segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Peritos retomam busca por restos de desaparecidos da ditadura em cemitério paulista


Wagner Gomes/O Globo

Peritos retornam nesta segunda-feira ao Cemitério da Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, em busca de restos mortais de desaparecidos políticos da época da ditadura militar brasileira. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a ossada de pelos menos dez pessoas pode estar em um depósito clandestino localizado debaixo de um canteiro onde ficava um letreiro do cemitério. Dependendo do que for encontrado, haverá exumação para análises.

As buscas no cemitério começaram no dia 8 de novembro. Há a expectativa de que os restos mortais de Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, estejam no local. A família de Silva, ativista sindical e militante do Partido Comunista Brasileiro, obteve documentos que apontam o número do terreno em que ele teria sido enterrado no cemitério, em 1969. Essas informações foram repassadas à procuradora da República Eugênia Gonzaga e ao procurador regional da República Marlon Alberto Weichert.


Mais de 450 mortos e desaparecidos pelo regime

Mais de 450 pessoas foram mortas ou desapareceram durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1964 e 1985. O Vila Formosa era um dos cemitérios públicos mais conhecidos na época e suspeita-se que até a construção do Cemitério de Perus, na zona norte da capital paulista, os cadáveres dos militantes políticos assassinados pelo regime eram enterrados no local.

Representantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CVPI) da Câmara Municipal de São Paulo, instituída por ocasião da abertura da vala do Cemitério de Perus, em 1990, disseram que o Vila Formosa passou por um processo de descaracterização na mesma época em que foram concluídas as ações de ocultação de cadáveres em Perus, em 1975, quando houve exumações em massa e transferência de corpos para valas comuns.

Reformas dificultaram localização de sepulturas

No Vila Formosa, de acordo com as investigações, o cemitério passou por reformas sem a preocupação de preservar a possibilidade de futura localização de sepulturas. Ruas foram alargadas e árvores plantadas, invadindo as áreas reservadas às sepulturas.

O depósito clandestino foi localizado com a ajuda de um radar de penetração no solo (GPR) e de fotografias aéreas de 1972. A avaliação é de que esse compartimento tenha aproximadamente 3 metros de largura por 3 metros de comprimento, com profundidade indefinida.

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