terça-feira, 10 de maio de 2011

O anacronismo gerencial das ongs

Rudá Ricci

O problema das ONGs é gerencial. Pararam no tempo. Continuam vivendo de financiamento externo ou convênios. Trata-se de uma lógica que gera dependência que corroeu a história de muitas ongs no país. Nos anos 1980, as relações de amizade e confiança e a luta pela democratização garantiam algum espaço de autonomia. Mas a partir da década seguinte, os modelos de monitoramento sobre os financiamentos passaram a ganhar ares de intervenção externa. Presenciei avaliações e exigências de entidades financiadoras que impunham agendas (defesa da mulher, cotas e outros) e desrespeitavam a cultura e dinâmica social local.
Agora a situação é ainda mais grave. A busca desesperada por recursos transforma muitas ongs em empresas de prestação de serviços terceirizados para o serviço público. Além de conspirar contra o ideário dessas ongs, o problema gerencial continua. Ao fecharem convênios com órgãos públicos, perdem totalmente qualquer margem de manobra para desenvolver ações públicas ou mobilizações sociais. Não há margem nem mesmo para cumprir reajustes definidos em dissídios coletivos, já que a luta pela sobrevivência joga os valores acordados para baixo. Um caos.

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