Petrobras quer unidade de nitrogenados da Vale
A Vale precisa de mais prazo para investimentos em Sergipe, enquanto a Petrobras quer ampliar sua produção de nitrogenados para ter mais um destino para o gás natural.
São Paulo - A Petrobras quer que a Vale utilize como moeda de troca para obter a prorrogação do contrato do arrendamento das minas de carnalita, minério do qual se extrai o potássio, em Sergipe, a unidade de nitrogenados que a mineradora herdou da Fosfértil, empresa que adquiriu no ano passado.
Segundo fontes próximas das discussões, as companhias estão próximas de um acordo. A Vale precisa de mais prazo para dar andamento aos investimentos em Sergipe, enquanto a Petrobras quer ampliar sua produção de nitrogenados para ter mais um destino para o gás natural. Nitrogênio, fósforo e potássio são a matéria-prima básica para a produção de fertilizantes, e o Brasil depende da importação de todos eles.
A Vale opera a mina de Taquari-Vassouras (SE) desde 1992, cujos direitos minerários são da Petrobras. Esses direitos vencem em 2017. A produtora de minério de ferro tenta há alguns anos argumentar com a Petrobras para que a estatal renove o prazo de exploração, mas até o momento não teve nenhuma resposta.
Caso o prazo seja ampliado, a Vale programa investimentos de US$ 4 bilhões com objetivo de elevar a produção de potássio no local das atuais 700 mil toneladas para 2,4 milhões de toneladas. Hoje, esse é o único local onde existe produção do insumo no Brasil, que responde por apenas 10% do total consumido no País; o restante é importado.
A meta da mineradora é chegar a 3,4 milhões de toneladas de potássio em 2015, considerando todas suas operações de potássio, inclusive a da Argentina.
Amônia
Além da unidade de nitrogenados que a mineradora herdou da Fosfértil, localizada em Araucária (PR), a Vale também produz nitrogenados em Cubatão (SP), outra unidade que era da Fosfértil. No Brasil, há outros dois polos para a síntese de amônia - o primeiro composto nitrogenado -, que pertencem à Petrobras: o complexo de Laranjeiras (SE) e o de Camaçari (BA).
Não é à toa que o interesse da estatal pode estar nesses ativos. A Petrobras está investindo para monetizar as reservas de gás natural do pré-sal e da Bacia de Santos. Com o investimento na produção de nitrogenados, a Petrobras conseguiria, além de aumentar a oferta nacional de fertilizantes, garantir um mercado consumidor firme para esse gás. Também nesse sentido, a estatal prevê construir outras três unidades de nitrogenados: em Três Lagoas (MS), Uberaba (MG) e em Linhares (ES). (
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Desde que a Vale do Rio Doce comprou a Ultrafértil, as condições de trabalho na unidade industrial de Araucária (PR) – já precarizadas devido à privatização da empresa em 1993 – vem se deteriorando ainda mais. Para cumprir orçamentos que garantem os polpudos lucros, a Vale tem deixado os trabalhadores até sem uniformes, que, em uma indústria Petroquímica de Risco 3, é considerado Equipamento de Proteção Individual (EPI) e portanto, de uso obrigatório.
A falta de reposição de peças justificada pela política de “estoque zero” faz com que a fábrica de Araucária opere com o sistema de proteção de alguns equipamentos “desligados” ou “desviados”. Além de irregular, isto compromete significativamente as condições de funcionamento requeridas pelos fabricantes.
Na última terça-feira (25/01), um acidente provocado pela não execução de uma solicitação de serviço ocasionou a queda de um trabalhador, deixando-o em estado grave. A solicitação foi apresentada ainda em 2008 e, posteriormente, foi encaminhada a Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA) e refere-se a uma irregularidade no guarda-corpo de proteção contra quedas no setor do almoxarifado. O guarda-corpo estava em desacordo com a Norma Regulamentadora Nº8 do Ministério do Trabalho, que regulamenta os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações.
A situação da segurança está se tornando insustentável. A brigada de emergência está se desconstituindo. A ação da equipe, que é formada por trabalhadores voluntários, é imprescindível para garantir a segurança da comunidade, do meio ambiente e da fábrica como um todo. Todos os membros declararam, em abaixo-assinado que após o dia 07 de fevereiro, que não mais farão parte da brigada devido ao descaso da Ultrafértil/Vale Fertilizantes para com a equipe.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas do Estado do Paraná (Sindiquímica-PR) irá denunciar tal situação à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e ao Ministério Público. Também irá mobilizar os trabalhadores e comunidade para que a empresa não venha a operar sem a brigada de emergência.
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