quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Livro sobre o jornal “Movimento”

Livro sobre o jornal “Movimento”, de resistência ao regime militar, que foi criado e mantido com contribuições dos leitores, será lançado em Brasília.

Carlos Newton

Esta quarta-feira, no Sebinho da 406 Norte, às 19h, será lançado o livro “Jornal Movimento – Uma Reportagem”, do jornalista Carlos Azevedo, sobre a história de um dos principais veículos de combate à ditadura militar, desde o início com a participação do deputado baiano Francisco Pinto, que na época foi convidado pelo jornalista Raimundo Rodrigues Pereira, quando ainda estava preso em Brasília, para ser o diretor da sucursal da capital.

Este livro, de 362 páginas, revive toda a trajetória de “Movimento”, que ao lado da “Tribuna da Imprensa” e do “Opinião”, foi um dos mais importantes jornais da oposição democrática à ditadura militar. Acompanha o livro um DVD contendo todas as 334 edições publicadas, mais os cadernos especiais.

Produzido com apoio de incentivos fiscais do Ministério da Cultura (Minc) e obtidos junto à Petrobras, o livro é fruto de um ano e meio de trabalho. Foi realizado por uma equipe que pesquisou os arquivos da época, descobriu documentos inéditos e realizou mais de 60 entrevistas. Conta com dezenas de ilustrações e com um caderno de fotos.

“Movimento” teve sua origem em “Opinião”, depois que a equipe que havia realizado esse jornal decidiu deixá-lo em virtude de divergências com o editor Fernando Gasparian. Foi uma experiência ousada e bem sucedida de jornal, em que os patrões eram os próprios jornalistas que o faziam e seus 500 acionistas, também jornalistas, intelectuais, profissionais especializados, estudantes, trabalhadorese artistas (Chico Buarque era um deles).

Precedeu o seu lançamento uma campanha nacional de mobilização e obtenção de recursos que envolveu milhares de apoiadores na maioria dos estados. O novo jornal sofreu censura prévia desde a primeira edição e continuou sendo censurado ao longo dos três primeiros anos de sua existência de seis anos e meio.

A partir de 1978, com o fim da censura prévia, viveu uma importante recuperação de suas vendas e grande ampliação de seu prestígio, ao promover uma pioneira campanha em favor da Assembléia Nacional Constituinte e revogação da legislação de exceção, ao apoiar a candidatura presidencial de oposição do general nacionalista Euler Bentes Monteiro, e ao dar sustentação à Campanha pela Anistia Ampla e Irrestrita.

Ao mesmo tempo, em admirável esforço para uma equipe tão pobre de recursos, realizou uma abrangente cobertura jornalística do processo de reanimação das lutas populares nas cidades e no campo, destacadamente a divulgação das greves e da afirmação do movimento operário no ABC e em outras regiões, acontecimentos definitivos para o processo de restauração democrática do país.

Todos esses embates que promoveram a mudança do regime político do país, a derrota da ditadura e a redemocratização, estão registrados nas 8.600 páginas das 334 edições do semanário. Acessíveis aos leitores deste livro por meio do DVD que o acompanha.



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