terça-feira, 10 de agosto de 2010

Brasil é reprovado em infraestrutura


A qualidade da infraestrutura brasileira é das piores no mundo, mesmo com a arrancada dos investimentos nos últimos quatro anos. Comparado a outros 20 países, com os quais concorre no mercado global, o Brasil ficou apenas na 17.ª colocação no quesito qualidade geral da infraestrutura, empatado com a Colômbia. Numa escala de 1 a 7, o País teve nota 3,4, abaixo da média mundial, de 4,1.

As informações são de um estudo inédito da LCA Consultores, cuja fonte foi o relatório de competitividade 2009/2010 do Fórum Econômico Mundial, localizado em Genebra, na Suíça. A avaliação é feita por empresários e especialistas de cada nação. No Brasil,181 questionários foram respondidos.

A má qualidade das estradas, portos, ferrovias e aeroportos brasileiros não chega a ser novidade. Mas faltava uma comparação internacional que desse uma noção mais clara de quão atrasado está o País.

A distância que separa o Brasil das primeiras posições é enorme. A França, que ocupa o topo da lista, teve nota 6,6, seguida de Alemanha (6,5) e Estados Unidos (5,9). Entre as outras nações que deixaram o País na rabeira, estão o México, a China, a Turquia, a África do Sul e o Chile.

"Ficamos décadas sem investir e isso fez com que acumulássemos gargalos que ainda se refletem no estado atual da nossa infraestrutura", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, autor do estudo.

Foi no item qualidade da infraestrutura portuária que o Brasil teve o pior desempenho. Com 2,6 pontos, o País foi o lanterninha do grupo, bem distante da média mundial de 4,2. No setor ferroviário, o padrão de qualidade brasileiro só não é pior que o da Colômbia: teve nota 1,8, ante uma média mundial de 3,1.

A sequência de notas nada lisonjeiras não para por aí. A qualidade das estradas brasileiras, por onde trafega mais da metade das cargas no País, supera apenas a da Rússia. Com 2,8, ficou empatada com a da Colômbia, na penúltima colocação.

O desempenho do setor aeroportuário (nota 4,1) também é fraco: ganha só da Rússia (4,0) e da Argentina (3,4). Para quem vai receber, dentro de pouco tempo, dois megaeventos esportivos - a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 -, a pontuação funciona como um sinal de alerta. "Se a gente não fizer nada, somando esses eventos com o crescimento da economia, que deve ser de 5% ao ano, está encomendado aí um apagão", diz o economista da LCA.

"Os investimentos de que o Brasil precisa são em infraestrutura energética, logística e ambiência metropolitana. Principalmente, precisa de uma reestruturação radical da matriz logística, que repousa sobre a modalidade rodoviária. É uma estupidez estrutural não utilizar a navegação de cabotagem - são 7.500 quilômetros de costa e três bacias hidrográficas navegáveis. A rede ferroviária tem se atrofiado e, até hoje, não houve a integração ferroviária macrorregional brasileira. O Brasil tem uma péssima matriz logística, que onera o consumidor, deprimindo seu poder de compra", resume o economista e ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa.

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