quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Deputados brasileiros ficam impedidos de entrar na Líbia por falta de segurança


Os deputados Brizola Neto (PDT-RJ) e Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), que viajaram no domingo (14) para a Líbia, disseram nesta terça-feira (16) que ainda não conseguiram entrar no país. Por falta de segurança, eles ainda continuam em Túnis, capital da Tunísia, que fica a mais de 700 km de Trípoli, a capital da Líbia.

Neto e Queiroz viajaram para o país a convite de Muammar Gaddafi, que comanda a Líbia desde 1969. O objetivo do governo líbio, segundo informações da assessoria dos deputados, é mostrar que o país sofre com os ataques da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que está no país desde o final de março em apoio aos rebeldes.

Queiroz escreveu hoje em seu blog que está na capital tunisiana “de mala e cuia para entrar na Líbia”, mas que “a Otan atrapalhou nossos planos ontem bombardeando a rodovia que liga a cidade de Djherba a Trípoli”.

- Esse bombardeio foi exatamente o que permitiu que os rebeldes ocupassem temporariamente a cidade de Zawyiah, a uns 60 km da capital da Líbia. Aqui em Túnis, a uns 750 km de Trípoli, a gente nem sente influência da guerra.

Queiroz criticou ainda a coalizão internacional que atua ao lado dos rebeldes da Líbia desde o final de março.

- Sem querer usar chavões como “ataque ilegítimo” ou outros do gênero, mas a questão é que a intromissão das forças lideradas por Sarkô [Nicolas Sarkozy, presidente da França] e Obama são o mesmo que um exército internacional ajudar a torcida do Brasil de Pelotas a tomar o governo das mãos de Dilma Rousseff.

O deputado Brizola Neto disse hoje, também por meio de seu blog, que a comitiva segue em Túnis e que o governo líbio não dá garantias de segurança.

- O governo líbio diz que, neste momento, não tem como oferecer garantias ao nosso deslocamento, sobretudo contra ações aéreas e disparos de longo alcance.

A Embaixada da Líbia escolheu os dois deputados por considerar que eles são simpáticos à causa do país. A viagem iria durar uma semana e estão previstas visitas a hospitais em Trípoli, para que os parlamentares vejam as vítimas dos ataques da Otan, e encontros de autoridades do governo de Gaddafi.

Rebeldes dizem que governo cai até o fim do mês

No domingo e na segunda-feira, os ataques rebeldes avançaram para cidades estratégicas da Líbia que possuem ligação direta com a capital Trípoli. Eles consideram que "estão em uma fase decisiva", declarou hoje Mansur Saif al-Nasr, representante na França do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião líbia.

- Entramos em uma fase decisiva, liberaremos em breve o sul da Líbia. Esperamos festejar a vitória final, coincidindo com o fim do Ramadã [o mês sagrado para os muculmanos, que termina no final de agosto]. Nossas forças controlam totalmente Zauiya, que abrirá as portas para Trípoli. Isto facilitará a rebelião da população.

Ontem, os rebeldes anunciaram que controlavam a "maior parte" de Zauiya, 40 km a oeste de Trípoli, assim como as cidades de Garyan e Sorman, respectivamente a 50 km ao sul e 60 km a oeste da capital líbia.

Com isso, os rebeldes passaram a controlar um trecho da estrada costeira e cortaram a linha de abastecimento entre a Tunísia e Trípoli, essencial para a capital e para o regime, que enfrenta há seis meses uma rebelião que se transformou em conflito armado. (R7)

Nota de repúdio aos bombardeios da Otan

Nós , integrantes da delegação brasileira que tem como missão ir à Líbia conhecer de perto a situação no país do Norte da África, que está sendo vítima de bombardeios diários, queremos manifestar nosso repúdio às recentes ações aéreas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)a vilarejos da cidade de Zhaltan. A ação está interrompendo a estrada que liga a Tunísia à Líbia e impedindo a entrada de ajuda humanitária àquele país, assim como o simples direito de ir e vir dos cidadãos.

Na noite de segunda feira (16), tivemos a informação de que o médico líbio Heghan Abudeihna, ao atravessar a fronteira, foi atingido pelos bombardeios e integrantes da sua família foram vitimados.

Esses bombardeios estão impedindo, por hora, o ingresso da nossa delegação, que aguarda em Túnis a informação de que a região mencionada esteja sob controle das autoridades líbias. Somente com essas condições de segurança seremos autorizados a ingressar no país para realizarmos o nosso trabalho.

De antemão, fica possível atestar que a OTAN está extrapolando os princípios e objetivos da sua atuação em território Líbio, posto que na região atingida não se encontravam, até o início dos ataques da OTAN na segunda-feira, forças militares governamentais ou quaisquer milícias que pudessem representar perigo às forças rebeldes.

Entendemos que a única forma de acabar com a crise enfrentada pela Líbia é a realização de um plebiscito, sob a supervisão da Organização das Nações Unidas (ONU), para que o povo decida o regime de sua preferência.

Delegação Brasileira na Tunísia



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