas também corrompe, distancia da realidade e dá a cada um que o ocupa uma nova qualidade de agir. Para o bem e para o mal.

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