terça-feira, 31 de maio de 2011

LONDRINA: Ex-procurador teria recebido mais de R$ 750 mil em propina

A prisão do ex-procurador jurídico do município de Londrina, Fidelis Canguçu

O ex-procurador jurídico do município de Londrina, Fidelis Canguçu, e sua mulher, Joelma Aparecida da Silva, receberam pelo menos R$ 115 mil de propina dos Institutos Gálatas e Atlântico, organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips) contratadas pela Prefeitura de Londrina para prestar serviços à saúde. Se o esquema tivesse prosseguido, o casal também teria recebido 5% de todas as parcelas que fossem pagas pelos institutos, o que daria mais de R$ 650 mil.

Estas são algumas das conclusões do inquérito com 1.083 páginas finalizado ontem pelo delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore, que deflagrou em 10 de maio a operação Antissepsia. Além de Canguçu e sua mulher, todas as 23 pessoas que tiveram a prisão decretada foram indiciadas. Os crimes são formação de quadrilha, estelionato, corrupção ativa e corrupção passiva.

De acordo com as investigações, que começaram há mais de quatro meses, parte da propina foi paga ao casal por meio de dois veículos - um Ford Fusion e um Golf, avaliados respectivamente em R$ 45 mil e em R$ 17 mil -, apreendidos em 10 de maio; R$ 50 mil foram pagos em dinheiro; e um cheque de R$ 3,5 mil foi emitido a Joelma. No dia de sua prisão, Canguçu estava com R$ 9 mil, que seria parte dos R$ 50 mil.

Segundo Flore, o ex-procurador começou a fazer exigência de valores para emitir pareceres favoráveis ao pagamento de valores aos institutos. ''Durante a execução dos contratos, constatamos que houve a corrupção de um agente público para liberar o pagamento de parcelas'', explicou o delegado. Flore disse que Canguçu, ao ser ouvido, negou ter cobrado ou recebido propina. ''Mesmo confrontado com provas, ele negou o tempo todo.''

Esquema

As investigações, que começaram há quatro meses, revelaram que o esquema de desvios de recursos da saúde começou com a atuação de pelo menos três lobistas, que seriam os ex-conselheiros municipais de sa© úde, Joel Tadeu Correa e Marcos Ratto, e Juan Monastério Mattos Dias, que permanece preso e já foi denunciado por participação nos desvios de dinheiro público através do Ciap, Oscip que prestou serviços em Londrina e foi substituída pelo Gálatas e Atlântico. ''O lobby surtiu efeito e os institutos foram contratados'', disse Flore.

Porém, as quadrilhas atuavam de forma independente, com dois núcleos distintos: o Instituto Atlântico e o Instituto Gálatas. Esta segunda, além da propina paga a Canguçu, também pagou R$ 4,5 mil a Ratto e R$ 15 mil a Joel Tadeu. ''Mas, o esquema não consistia unicamente no pagamento do propina. As pessoas também se beneficiavam do desvio do dinheiro público'', explicou.

O Gálatas e o Atlântico foram contratados em dezembro de 2010 e tiveram aprovação do Conselho Municipal de Saúde. O primeiro executava o Programa Saúde da Família, ao custo de R$ 8,2 milhões; o Atlântico foi contratado para gerenciar a Policlínica, o Serviço de Internação Domiciliar e o Samu, somando R$ 3,4 milhões. (Bonde)

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