quinta-feira, 7 de abril de 2011

Oposição líbia inclui terroristas islâmicos

por Michel Chossudovsky

Há várias facções no interior da oposição líbia: Monárquicos, desertores do regime Kadafi incluindo o ministro da Justiça e mais recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros Moussa Koussa, membros das Forças Armadas Líbia, a Frente Nacional para a Salvação da Líbia (NFSL na sigla em inglês), a Conferência Nacional para a Oposição Líbia (NCLO na sigla em inglês) a qual actua como uma organização superior.

Raramente reconhecido pelos media ocidentais, a Al-Jamaa al-Islamiyyah al-Muqatilah bi Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (Libya Islamic Fighting Group, LIFG) é parte integral da oposição líbia.

O Conselho Interino Líbio (Libyan Interim Council) não constitui uma entidade claramente definida. É baseado na representação de conselhos locais recém criados estabelecidos para "administrar a vida diária nas cidades e aldeias libertadas)". ( The Libyan Interim National Council" The Council's statement )

As forças de oposição são em grande parte constituídas por milícias civis não treinadas, antigos das Forças Armadas Líbias juntamente com paramilitares treinados do Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG).

O LIFG, o qual está alinhado com a Al Qaeda está, segundo relatórios, na linha de frente da insurreição armada.

Tanto o LIFG como entidade como os seus membros individuais são classificados pelo Conselho de Segurança da ONU como terroristas. Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA: "O Grupo de Combate Islâmico da Líbia ameaça a segurança global e a estabilidade através da utilização da violência e da sua aliança ideológica com a Al Qaida e outras organizações terroristas brutais".

Os conceitos estão invertidos. Tanto Washington como a NATO, que afirmam estarem a travar "uma Guerra ao Terrorismo" estão a apoiar um "movimento pró democracia" integrado por membros de uma organização terrorista.

Numa ironia cruel, Washington e a Aliança Atlântica estão a actuar em desobediência às suas próprias leis e regulamentos anti-terroristas.

Além disso, o apoio sob a "Responsabilidade de proteger" ("Responsibility to Protect", R2P) forças de oposição integradas por terroristas é implementado de acordo com a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, o qual está a violar flagrantemente a Resolução 1267 do próprio CSONU. Este último identifica o Al-Jama'a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) como uma organização terrorista.

Por outras palavras, o Conselho de Segurança da ONU está em flagrante violação não só da Carta das Nações Unidos como das suas próprias resoluções.


A rede Al Qaeda como instrumento de intervenção dos EUA-NATO

Amplamente documentada, a "Jihad islâmica" foi apoiada encobertamente pela CIA desde o desencadeamento da guerra soviético-afegã. A Central Intelligence Agency (CIA) utilizando a Inter-Services Intelligence (ISI) dos militares do Paquistão desempenhou um papel chave no treino dos Mujahideen. Por sua vez, o treino de guerrilha patrocinado pela CIA foi integrado com os ensinamentos do Islão:

"Em Março de 1985, o presidente Reagan assinou a Decisão Directiva de Segurança Nacional 166, ... [a qual] autoriza um avanço na ajuda militar encoberta ao Mujahideen e deixava claro que a guerra secreta afegã tinha um novo objectivo: derrotar as tropas soviéticas no Afeganistão através da acção encoberta e encorajar a sua retirada. A nova assistência encoberta dos EUA começou com um aumento dramático nos fornecimentos de armas – uma ascensão firme para 65 mil toneladas anuais em 1987, ... bem como um "fluxo incessante" de especialistas da CIA e do Pentágono que viajavam para a sede secreta do ISI do Paquistão na estrada principal próxima a Rawalpindi, Paquistão. Ali os especialistas da CIA encontravam-se com oficiais da inteligência paquistanesa a fim de ajudar a planear operações para os rebeldes afegãos". (Steve Coll, Washington Post, July 19, 1992).

Origens históricas do Libya Islamic Fighting Group (LIFG)

O Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), Al-Jama'a al-Islamiyyah al-Muqatilah bi-Libya foi fundado no Afeganistão pelo mujahideens veteranos líbios da guerra afegã contra os soviéticos.

Desde o início, na primeira metade da década de 1990, o LIFG desempenhou o papel de um "activo de inteligência" por conta da CIA e do serviço secreto de inteligência britânico, MI6. Arrancando em 1995, o LIFG esteve envolvido activamente numa Jihad islâmica contra o regime leigo líbio, incluindo uma tentativa de assassínio de Muamar Kadafi em 1996.

"O antigo operacional do MI5, David Shayler, revelou que enquanto estava a trabalhar sobre a secção da Líbia em meados da década de 1990, pessoal do serviço secreto britânico colaborou com o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG), o qual está conectado da um dos lugares-tenentes de confiança de Osama bin Laden. O LIFG é agora considerado um grupo terrorista no Reino Unido".

Ataque terroristas em estilo guerrilha foram rotineiramente efectuados contra forças de segurança, polícia e pessoal militar do governo líbio:

"Choques violentos entre forças de segurança (de Kadafi) e guerrilhas islâmicas irromperam em Bengazi em Setembro de 1995, deixando dezenas de mortos em ambos os lados. Após semanas de combate intenso, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia (LIFG) declarou formalmente a sua existência num comunicado em que chamava o governo de Kadafi de "regime apóstata que blasfemou contra a fé de Deus Poderoso" e declarava que o seu derrube era "o mais premente dever após a fé em Deus". Este e os seguintes comunicados da LIFG foram emitidos por afegãos líbios aos quais fora concedido asilo político na Grã-Bretanha... O envolvimento do governo britânico na campanha do LIFG contra Kadafi permanece assunto de imensa controvérsia. A grande operação seguinte do LIFG, uma tentativa de assassinato de Kadafi em Fevereiro de 1996 que matou vários dos seus guarda-costas, foi dito posteriormente que fora financiada pela inteligência britânica ao custo considerável de US$160 mil, segundo o ex-oficial do MI5 David Shayler. Se bem que as alegações de Shayler não tenham sido confirmadas independentemente, é claro que a Grã-Bretanha permitiu ao LIFG desenvolver uma base de apoio logístico e levantamento de fundos no seu território. De qualquer modo, o financiamento por bin Laden parece ter sido muito mais importante. Segundo um relatório, o LIFG recebeu mais de US$50 mil do mentor terrorista saudita por cada um do seus militantes mortos no campo de batalha ".

Há informações contraditórios sobre se o LIFG é parte da Al Qaeda ou está a actuar como uma entidade jihadista independente. Um relatório sugere que em 2007 o LIFG tornou-se "uma subsidiária da Al Qaeda, assumindo posteriormente o nome de Al Qaeda no Maghreb Islâmico (Al Qaeda in the Islamic Maghreb, AQIM). (Ver Webster Tarpley The CIA's Libya Rebels: The Same Terrorists who Killed US, NATO Troops in Iraq , Global Research, March 2011)

Continuidade nas operações de inteligência dos EUA e aliados: Operacionais da Al Qaeda na Jugoslávia

Desde a guerra soviético-afegã, a rede Al Qaeda tem servido como um "activo de inteligência" para a CIA. Como confirmado por um documento de 1997 do Senado dos EUA, operacionais da Al Qaeda foram utilizados pela administração Clinton para canalizar apoio para o Exército Muçulmano Bósnio no princípio da década de 1990.

O Exército de Libertação do Kosovo (KLA na sigla em inglês), o qual foi apoiado pela NATO, desenvolveu laços extensos com a rede de terror islâmico.

A Al Qaeda na Jugoslávia serviu como um activo de inteligência no contexto da "guerra humanitária" da NATO. Organizações terroristas foram encobertamente apoiadas e financiadas. A intervenção da NATO chegou para resgatar o Exército de Libertação do Kosovo (KLA) o qual era apoiado por operacionais da Al Qaeda.

Isto faz parte do padrão EUA-NATO: Apoiar uma insurreição integrada por terroristas tendo em vista justificar intervenção com argumentos humanitários para "salvar as vidas de civis".

Esta foi a justificação da NATO para intervir na Bósnia e no Kosovo. Que lições extrair para a Líbia?

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