sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Chegou a primavera, e apesar do frio e o céu nublado curitibano, o que dá a impressão de que ela não veio, que seja bem vinda !!!


Aqui em Curitiba, se não fosse a espetacular floração dos ipês amarelos por toda a cidade e a afinada algazarra provocada pelos sábias laranjeira, e outras aves em pleno ciclo de reprodução, qualquer um teria a máxima certeza de que ainda estamos em pleno inverno.

Acordei as seis e meia e a temperatura não passava dos dez graus, digna do verão no Polo Artíco. O céu todo nublado e um vento gelado nos deixa claro que o senhor inverno ainda não irá embora nos próximos dias, a certeza de que ele gostou do lugar e afetuoso não quer nos deixar. Aqui o conceito dos meteorologistas junto a população é baixo, pois se com um clima como o nosso é difícil acertar o tempo do dia, onde as vezes temos as quatro estações, quanto mais a estação do ano em que estamos.

Voltando aos ipês , que nunca se enganam quanto a estação do ano, a beleza e da cor amarela de suas florações dá o belo tom ao ambiente e nos aquece ao contrastar com o cinza do céu. Além da beleza os cachos floridos são o alimento para mais de uma dezena de variedades de beija flores, que com suas cores como jóias vivas que são enfeitam o ambiente.

Os sabiás laranjeira, magestosos, são os que com seus cantos belos e bem elaborados, sendo que o de um nunca é igual ao do outro, nos avisam que um novo dia está chegando. A sinfonia começa aos poucos, sendo que o primeiro a soltar seus trinados deve se o rei do bando só pela beleza harmoniosa sem igual da melodia que solta ao ar. Em seguida, em um crescente, tal qual fosse a execução do bolero de Ravel, de todos os cantos do bairro a sinfonia natural é executada por dezenas e dezenas destas aves, em uma verdadeira explosão sonora anunciando um novo dia. É lindo de se ouvir, e de tão quente e luminosa que é a orquestração até nos faz esquecer o frio e o céu nublado.

O clarim natural dos sabiás, saldando a alvorada, desperta não só a nós, mas a tudo e a todos, inclusive ao clã dos pardais. Estes, que como se fossem uma família latina espanhola, tal qual a minha na época de meus avós, começam uma conversa ruidosa, onde todos falam juntos, mas sobre coisas diferentes, talvez até sobre o arrulhar das pombas.

As pombas domésticas, em um verdadeiro movimento de resistência e luta pela perpetuação da espécie, por mais que eu já tenha tentado as espantar, teimam em procriar no beiral de meu sobrado, e assim dividem o "condomínio" conosco e os com os pardais.

Tenho um quintal repleto de frutíferas e quase todas árvores quem plantou foram os sabiás.

Quando fui construir minha casa no terreno havia uma velha casa e no fundo do quintal alguns velhos pés de laranja e um pé de caqui pensei em os cortar e plantar um novo pomar, mas vendo um ninho de sabiá em uma das árvores , como a presença rara de um tímido pássaro alma de gato e alguns tico-ticos, joão de barro, e corruiras resolvi deixar intacto aquele pequeno "nicho ecológico".

Já morando na casa comecei a retrabalhar o quintal e observei que junto ao muro haviam dezenas de mudas de frutíferas desenvolvendo-se junto ao mesmo. Eliminei algumas e outras resolvi replantar uma de cada espécie.
Tinha pitanga da amarela e da vermelha, amora, goiaba branca, araçá e gabiroba, todas plantadas pela família do compadre sabiá e replantadas por mim.
Com estas mudas reorganizei o pomar, e hoje as pequenas árvores formam um micro bosque, onde convivendo até com saíras, sanhaços, maritacas, anús e papagaios da cara roxa, visitantes ocasionais, o sabiá reina com a sua diversificada corte, composta por rolinhas marrons, fogo-pagô e margosas, mais tico ticos, corruiras, pombas domésticas e pardais.

Salve a Primavera!!!

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