quinta-feira, 14 de abril de 2011

Do blog do Lineu Tomass: “OS DOIS REQUIÕES”

Depoimento para a história política do Paraná.

O INÍCIO DA CARREIRA POLÍTICA DE ROBERTO REQUIÃO

O senador Requião iniciou sua carreira política na remontagem do MDB de Curitiba, quando juntos fundamos o PMDB da Capital, por exigência idiota dos generais que comandavam o Regime Militar de 1964, ao exigirem em lei autoritária que todos os partidos políticos seriam obrigados a iniciar suas siglas com a letra “P” de partido, tentando assim afogar a sigla MDB. Na época, faziam parte do PMDB importantes facções da esquerda, clandestinas na época, tais como o PCB (Partido Comunista Brasileiro), PC do B ( Partido Comunista do Brasil), o MR-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro), além de democratas e grupos da social democracia. Na época, (1979 / 1980), o Requião era um militante que distribuía panfletos de protestos contra a Ditadura Militar, com os demais companheiros em plena Rua Quinze em Curitiba, para surpresa dos conservadores curitibanos, pela ousadia desta turma.

ÉPOCA ÁUREA DO IDEALISMO INGÊNUO

Na época, a ÉTICA, o IDEALISMO e o COMBATE A CORRUPÇÃO, davam o tom e norteavam nossas ações políticas, desde estas manifestações no Centro de Curitiba, até nos bairros paupérrimos da Vila Maria, onde o líder local, Cezar Pelosi, abria as portas do que então era uma favela, uma invasão. Nossas ações eram pela JUSTIÇA SOCIAL e MELHOR DISTRIBUIÇÃO DE RENDA. Lembro que a militante, Dra. Clair Martins (advogada), fazia campanha conosco, divulgando dados estatísticos ONDE PROVAVA QUE O BRASIL ERA O CAMPEÃO MUNDIAL DE DIFERENÇAS DE SALÁRIOS, se não me engano, na base de UM para CINQUENTA SALÁRIOS. Era uma prova inequívoca da persistência do modelo perverso denunciado pelo sociólogo Gilberto Freyre, no seu livro, ” CASA GRANDE E SENZALA “, onde Freyre denunciava o ainda hoje existente modelo. O Requião, apoiava este discurso e nos ajudava a combater as diferenças de ganhos salariais. Este era o Requião do “ideal”.

O PRIMEIRO GRANDE OBSTÁCULO

Após estas lutas, com base nestes ideais, com o apoio forte da pobreza da periferia, Requião foi eleito dep. estadual. Após esta eleição, o PMDB de Curitiba, vendo no Requião seu comportamento de idealista, resolveu apoiá-lo como candidato a prefeito de Curitiba, o que aconteceu na maior batalha política onde participei na vida, atirado de cabeça em apoio ao Requião. Duas grandes batalhas NÓS vencemos a favor de nossos ideais e do Requião. A primeira foi uma luta dura para conseguirmos o apoio dos cardeais do PMDB do Governo de José Richa, onde tínhamos forte oposição do pessoal da Casa Grande, representados pelas lideranças de Jaime Canet e Afonso de Camargo Neto, (eram Arena 2), que foram incorporados através do PP (Partido Popular), sigla que criaram para continuar mandando, agora, via PMDB.

O SEGUNDO E MAIOR OBSTÁCULO

A segunda grande luta, foi ganhar a eleição do então MITO da política do Paraná, o arquiteto JAIME LERNER, candidato pelo PDS-Partido Democrático Social, sucedâneo da ARENA que era o partido da Ditadura Militar de 64. Lerner no início da campanha detinha uns 64 % da preferência do eleitorado de Curitiba. Requião contava com 4 %. Em noventa dias, contando com os 28 MIL filiados do PMDB que aderiram as nossa lutas e aos nossos ideais, e com um voluntariado surpreendente, inclusive com o apoio forte do jornalista LUIZ GERALDO MAZZA, montamos nos cinco diretórios zonais de Curitiba, MAIS DE 1.600 PONTOS DE APOIO, em toda a cidade. Lerner assustou-se com nossa organização. O governador José Richa, aderiu também a campanha, licenciou-se do cargo, e levantava de madrugada para percorrer os terminais de ônibus pedindo votos para o candidato Roberto Requião. RESULTADO. Ganhamos a eleição por mais de 19.000 votos de Jaime Lerner, com um forte discurso SOCIAL, acirrando as diferenças entre as classes mais ricas e a mais pobres. “Rico não precisa de precisa de prefeito. Quem precisa de prefeito é o pobre da periferia”, discursava o Requião na campanha.

O PODER EMABAÇA A MENTE

Requião a partir desta eleição de prefeito de Curitiba, seguiu individualmente na sua carreira. Já não mais precisa da militância idealista que o carregou nas costas. Na sua primeira eleição ao governo do Paraná, Requião teve como adversários, o então empresário de comunicação, JOSÉ CARLOS MARTINEZ (TV Canal 6), e o seu ex-companheiro JOSÉ RICHA……
O QUAL JÁ ESTAVA APOSENTADO – COMO GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ – RICHA, GANHAVA NA GRANA DE HOJE R$ 25 MIL REAIS POR MÊS DOS COFRES DO GOVERNO DO PARANÁ, quando então Requião se utilizou deste fato para denunciar JOSÉ RICHA, COMO; “O GOVERNADOR APOSENTADO” , E ATACOU RICHA VIOLENTAMENTE POR ESTE MOTIVO……ESTAR APOSENTADO COM O DINHEIRO PÚBLICO. Chegou a comparar os 25 mil reais, com o salário mínimo do trabalhador.
Com este discurso, Requião, derrotou José Richa, que perdeu já no primeiro turno, e depois caiu fora da vida pública, desgostoso com a política e com seus ex-companheiros.

O “TRI-GOVERNADOR” REQUIÃO

Posteriormente Requião se reelegeu, mais duas vezes como governador do Paraná, E NUNCA ACEITOU A APOSENTADORIA DE GOVERNADOR, QUE CRITICAVA FEROZMENTE NO PASSADO. Era o Requião “do ideal”.

O ABRAÇO DA COMBATIDA APOSENTADORIA

Sorrateiramente, após passada a eleição de outubro de 2010, e após o Roberto Requião ter sido eleito a senador, o danado do “OUTRO REQUIÃO”, o do “fisiologismo”, ENTROU COM REQUERIMENTO PEDINDO SUA APOSENTADORIA DE GOVERNADOR DO PARANÁ, E JOGOU NO LIXO A SUA IMAGEM DE LIBERTÁRIO, DE ÉTICO, DE IDELAISTA, E DE MILITANTE QUE DISTRIBUIA PANLFETOS CONTRA A DITADURA MILITAR DE 64, NA RUA QUINZE DE NOVEMBRPO DE CURITIBA.

OS DOIS REQUIÕES

Aí estão os “dois Requiões”. Escolham os qual deles vocês preferem. O Requião do passado, da SENZALA, militante idealista, combatente social das diferenças salariais, ou o outro Requião, (O APOSENTADO COM TUA GRANA), hoje grande líder da CASA GRANDE, que se abraçou açodado na APOSENTADORIA DE GOVERNADOR DO PARANÁ – de R$ 25 MIL REAIS P/ MÊS, FORA OUTRAS APOSENTADORIAS ?

REQUIÃO TAMBÉM NÃO PRECISA MAIS DE PREFEITO

Assim Requião leva mais uma vantagem a “lá Gerson”, pois ele também não vai mais precisar de prefeito.

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