terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fruet quer investigar dossiê com estatais


Fábio Góis

O deputado Gustavo Fruet (PR) vai sugerir ao seu partido, o PSDB, que apresente representações em diversas instituições com o objetivo de investigar a atuação de estatais e fundos de pensão na produção de dossiês contra adversários do governo Lula. Líder da minoria na Câmara, Fruet quer que sejam acionados Ministério Público, Controladoria Geral da União, Secretaria de Previdência Complementar e Comissão de Valores Mobiliários – além do próprio Congresso, com suporte do Tribunal de Contas da União.

A ação de Fruet é uma resposta à entrevista concedida à revista Veja pelo advogado Gerardo Xavier Santiago, ex-gerente Executivo da Previ (fundo de pensão dos servidores do Banco do Brasil). Na reportagem, Gerardo confessou ter atuado em uma espécie de núcleo de montagem de dossiês – documentos comprometedores produzidos contra opositores políticos – sobre o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen e o candidato tucano à Presidência da República, José Serra, durante a gestão deste à frente do governo de São Paulo (2007-2010).

Na entrevista a Veja, Gerardo declarou que a Previ também ajudou na arrecadação de recursos para os caixas do PT, tendo montado uma rede de conselheiros petistas (ou ligados à legenda) dispostos em empresas com participação do Fundo. O papel dos conselheiros junto às companhias era justamente interferir nas doações partidárias.

“A Previ é um braço partidário; é um bunker de um grupo do PT, uma fábrica de dossiês”, disse Gerardo, ex-integrante do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, citando nominalmente petistas graúdos. “A Previ está a serviço de um determinado grupo muito poderoso comandado por Ricardo Berzoini, Sérgio Rosa, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto.”

Diante das acusações, Fruet diz que o governo incorreu em diversos crimes ao “patrocinar” a produção de dossiês. “Isso mostra o uso indevido da estrutura dos fundos de pensão, que têm por finalidade proteger o dinheiro dos beneficiários e não podem ser usados em benefício de interesses partidários”, destacou o deputado tucano, sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios, durante o caso do mensalão.

Força-tarefa no Senado

Fruet diz não se surpreender com a prática de elaboração de dossiês “diante do histórico dos últimos anos” – referência velada a episódios como o “dossiê dos aloprados”, em que, segundo a oposição, petistas ligados à campanha de Aloizio Mercadante (PT-SP) produziram um material para minar a candidatura de José Serra, em 2006, na disputa ao governo paulista. Segundo as denúncias, R$ 1,7 milhão foi usado na reunião de informações contra o tucano.

Desdobramentos das denúncias de Gerardo Santiago foram veiculadas na edição de hoje (segunda, 9) do jornal O Globo – os fundos de pensão serviram de suporte estratégico durante a crise do mensalão, estampa o diário fluminense. Na reportagem, o advogado disse que integrou força-tarefa encomendada pelo Planalto para produzir “relatório alternativo” à CPMI dos Correios, bem como reunir informações contra opositores.

“Eu era um deles. Tenho como provar que estive no dia 2 de abril [véspera da semana de votação do relatório final da CPI dos Correios], um domingo, no Senado, com outros técnicos, para ajudar no relatório alternativo”, disse Gerardo, acrescentando que a “força-tarefa” reuniu técnicos da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e de seus respectivos fundos de pensão (Previ, Petros e Funcef). “É só consultar o registro de acessos da Casa.”

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