sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cinza da queima do bagaço de cana substitui areia na fabricação de concreto

A substituição da areia por cinzas da queima do bagaço da cana gerou um concreto 15% mais resistente do que o comum -feito com a mistura de pedra, cimento e areia.

A conclusão faz parte de uma pesquisa do departamento de engenharia civil da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Segundo o professor responsável pelo estudo, Almir Sales, a mistura pode chegar a 50% do total da areia.

O maior ganho é ambiental, pela conservação dos rios, de onde se extrai a areia, e do solo das usinas.

Sales afirmou que a degradação dos rios com a extração da areia é imensa e que a falta de licenças ambientais para exploração têm deixado o produto mais caro. "Atualmente, até 120 milhões de toneladas de areia de rio são consumidas por ano no Brasil", disse.

Já no caso das usinas, as cinzas se acumulam nos pátios e podem impermeabilizar o solo, além de gerar contaminação ou assoreamento de rios com a chuva.

De acordo com o professor, as usinas produzem cerca de 4 milhões de toneladas de cinzas por ano provenientes da queima do bagaço da cana. Cada tonelada de bagaço, segundo ele, gera cerca de 25 quilos de cinza."O trabalho com a queima do bagaço é fantástico na geração de energia, mas e as cinzas que restam? O que fazer com elas? Essa pode ser uma destinação", disse.

PROCESSO
A cinza é processada e peneirada até ficar idêntica a um grão de areia.

A mistura com cimento gera um concreto "levemente escurecido", diz Sales, e pode ser utilizada para obras de calçadas, guias e sarjetas. "Para a construção predial, precisa ter regulamentação da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas], o que já está sendo tratado", disse o professor.

A pesquisa está em andamento há quatro anos. O financiamento é da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

O bagaço de cana demostrou possuir condição de ser adicionada ao concreto em substituição parcial ao cimento, dessa forma, verifica-se que a cinza do bagaço de cana com adição ao concreto, contribui para o desenvolvimento sustentável, uma vez que reutiliza um recurso ja explorado eleva uma diminuição do consumo de cimento, cuja a produção cria serios problemas ambientais.

A região sudeste é o maior centro consumidor de cimento e também o maior produtor de resíduos agricolas e a incorporação dos resíduos ainda não tem perspectivas de ser absorvida pela industria cimenteira.

Cerca de 1,5 a 2 milhões de cinzas da queima do bagaço de cana sobram de caldeiras e geradores para produção de energia eletrica para abastecimento das proprias usinas. As cinzas do bagaço de cana são ricas em sílica amorfa, diferente da forma cristalina encontrada, por exemplo, na areia. Podendo ser entao utilizadas como pozolanas, a principal propriedade de uma pozolana é a sua capacidade de reagir com o hidróxido de cálcio, um dos produtos de hidratação do cimento formando compostos estáveis. Portanto, este projeto busca um bloco mais leve, pela adição de cinzas do bagaço de cana, e resistente o suficiente para transporte e manipulação durante o processo construtivo. Obtendo-se assim novos materias para construção civil em condições ecologicamente sustentáveis.

EXTRUSÃO

Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) os resíduos da indústria sucro-alcooleira — fibra do bagaço de cana-de-açucar e as cinzas resultantes da queima do bagaço em caldeiras — estão sendo aproveitados na produção de fibrocimento, material de construção usado na fabricação de produtos como telhas, caixa d’água e divisórias. O método consiste em substituir alguns dos componentes que formam o fibrocimento pela fibra do bagaço da cana e pelas cinzas.

Segundo o pesquisador Ronaldo Soares Teixeira, autor do trabalho, a intenção foi buscar uma nova forma de aproveitar esses resíduos, normalmente descartados pela indústria sucro-alcooleira. “Eles normalmente são subaproveitados.

Parte do bagaço é queimada em caldeiras, tornando-se cinzas; o bagaço até tem outros empregos, como nas rações para animais, mas a maior parte é descartada”, comenta o pesquisador. Ele estima que, de cada tonelada de cana-de-açúcar processada, 260 quilos são transformados em bagaço.Para criar o fibrocimento, o pesquisador utilizou um processo chamado extrusão, método alternativo para a produção do material cimentício. Teixeira explica que a máquina, chamada extrusora, contém uma rosca sem fim dividida em três câmaras: mistura, pressão negativa e compressão. Na extremidade da rosca, encontra-se a boquilha, que promove a compactação final da mistura e forma a geometria do produto.

O método de extrusão para criar o fibrocimento é inédito no Brasil.

"Quando se coloca a mistura dos componentes do fibrocimento na extrusora, a rosca sem fim faz a massa fluir sob pressão crescente através das câmaras, forçando-a sair no formato que se desejar, formando o fibrocimento", detalha.

O pesquisador diz que o método foi usado somente para fins acadêmicos, sem pensar em sua adequação para as indústrias, num primeiro momento. "A extrusora normalmente é utilizada na indústria de cerâmica. Na pesquisa, ela foi adaptada para produzir fibrocimento", acrescenta.

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