sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A descriminalização das drogas resolve o problema?

Por Nérison Bauer/Opinião e Notícias

A invasão da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, dois dos principais redutos do tráfico no Rio de Janeiro, pelas polícias Civil, Militar e Federal, e pelas Forças Armadas, trouxe à tona novamente uma polêmica. As drogas devem ou não ser descriminalizadas no Brasil?

O debate ganha em intensidade no momento em que a polícia faz uma apreensão de maconha em um só dia que corresponde a média apreendida em um ano nos morros cariocas: nada menos do que 40 toneladas da substância foram localizadas pelas forças de segurança escondidas em casas e vielas das favelas. Muitos defendem que a maconha, e mesmo drogas mais pesadas como cocaína, heroína e crack, devem ser descriminalizadas como uma forma de acabar com a violência do tráfico em comunidades carentes. Mas será que se acaba com a violência e com o crime organizado simplesmente legalizando o consumo das drogas? É bem possível que não. O tráfico é formado por jovens que, em sua maioria, vivem à margem da sociedade. Se eles não tiverem o lucro do tráfico, vão seguir na direção dos assaltos a pedestres e bancos, dos sequestros, dos furtos e dos roubos de cargas e automóveis, por exemplo.

O comércio de drogas como uma saída

No fundo, a origem dessa violência é o abandono desses jovens por parte do Estado. Jovens que crescem tendo criminosos como heróis. Essa visão está começando a mudar com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros do Rio. O advento das UPPs teria, inclusive, sido o estopim para que o crime organizado começasse a onda de ataques pelo estado do Rio, como afirmou o governador Sergio Cabral. Para o chefe do Executivo fluminense, é claro que há um descontentamento e um certo desespero dos criminosos por perderem o domínio dessas favelas.


Toneladas de maconha foram apreendidas no Complexo do Alemão (Fonte: Janine Louven)
Entretanto, não se pode tratar da questão da droga no Brasil só com descriminalização ou, no outro extremo, exclusivamente com repressão. Mais do que isso, é fundamental a integração dessas comunidades com uma grande rede social a ser promovida pelo governo. Há muita entidade filantrópica nas clínicas de recuperação, e deve-se insistir no esforço de recuperar quem já está viciado e cuidar de impedir que outros entrem nesse mundo. Uma política de esclarecimentos sobre isso deve ser desenvolvida.

Os que defendem a descriminalização da maconha, por exemplo, alegam que ela não é uma substância que cause vício, que a folha da maconha tem fins medicinais e que algumas cidades como Amsterdã, na Holanda, tiveram experiências bem sucedidas. Será que entendem que, com o consumo de drogas migrando da ilegalidade para a legalidade, os hoje traficantes tenderiam a se tornar comerciantes, contribuintes que pagariam seus impostos ao governo religiosamente em dia e largariam suas armas e o poder que detêm em suas favelas? O problema a ser resolvido, de fato, não é apenas descriminalizar o consumo de drogas, e sim dar oportunidades verdadeiras para os jovens das classes mais pobres da sociedade.

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