sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A HORA E A VEZ DO HAMILTON SERIGHELLI



O assessor para Assuntos Fundiários do Paraná, Hamilton Serighelli, participando do ato de implantação do assentamento Eli Vive, no Distrito Rural de Lerroville, em Londrina.
Hamilton Serighelli e o bispo Dom Ladislau Biernaski, um dos grandes quadros da Pastoral da Terra

Laércio Souto Maior*


Como lidar com uma elite defasada no tempo e na história


As três maiores potências econômicas do mundo, Estados Unidos da América do Norte, Japão e a República Popular da China, realizaram suas reformas agrárias em momentos históricos diferentes. Nos EUA, quando o Presidente Abraham Lincoln, em 1862, promulgou a lei da reforma agrária, a Homestead Law. No Japão, quando o general Douglas MacArtur, comandante das forças de ocupação norte-americanas assinou a lei que impôs a reforma agrária no país em 1946, último elo das reformas modernizadoras iniciadas em 1868 pela Era Meiji. Finalmente, citaremos como último exemplo a República Popular da China, que em 1949, depois da vitoriosa revolução armada liderada por Mao Tse Tung, implantou a reforma agrária que além de abastecer de alimentos um bilhão e trezentos milhões de chineses exporta parte de sua safra.


E o Brasil?


A tragédia dos camponeses no Brasil é que a elite não entende que a reforma agrária seja a salvação do país e dela própria, e insiste em achar que é uma questão de polícia e um assunto superado nas agendas de trabalho dos governos que se sucedem desde a proclamação da República. No Paraná, a Secretaria de Estado para Assuntos Fundiários, andando na contramão da opinião generalizada pela mídia orquestrada para demonizar as lutas dos camponeses pela conquista do seu almejado pedaço de terra, rema contra a maré e acredita na reforma agrária como instrumento eficaz para implantar, na legalidade, a paz no campo. Evitando conflitos armados e mortes como aconteceu nos governos Roberto Requião e Jaime Lerner nos dias 08 de março de 1993, e 02 de maio de 2000, respectivamente, quando soldados da Polícia Militar abriram fogo contra camponeses sem terra, o Secretário Hamilton Serighelli usa poderosas armas de convencimento: conversar, conversar, e conversar; negociar, negociar e negociar, até alcançar um denominador comum que satisfaça a todos. Enfim, ele nunca esgota esses mantras que tem se revelado o mais inteligente remédio no tratamento dos conflitos agrários do Paraná.


Designado pelo governador para assumir o cargo mais estratégico entre todas as secretarias de Estado, Hamilton Serighelli tem conseguido realizar o milagre de agradar simultaneamente os diversos movimentos de sem terra (MST, MLST, MAST, CONTAG e QUILOMBOLAS), e a poderosa Federação de Agricultura do Estado do Paraná - FAEP, que representa e defende as cooperativas de agricultores, fazendeiros e usineiros.


Indicado da cota pessoal do governador, mais como amigo leal da família Richa do que por pertencer ao PSDB, desde que assumiu o cargo de Secretário de Estado, Hamilton nunca usou terno e gravata nos eventos do governo dentro e fora do Palácio das Araucárias. Seu traje diário: camisas esportivas, sociais, e blusões. Do alto dos seus 1,90 de altura, e 138 quilos, desfila sua simplicidade e alegria desde os salões palacianos aos campos e lavouras de todo o interior do Paraná. Outra característica: sua gargalhada tonitroante é a marca registrada que a todos contagia, e com certeza, o torna o mais informal e popular secretário de governo do Estado do Paraná.


*Laércio Souto Maior é advogado, jornalista e escritor. É autor dos livros "São os nordestinos uma minoria racial?" (1985), "Introdução ao Pensamento de Manoel Bomfim" (1993) e "Luiz Carlos Prestes na Poesia" (2006). Atualmente é coordenador do Arquivo Manoel Jacinto Correia - Centro de Pesquisa e Documentação Social.

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