quarta-feira, 18 de maio de 2011

Amazônia perde 593km quadrados em março/abril, MT lidera desmate

O desmatamento na Amazônia subiu para 593 quilômetros quadrados em março e abril deste ano, na comparação com os mesmos meses do ano passado, e o Mato Grosso foi o Estado que mais contribuiu para a perda da floresta com 480,3 quilômetros quadrados de área desmatada, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O alerta sobre o avanço do desmatamento ocorre no momento em que o projeto que altera o Código Florestal aguarda para ser votado na Câmara dos Deputados. A votação do texto já foi adiada três vezes por falta de consenso entre governo, o relator, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e parlamentares.

O desmatamento da Amazônia, floresta vital para as pretensões brasileiras de protagonismo na área ambiental e nas negociações internacionais sobre as mudanças do clima, registrou grande aceleração em abril na comparação com março, segundo os números do Inpe, indo de 115,6 quilômetros quadrados, para 477,4 quilômetros quadrados de um mês para o outro.

"Esses dados têm um efeito muito ruim para o Brasil no cenário internacional, por conta dos compromissos assumidos pelo país na COP-15", disse à Reuters o responsável pela Campanha de Florestas do Greenpeace, Márcio Astrini.

O ambientalista se referiu à conferência sobre mudanças climáticas na qual o Brasil apresentou um compromisso voluntário de reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa, o que inclui reduzir o desmatamento.

Para ele, a possibilidade de aprovação do novo Código Florestal explica a alta no desmatamento. "O crescimento do desmatamento tem toda a relação (com a discussão do projeto que altera o Código Florestal). Por eliminação, é a única razão que explica o aumento do desmatamento", disse.

Para ele, o relatório de Rebelo anistia proprietários rurais irregulares e incentiva o desmatamento ao suspender embargos a quem desmatou ilegalmente.

A reforma do texto do código pode trazer mudanças nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e na Reserva Legal, partes das propriedades que têm de ser mantidas intactas, sem a destinação para atividades econômicas.

SALTO

Embora o Inpe desaconselhe comparações com os mesmos meses dos anos anteriores, por conta da diferença na cobertura de nuvens entre os períodos, para se ter uma ideia, entre março e abril do ano passado foi detectado um desmatamento de 103,5 quilômetros quadrados na Amazônia.

Ou seja, o número aferido pelo Inpe em março e abril deste ano, representa um salto de 472,9 por cento na comparação com o ano anterior.

Em Mato Grosso --principal produtor de soja e algodão do país e que abriga o maior rebanho bovino do Brasil-- o desmatamento detectado pelo sistema Deter, do Inpe, saltou de 76,4 quilômetros quadrados em março e abril do ano passado, para 477,4 quilômetros no mesmo período deste ano.

Na terça-feira, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou um alerta sobre a escalada do desmatamento em Mato Grosso em abril deste ano.

De acordo com a organização não-governamental, que usa um sistema de detecção de desmatamento diferente do usado pelo Inpe, o desmatamento no Estado somou 243 quilômetros quadrados, saltando 537 por cento na comparação com o mesmo mês de 2010.

Após a divulgação do alerta do Imazon, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que também é a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), foi à tribuna do Senado e acusou o Imazon de divulgar dados inverídicos sobre o desmatamento na Amazônia.

A senadora, que está de saída do DEM rumo ao PSD, lançado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que com a divulgação de dados não-verdadeiros, o Imazon causaria "terrorismo à população brasileira", segundo a Agência Senado.


Desmatamento na Amazônia Legal cresce cerca de 1000% em um ano, afirma Imazon

O Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia) divulgou nesta quarta-feira, 23 de fevereiro, um boletim que mostra um excessivo aumento no desmatamento da Amazônia Legal. Os números negativos apontam obras de infraestrutura como as principais responsáveis do recrudescimento do desmate na região.

De dezembro de 2009 a dezembro de 2010, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) registrou um aumento de exatos 994% do desmate da Amazônia. Em quilômetros quadrados, isso equivale a um crescimento de 159 quilômetros quadrados do ano anterior - em 2009, o número foi de 16 km2 enquanto 2010 obteve 176 km2 desmatados.

Os primeiros resultados de 2011, já detectados pelo sistema, mostram que o aumento ainda persiste. O crescimento de 22% de janeiro de 2011 para o mesmo mês do ano anterior, 83 km2 em 2011 contra 68 km2, evidenciam que o desmate na região amazônica não cessou.

O sistema via satélite do Imazon registrou outro avanço do desmate. De agosto a janeiro de 2011, a devastação cresceu 3% ao período de 2009, numa diferença de 22 km2.

Florestas degradadas

Quanto às florestas degradadas, as notícias do relatório permanecem ruins. São 4.818% de aumento na degradação das florestas de 2010 para 2009. Em dezembro de 2009, 11 km2 haviam sido registrados, já neste mês em 2010, foram somados i541 km2 de desmate. Em janeiro de 2011, o satélite detectou também um aumento de 637% de degradação.

Pelo menos o número de carbono florestal comprometido pelo desmatamento diminuiu. Nos últimos seis meses, o satélite percebeu uma redução de 5,2% em relação ao período anterior. Em 2009, 47 milhões de toneladas de CO2 foram afetados, enquanto que até janeiro de 2011, os números chegaram a apenas 13,9 milhões de toneladas de carbono florestal comprometido.

Obras de infraestrutura são responsáveis pelo desmate

Segundo o Imazon, o município que mais desmatou em dezembro foi Porto Velho, 39 km2, justamente o local onde ficam as hidrelétricas do Rio Madeira.


Margens do Rio Madeira foram desmatadas para a usina/Foto: Riosvivos.org

Para Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, esta é a causa mais provável para os consequentes desmates da região. "Não tem outra explicação que não sejam Jirau e Santo Antônio. Deveria ser uma área alvo de fiscalização.", criticou o pesquisador.

O consórcio Santo Antonio Energia está fazendo o desmate, autorizado pelo Ibama, de 110 quilômetros quadrados para o reservatório da usina. Porém, segundo a coordenadora de Relações Institucionais da Santo Antonio Energia, Mariana Scalzo, vai haver uma recuperação dessa área, já que ela afirmou que 350 quilômetros quadrados de área serão destinados às APPs (áreas de preservação permanente).

Outra região bastante desmatada e alertada tanto pelo Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) quanto pelo Imazon é aquela próxima a duas obras de infraestrutura. As rodovias BR-319 e Transamazônica, que está sendo pavimentada, correspondem as áreas mais críticas de desmatamento: o sul do Amazonas e o estado de Rondônia.

Imazon e Inpe

O Inpe é o órgão oficial que registra os desmatamentos no Brasil. O que não quer dizer que os dados do Imazon, instituto de pesquisa cuja missão é promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia por meio de estudos, não estejam também corretos.

O SAD, sistema utilizado pelo Imazon, mesmo detectando, neste estudo, somente 30% da área florestal da Amazônia, porque as regiões estavam cobertas por nuvens nos períodos do estudo, encontrou números parecidos com os do Inpe, divulgados no começo desse mês.

Um exemplo disso são os números registrados de agosto de 2010 a janeiro de 2011, quando o SAD indicou 3% de aumento (de 836 km2 para 858 km2) do desmatamento. O sistema Deter, do Inpe, encontrou na mesma época, 10% de aumento de corte da floresta, registro parecido com os números do Imazon.

O fato é que, em dois anos e meio, o desmatamento tem crescido bastante e o governo precisa investir mais nas políticas públicas em relação, principalmente, aos desmates das obras de infraestrutura do país.


SAD Alerta Mato Grosso Abril 2011


Na análise dos dados do SAD de abril de 2011 detectamos um aumento muito expressivo do desmatamento e de degradação florestal em Mato Grosso. Trata-se de uma situação grave que exigiu atenção especial do Imazon. O resultado foi o “SAD Alerta” especial para Mato Grosso inaugurando um nova modalidade de divulgação dos dados da iniciativa Transparência Florestal do Instituto. Continuaremos a divulgar mensalmente os boletins do SAD para toda a Amazônia Legal, mas sempre que for necessário anteciparemos divulgação dos dados para áreas críticas especificas.

Em abril de 2011 o desmatamento atingiu 243 quilômetros quadrados em Mato Grosso, o que corresponde a aumento expressivo de 537% em relação a abril de 2010 quando o desmatamento somou apenas 38 quilômetros quadrados. No acumulado do período (agosto 2010 –abril 2011) o aumento é de 96% se comparado ao mesmo período anterior (agosto 2009-abril 2010).

Com relação a degradação florestal os dados registrados são alarmantes: 1755 quilômetros quadrados em abril de 2011. No acumulado do período (agosto 2010-abril 2011) a degradação já subiu 466% em relação ao período anterior (agosto 2009-abril 2010).

O aumento expressivo do desmatamento e degradação florestal em Mato Grosso pode estar associado a expectativa de mudança do código florestal, como revelou relatório do Instituto Centro de Vida (ICV). Ações fortes de combate ao desmatamento e degradação por parte do governo são urgentes e devem focar nos municípios críticos.

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