quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fundação Roberto Marinho, da Globo, abocanhou R$ 24 milhões destinados à enchentes

O dinheiro que deveria amenizar o sofrimento humano resultante de tragédias foi misteriosamente (ou nem tanto) engordar a conta da Rede Globo.


O jornal O Globo (do Oligopólio Globo) deu manchete e reportagem de página inteira em seu primeiro caderno de hoje criticando o governo federal, que não estaria liberando verbas para prevenção das enchentes de verão, como a última, que atingiu a Região Serrana do Rio, provocando quase 600 mortos e desabrigando dezenas de milhares de famílias:
Essas obras de prevenção são essenciais para evitar ou atenuar tragédias que se repetem todos os anos, como deslizamentos de terra em áreas de risco. No caso do Estado do Rio, foram reservados R$ 7 milhões para apoio a obras preventivas, mas nenhum tostão foi liberado até agora.
Mas a preocupação demonstrada hoje por O Globo contrasta com a posição do jornal há aproximadamente um ano, quando o governo do Rio desviou R$ 24 milhões, que deveriam ser usados para a prevenção de enchentes, e os entregou para a Fundação Roberto Marinho (do Oligopólio Globo).

O anúncio foi feito pela comunicação da Secretaria do Meio Ambiente do Rio:
– Nossos recursos serão usados principalmente na parte de conteúdo do museu. Consideramos o museu uma instituição importante, por tratar de forma lúdica e interativa a questão do desenvolvimento sustentável e do meio ambiente, entre outros temas, numa perspectiva futura. É uma oportunidade que teremos de transmitir para a população, em geral, e para a juventude, em especial, esses conhecimentos que despertam a consciência – afirmou a secretária do Ambiente, Marilene Ramos.
O tal conteúdo do museu de que fala a secretária nós não pudemos apreciar, pois o Museu da Fundação Roberto Marinho ainda não tem um tijolo de pé, embora já tenha recebido mais de 200 milhões do governo do estado e da prefeitura do Rio. Mas que as verbas fizeram falta, fizeram. Pois nem três meses depois, aconteceu a tragédia da Região Serrana.

A Folha de S.Paulo denunciou que o governo do Rio tinha estudos de 2008 que mostravam o alto risco de tragédia na região:

"O risco de um desastre na região serrana do Rio de Janeiro, como o que ocorreu nesta semana e já deixou pelo menos 547 mortos, havia sido apontado desde novembro de 2008 em um estudo encomendado pelo próprio governo do Estado, informa Evandro Spinelli.

A situação mais grave, segundo o relatório, foi identificada exatamente em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, cidades com o maior número de mortes em razão das chuvas intensas."

No entanto, o governo Cabral ignorou os estudos e destinou a verba para a Fundação Roberto Marinho, sem que se lesse uma notinha sequer criticando a medida no mesmo O Globo.


A Folha publicou matéria afirmando que os custos para a construção do Museu do Amanhã triplicaram em apenas 1 ano:

Custo para a construção do Museu do Amanhã triplica em um ano


A estimativa de custo para a construção do Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, triplicou em apenas um ano.

O imóvel, a ser erguido na região portuária do Rio, é considerado a "âncora" da revitalização da área, prometida ao COI (Comitê Olímpico Internacional).

Em audiência pública na Câmara dos Vereadores, o secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, disse que a construção do imóvel, ainda não licitada, está estimada em R$ 200 milhões.

Quando o projeto foi apresentado, em fevereiro do ano passado, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Felipe Góes, havia dito que o teto imposto pelo prefeito Eduardo Paes para a obra era de R$ 65 milhões --excluídos gastos no entorno da área escolhida.


Projeto do Museus do Amanhã, na região portuária do Rio de Janeiro
Projeto do Museus do Amanhã, no Rio de Janeiro; construção está estimada em R$ 200 milhões

Paes temia que o projeto repetisse a construção da Cidade da Música, na Barra da Tijuca (zona oeste), cuja obra iniciou sem estimativa de custo definida e vai consumir mais de R$ 500 milhões.

Meses após o lançamento, foi divulgado que o custo do projeto do Museu do Amanhã seria R$ 130 milhões.

O valor inclui, além da obra em si, R$ 29,6 milhões pela elaboração do projeto e organização do acervo, feito pela Fundação Roberto Marinho, e R$ 22,3 milhões referente ao reforço estrutural e execução das fundações do píer onde ficará o museu.

A construção do imóvel, assim, passaria a custar R$ 78,1 milhões.

Mas, segundo Pinto, o custo pode subir em razão da cobertura metálica do edifício projetado por Calatrava.

Servidores foram a Milwaukee (EUA) para analisar o museu de arte da cidade, também projetado por Calatrava e com estrutura semelhante ao museu carioca.

"Descobriram que a cobertura foi trazida da Espanha de avião. Foi montada e testada na Espanha, colocada num avião e levada para lá [Milwaukee]. Mas o museu foi construído com recursos privados e públicos. Foi uma operação de alto custo", disse Pinto.

O edital de licitação da obra já está atrasado. A intenção inicial de Paes era fazer do Museu do Amanhã sede do encontro Rio +20, em 2012. Mas o secretário de Obras considera difícil a conclusão antes de 2013.

A Secretaria de Obras disse "que o custo para a execução do Museu do Amanhã ainda não está fechado".

Afirmou que estão sendo buscadas "soluções técnicas para viabilizar o projeto, que possui uma série de especificidades".

Diante da atitude hipócrita do jornal, fica a dúvida:

1- Estão arrependidos e, sentindo-se culpados, defendem as verbas agora para que a catástrofe não se repita;
2- Ou só querem mais verbas para que sejam novamente encaminhadas para a Fundação Roberto Marinho (Blog Pragmatismo Político)

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1 comentários :

Ieda disse...

Parabéns por mostrar o que a "grande mídia" não quer mostrar: o preço que se paga pelo seu silêncio!

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