terça-feira, 7 de junho de 2011

“Pacotão” é nova exigência para o fim da greve na Volks Além do acordo quanto ao valor da PLR, metalúrgicos querem negociar plano de cargos e salários


Deputado quer levar presidente da empresa para depor na Câmara

Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical e deputado federal, avalia a possibilidade de convocar o presidente da Volks­wagen, Thomas Schmall, para dar explicações quanto à falta de negociação por parte da empresa. Caso a greve não seja encerrada hoje, Paulinho irá conversar com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para viabilizar e agilizar o processo.

“Se não tiver novidades, vou fazer um requerimento convocando o presidente da empresa para explicar na Câmara. É um absurdo que não ocorram negociações”, diz o deputado. “A im­­pressão é de que eles [Volks] querem enquadrar os trabalhadores para servir de exemplo para as outras três montadoras”, completou. A intenção é que a convocação ocorra ainda essa semana, possivelmente na quinta-feira. (CGF)

“Fundo de greve” ainda aguenta mais 30 dias

Cerca de 1,2 mil do total dos 3,1 mil funcionários da fábrica da Volks em São José dos Pinhais já retiraram, junto ao Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), dinheiro do fundo de greve para uso pessoal. Cada trabalhador tem direito a até R$ 1 mil, valor que precisa ser devolvido futuramente, quando a paralisação acabar.

“O fundo de greve foi criado na paralisação de 1999 com o objetivo de ajudar os trabalhadores com seus compromissos financeiros durante a greve”, explica o presidente da entidade, Sérgio Butka. Ainda segundo o dirigente, o fundo de greve do SMC tem fôlego para mais 30 dias de paralisação.

Durante os 34 dias de greve, cerca de 300 funcionários retornaram ao trabalho. Mas Butka faz questão de destacar que são apenas trabalhadores que ocupam cargos de chefia ou supervisão. “Os trabalhadores da linha de montagem estão todos aqui fora”, ressalta. (CA greve dos trabalhadores da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais (SJP) completa 34 dias e deve ganhar uma pauta bem mais ampla que a reivindicação inicial. Na reunião marcada para a manhã de hoje, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) vai negociar um “pacotão” de reivindicações junto à montadora. Apesar de a paralisação ter sido motivada pela falta de acordo no valor da Participação nos Lucros e Benefícios (PLR), segundo o presidente da entidade, Sérgio Butka, assuntos como o plano de cargos e salários, os dias parados e a data-base precisam entrar na pauta. Na assembleia de ontem, os cerca de 2 mil funcionários presentes votaram pela manutenção da greve e uma nova assembleia está agendada para a tarde de hoje.

“Hoje está mais difícil fechar acordo só com a PLR. Os dias parados precisam ser discutidos e a empresa vai ter de bancar. O presidente da empresa também é responsável pela paralisação quando declarou que era melhor ficar parado do que pagar”, afirma Butka. “Vamos debater esses assuntos e tentar avançar na busca de uma alternativa. Esperamos uma nova posição da empresa”, acrescenta o sindicalista.

Reforço

A assembleia de ontem em frente à fábrica foi marcada pela presença de diversas lideranças sindicais de várias partes do país, como Paulo Pereira da Silva, o “Paulinho da Força”, presidente da Força Sindical e deputado federal, além de representantes de sindicatos de metalúrgicos das cidades paulistas de São Paulo, São Caetano do Sul, Taubaté e São Carlos – esses dois municípios também abrigam fábricas da Volks –, e Camaçari, na Bahia.

“Tivemos reunião com o Carlos Lupi [ministro do Trabalho] pedindo que o governo in­­terfira para abrir negociação”, diz Paulinho. O deputado chegou a falar em convocar o presidente da Volks, Thomas Schmall, para dar explicações (leia mais nesta página).

Especulações

Enquanto as partes envolvidas na greve não chegam a um acordo, surgem algumas especulações referentes aos motivos pelos quais a montadora não aceita a reivindicação dos metalúrgicos, mesmo contabilizando milhões de reais em prejuízos. Uma das hipóteses é de que a empresa estaria aproveitando a paralisação para fazer a readequação do processo produtivo para a substituição de alguns produtos. A produção da linha Fox, que hoje responde por mais de 90% do volume faturado no complexo de SJP, seria transferida para a unidade de Taubaté (SP).

Em contrapartida, a fábrica paranaense assumiria a fabricação da picape Saveiro, atualmente feita na unidade da Rodovia Anchieta, também em São Paulo; e, no futuro, a produção da perua Space Fox, que começará a ser montada por aqui assim que a greve terminar – as peças, por enquanto, continuam vindo da Argentina.

“Transferir [a linha Fox] de uma fábrica para outra exige um enorme investimento. Não seria em apenas um mês de greve”, destaca Evandro Nogueira, do departamento de Comunicação da Volks. A empresa também informou que houve investimento de R$ 360 mi­­lhões para a expansão da fábrica de Taubaté, com a criação de uma nova área de pintura que permitirá aumentar a capacidade de produção de Gol e Voyage das atuais 1.080 para 1,3 mil unidades/dia.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindime­tau), Isaac Mascarenhas do Carmo, não acredita na mudança, principalmente porque a unidade paulista está com a capacidade quase toda comprometida. “Não teríamos condições de comportar dois modelos de entrada [Gol e Fox]”, descarta o sindicalista. A fábrica em Taubaté já produz o Gol.

O diretor da subsede de São José dos Pinhais do SMC, Osvaldo Silveira, também não vê chances de o Fox deixar o Paraná. Até porque, segundo ele, há rumores de que o modelo sairá de linha em 2013 para dar lugar a um novo projeto. “Mudar para depois acabar não tem lógica”, analisa.

Além da linha Fox, que inclui o CrossFox e o Fox Europeu, a fábrica paranaense produz o hatch médio Golf – cerca de 70 unidades/dia –, que em breve passará a ser feito no México. Já a SpaceFox, num primeiro momento, terá o serviço de montagem finalizado por aqui – a carroceria ainda viria da unidade de Pacheco, na Argentina.

Demissões

Em relação às notícias de possíveis demissões, caso as mudanças ocorram, o presidente do SMC diz não estar preocupado. Segundo ele, o mercado está aquecido e falta mão de obra qualificada. “A oferta de emprego é muito grande. Só para se ter uma ideia, alguns funcionários nos procuraram dizendo que tinham outras propostas, mas não podiam sair por conta da greve”, diz Butka. “Nossa intenção é garantir condições para que os funcionários não saiam”, complementa. (GP)

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