segunda-feira, 11 de julho de 2011

A decisão unilateral de Giacobo demonstra oportunismo e falta de articulação

A decisão unilateral tomada pelo coordenador da bancada paranaense em Brasília, deputado federal Fernando Giacobo (PR), de remanejar verbas destinadas ao estado mostra que o Paraná ainda não superou um antigo problema: a falta de articulação de seus parlamentares. Ao contrário de outras unidades da federação, os paranaenses tendem a agir de forma mais individualizada, o que pode prejudicar o estado na hora de competir por verbas federais com o resto do Brasil.

Conforme registrou reportagem publicada pela Gazeta do Povo ontem, Giacobo autorizou o cancelamento de uma emenda coletiva de R$ 35 milhões que iria financiar parte da Linha Verde, em Curitiba. E, por conta própria, sem reunir a bancada, remanejou a verba para outros municípios – inclusive para cidades onde tem atuação e votos.

Para o cientista político da Universidade Federal do Paraná Ricardo Oliveira, a ação do deputado foi um reflexo da falta de união dos deputados. “A bancada paranaense não tem tradição de organização e não se reúne com frequência”, afirma. Trata-se de uma tradição antiga: ao contrário de outros estados, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os deputados paranaenses tendem a tomar posições e se relacionar com o governo de forma individual, e não coletiva.

Isso tem reflexos diretos na relação do estado com a União. Com menor articulação, os deputados têm menos poder de pressão sobre o governo, o que coloca o Paraná em uma posição difícil na hora de disputar investimentos com outros estados. “A verba federal per capita destinada ao Paraná é menor do que a de outros estados”, comenta Oliveira.

Um exemplo da diferença entre bancadas estaduais é a construção do metrô. Curitiba e Porto Alegre disputam uma fatia do bolo de R$ 18 bilhões do PAC da Mobilidade para construírem seus metrôs. No dia de se reunir com a presidente da República Dilma Rousseff (PT) para discutir o assunto, em fevereiro deste ano, os gaúchos formaram uma comitiva de 14 parlamentares para acompanhar o prefeito da capital, José Fortunati (PDT). Já Luciano Ducci (PSB) compareceu acompanhado apenas da então senadora Gleisi Hoffmann (PT).

Bancada unida

Os deputados negam que exista essa característica de isolamento. Coordenador da bancada paranaense entre 2009 e 2011, Alex Can­ziani (PTB) acredita que a modificação no destino das verbas destinadas à Linha Verde foi um fato isolado. “É uma questão pontual. Acre­dito que a bancada paranaense é bastante atuante e faz um bom trabalho. Não dá para dizer que é a melhor, mas está, certamente, dentro da média”, comenta. Já Dilceu Sperafico (PP), que liderou a bancada entre 2007 e 2009, diz que as bancadas estaduais no Con­gresso, na média, se equivalem. “Nossa bancada não está fraca, nem desunida”, garante.

Já o cientista político da UFPR Fabrício Tomio diz que há um problema na coordenação da bancada. “A decisão de substituir emendas coletivas, que são um acordo entre deputados, de forma unilateral com certeza é estranha”, afirma. (GP)



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