quinta-feira, 14 de abril de 2011

Reformas em escolas estaduais devem custar até R$ 1 bilhão


O governo do estado estima gastar de R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão para reformar as cerca de 2,2 mil escolas estaduais durante os quatro anos da gestão Beto Richa (PSDB). Não se sabe, no entanto, de onde virão os recursos – que podem representar até 25% do orçamento da Secretaria de Estado da Educação (Seed) de R$ 4,1 bilhões em 2011. Em princípio, as possibilidades para obtenção da verba são financiamentos do Ministério da Educação ou do Banco Mundial.

Ontem, o governo divulgou o diagnóstico da situação estrutural e administrativa da educação, indicando que cerca de 200 escolas estaduais precisam de reformas urgentes. As instituições foram eleitas pelos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná. Conforme o superintendente de Desenvolvimento da Educação da Seed, Jaime Sunye Neto, os problemas mais comuns são divididos em três categorias: elétricos, hidráulicos e de cobertura. “Houve instalação de laboratórios de informática nas escolas e de iluminação das quadras, mas não houve adequação”, diz.

O aumento de exigência transformou as necessidades escolares, abrindo espaço para salas de informática ou ciências que nem sequer eram pensadas há 30 anos. Por esse motivo, Sunye Neto ressalta ser preciso intervenções na maior parte das escolas estaduais, mesmo que não apresentem problemas graves. “Há pequenas reformas a serem feitas para corrigir falhas das construções antigas, como a falta de acessibilidade e de isolamento acústico”, explica.

O professor do programa de pós-graduação em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná Joe Garcia diz que o sucesso da empreitada depende da superação de uma das maiores dificuldades da educação mundial: a obtenção de recursos. “É uma das questões mais complicadas. O sucateamento da educação não começou no ano passado. Reflete como a escola pública é pensada há décadas”, afirma. “Não basta só injetar dinheiro, mas mudar a mentalidade da gestão.”

Doutora em Políticas Públicas, a professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Berta Borja Reis do Vale sugere que a iniciativa privada ou até mesmo entidades participem do processo de reforma e de manutenção. “No Rio de Janeiro, uma escola chamada Almirante Saldanha recebia a manutenção de pintura da Marinha. Também conheço escolas com nomes de cidadãos americanos, que recebiam ajuda do consulado”, opina.

Influência

Secretária educacional da APP-Sindicato, a professora Janeslei Albuquerque diz que o primeiro fator a ser observado em uma escola é a aparência. “Ao analisar nossas escolas, pode se perceber que não são prioridade”, revela. De acordo com ela, o fato de estar em um ambiente agradável interfere nas relações e colabora para a melhoria do aprendizado. “Mas não adianta só a estrutura física. Há necessidade de mais funcionários porque temos salas com até 67 alunos”, reclama.

Joe Garcia afirma que a cultura e o ambiente de aprendizagem são diretamente afetados pela condição estrutural da escola. “Isso está relacionado com o modo como se dá a relação professor e aluno, influenciando diretamente no processo de ensino”, diz. Quando não existem condições mínimas, até a construção da identidade do estudante é afetada. “Esses aspectos criam o senso de pertencimento e geram orgulho de frequentar aquele local”, esclarece. (GP)

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