quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Manifesto dos ocupantes de Wall Street

Enquanto nos reunimos em solidariedade para expressar um sentimento de enorme injustiça, não podemos esquecer o que nos trouxe aqui.

Escrevemos para que as pessoas que se sentem enganadas pelas forças empresariais do mundo saibam que somos seus aliados.

Enquanto um só povo, unido, reconhecemos a realidade de que o futuro da raça humana requer a cooperação dos seus membros, que o nosso sistema deve proteger os nossos direitos e que, perante a corrupção desse sistema, cabe aos indivíduos protegerem os seus próprios direitos e dos seus vizinhos.

Que um governo democrático obtém o seu justo poder do povo, mas que as empresas não procuram consentimento para extrair riqueza do povo e da terra, e que não se alcança uma verdadeira democracia quando esse processo é determinado pelo poder econômico.

Dirigimo-nos a vós numa época em que as empresas, que colocam o lucro à frente das pessoas, o seu interesse à frente da justiça e a opressão à frente da igualdade, controlam os nossos governos.

Reunimo-nos aqui pacificamente, tal como é nosso direito, para dar a conhecer estes fatos.

Apoderaram-se das nossas casas através de um processo ilegal de execução, apesar de não terem a hipoteca original.

Receberam resgates dos contribuintes com impunidade e continuaram a dar bônus exorbitantes aos executivos.

Perpetuaram a desigualdade e a discriminação nos locais de trabalho com base na idade, na cor da pele, no sexo e na orientação sexual.

Envenenaram os alimentos através da negligência e minaram o sistema agrícola através da monopolização.

Lucraram com a tortura, confinamento e tratamento cruel de inúmeros animais ocultando ativamente tais práticas.

Procuraram constantemente negar aos trabalhadores o direito de negociarem melhores ordenados e condições de segurança.

Agrilhoaram os estudantes com dezenas de milhares de dólares de dívida na educação, um direito humano consagrado.

Subcontrataram consistentemente mão-de-obra e tiraram proveito disso para reduzir os direitos de saúde e os ordenados dos trabalhadores.

Influenciaram os tribunais para obter os mesmos direitos das pessoas, mas sem a culpabilidade ou responsabilidade inerentes.

Gastaram milhões de dólares em advogados para encontrarem formas de contornar contratos de seguros de saúde.

Venderam a nossa privacidade como uma mercadoria.

Usaram os militares e as forças policiais para impedir a liberdade de imprensa.
Recusaram deliberadamente a devolução de produtos com defeito colocando vidas em risco em busca de lucro.

Determinam a política econômica apesar dos fracassos catastróficos que as suas políticas criaram e continuam a criar.

Deram grandes quantias de dinheiro aos políticos responsáveis pela sua própria regulação.

Continuam a bloquear formas alternativas de energia para nos manterem dependentes do petróleo.

Continuam a bloquear medicamentos genéricos que podem ajudar ou salvar vidas para protegerem investimentos que já deram lucros substanciais.

Encobriram propositadamente derrames de petróleo, acidentes, contabilidades fictícias e ingredientes inertes em busca de lucros.

Mantiveram as pessoas propositadamente desinformadas e assustadas através do seu controlo dos média.

Aceitaram contratos privados para assassinar prisioneiros, mesmo perante sérias dúvidas acerca da sua culpa.

Perpetuaram o colonialismo a nível interno e externo.

Participaram na tortura e no assassinato de civis inocentes no estrangeiro.

Continuam a construir armas de destruição maciça para receberem contratos do Governo.

Aos povos do mundo, nós, a Assembléia Geral de Nova Iorque, que ocupa Wall Street na Praça da Liberdade, encorajamos-vos a exercerem o vosso poder,a exercitarem o vosso direito à aglomeração pacífica, à ocupação de espaços públicos, à criação de processos para discutir os problemas que enfrentamos e gerar soluções que sejam acessíveis a todos.

A todas as comunidades que passam à ação e criam grupos no espírito da democracia direta, nós oferecemos apoio, documentação e todos os recursos ao nosso dispor.

Juntem-se a nós e façam ouvir a vossa voz.

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