segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Buraco na camada de ozônio tem maior tamanho e duração


Em 2009, a extensão do buraco beirou o Rio Grande do Sul e deixou o estado ainda mais vulnerável à incidência de raios ultravioleta


Ainda não se sabe porque um buraco na camada de ozônio, que normalmente se forma sobre a Antártica em setembro, tem aumentado de área e duração. Para estudar o fenômeno, estudiosos de Argentina, Brasil, Chile e Holanda se uniram e irão publicar um artigo na revista “Geophysical Research Letters”.

Em 2009, a extensão do buraco beirou o Rio Grande do Sul e deixou o estado ainda mais vulnerável à incidência de raios ultravioleta. Uma das preocupações dos cientistas é a interação entre o buraco e o aquecimento global.

De acordo com medições realizadas, a temperatura de onde fica a camada de ozônio, a estratosfera, cai de 60 a 80 graus Celsius negativos, durante a formação do buraco.

Em 2009, o limite da camada de ozônio atingiu a Argentina e o Chile. No entanto, células de ar muito vulneráveis a raios ultravioleta desprenderam-se e atingiram o centro do Rio Grande do Sul. São como miniburacos, que provocariam um aumento da temperatura.

Apesar de a radiação ultravioleta não ter conexão direta com o aquecimento global, quando a incidência desses raios aumenta em uma área poluída, reações químicas provocadas por eles causam um aumento de temperatura.


Eliminar outros gases pode ser a saída

Acordos para redução na emissão de gases que provocam o aquecimento global poderiam dar mais certo se especificassem o gás a ser combatido. O acordo de Montreal, criado para eliminar metade dos gases causadores do buraco na camada de ozônio em 12 anos, foi muito bem sucedido. Reduziu em uma década para zero a emissão desse tipo de gás. Foi o equivalente a eliminar 189 bilhões de toneladas de CO2.

Enquanto isso, o protocolo de Kyoto eliminou aproximadamente 10 bilhões de toneladas. O CO2 é causador de apenas metade do aquecimento global. Eliminar outros gases pode ser mais fácil e eficiente.

O gás metano é majoritariamente produzido por animais e é responsável por 10% do aquecimento global feito pelo homem. O gás conhecido como carbono negro é o maior responsável pelo degelo no Ártico. Como fica pouco tempo na atmosfera, caso sua emissão fosse eliminada, os efeitos seriam imediatos.


Gado brasileiro lança metano na atmosfera por alimentação inadequada

Dono do maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil está longe de implementar ações para reduzir a emissão de metano pelo arroto bovino. As 205,9 milhões de cabeças, segundo levantamento de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), emitem 8 milhões de toneladas do gás por ano, o que representa 10% do metano ruminal do mundo inteiro e 3% do total produzido pelas atividades humanas.

Indicações teóricas e práticas para essa finalidade não faltam. O problema é que, pelo andar da carruagem, as recomendações técnicas baseadas em pesquisas científicas vão demorar muito ainda para serem seguidas pelo conjunto da pecuária nacional.

A opinião é do engenheiro agrônomo Odo Primavesi, aposentado recentemente pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP). Um dos maiores especialistas no assunto em todo o mundo, ele coordenou pesquisadores que realizaram as primeiras medições das quantidades de metano emitidas por bovinos brasileiros em condições de campo, além de estudar as pastagens e a alimentação desses animais.

O metano (CH4) é altamente prejudicial para o aquecimento global porque, junto com o gás carbônico (CO2) e o óxido nitroso (N2O), impede que o calor gerado pelos raios solares deixe a superfície da Terra e as camadas mais baixas da atmosfera. Na pecuária, o CH4 é produzido durante a digestão de ruminantes, como os bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos.

Dentro do rúmen, a primeira parte do estômago desses animais, o capim é fermentado por bactérias, fungos e protozoários. Nessa reação, os carboidratos das plantas são convertidos em ácidos graxos e há liberação de gás carbônico e metano – que vão para a atmosfera pela eructação – e não pela flatulência. Ou seja, é o arroto bovino, e não o pum, que libera o gás nocivo.

As quantidades produzidas dependem das concentrações e das proporções dos ácidos produzidos, que por sua vez estão relacionados a características nutricionais da dieta animal. Outro problema do metano produzido no rúmen é que ele nada mais é do que perda de energia do alimento, refletindo em ineficiência na produção animal.

Segundo Primavesi, os estudos realizados nos últimos 15 anos em vários países mostram que as emissões gasosas estão diretamente relacionadas à alimentação que o gado recebe. Ou seja, o vilão não é o boi, e sim o capim muito fibroso, passado, de difícil digestão e pouco nutritivo. Esse tipo de material é típico de pastagens brasileiras mal manejadas, que compõem a base dieta bovina.

No Brasil, conforme seus cálculos, há em torno de 200 milhões de hectares de pastagens, das quais 50 milhões praticamente degradados e abandonadas por criadores que, em vez de investir na recuperação do pasto, vão norte acima em busca de terras mais baratas.

Diversas pesquisas mostram também que pastos bem cuidados ajudam o meio ambiente porque seqüestram o gás carbônico da atmosfera. Para complicar, durante o período mais seco do ano na região central do país, onde estão os maiores rebanhos, o capim fica escasso. Então o gado perde energia em forma de metano também devido às longas caminhadas em busca de forragem e água associadas à exposição ao sol causticante pela falta de sombra nas extensas pastagens onde é criado solto.

Além do mau uso da terra, ele ressalta outro aspecto ligado às altas emissões de CH4: a baixa produtividade do rebanho nacional. Se fosse mais bem alimentado e manejado, em vez de ficar 39 meses no pasto, cada animal poderia ficar apenas 26 ou mesmo 18 meses. Isso significa reduzir de 111 para 73 quilos as emissões totais por animal.

“Os ganhos seriam a melhor qualidade ambiental, maior atratividade comercial e economia por meio de giro mais rápido do capital. Ou seja, menor área de pastagem necessária para a produção de carne e leite”, diz o agrônomo.

As conclusões do pesquisador apontam alternativas para a diminuição das emissões relacionadas à melhoria da qualidade da dieta animal, com grande oferta de alimentos ricos em carboidratos rapidamente digeríveis, vindos de um conjunto de plantas forrageiras formadas por gramíneas e leguminosas que contenham mais proteína.


Fontes globais de metano:

-Queimadas 11%

-Ruminantes 22%

-Esterco 7%

-Combustível fóssil 28%

-Arroz 17%

-Tratamento de águas e esgoto 7%

-Terras cultivadas 8%

Fonte: US Environmental Protection Agency

1 comentários :

Anônimo disse...

UMA PERGUNTA CADA VEZ MAIS CRÍTICA

Por que, cada vez mais nas discussões sobre Mudanças limáticas, a ênfase sobre a importância da sociedade (não apenas de sua conscientização, mas também de sua participação nos processos decisórios) vem gradativamente sendo colocada em segundo plano? Será que acredita-se que este assunto será imposto ao comportamento atual da sociedade de forma tranquila, apenas enfatizando a importância do mesmo? Nada contra os que consideram este aspecto de menor importância; estou preocupado com aqueles que consideram esta ação prioritariamente importante e estão se acomodando em não explicitar suas posições.

Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
roosevelt@ebrnet.com.br

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