sábado, 6 de novembro de 2010

China vai erguer ‘muralha de fogo’ para impedir entrada de capital especulativo

Cláudia Trevisan/AE

O governo da China deve erguer uma "muralha de fogo" para evitar a entrada de capital especulativo na China, em resposta à decisão do governo americano de injetar US$ 600 bilhões na economia, afirmou na sexta-feira Xia Bin, integrante do Comitê de Política Monetária do banco central.

Classificando a estratégia de expansão monetária americana de "impressão desenfreada de dinheiro", Xia sugeriu durante seminário em Pequim que a China apresente na cúpula do G-20, em Seul, propostas que levem à estabilização das principais moedas.

A China tem controle de capitais e está mais bem preparada que outros emergentes para fechar as portas a recursos externos no país. Ainda assim, uma série de artifícios permite que as restrições sejam parcialmente contornadas, o que amplia a quantidade de capital estrangeiro no mercado local e dificulta o trabalho das autoridades monetárias de evitar a valorização do yuan em relação ao dólar.

Investigação realizada pelo organismo chinês responsável pela gestão do câmbio revelou a existência de 197 operações fraudulentas, que permitiram a entrada irregular de US$ 7,34 bilhões no país de janeiro a setembro de 2010 – o valor equivale ao total que o Brasil recebeu só no mês de outubro.

O forte fluxo de capital levou ao aumento recorde de US$ 194 bilhões nas reservas internacionais chinesas no terceiro trimestre, o que elevou o total a US$ 2,65 trilhões. Parte dessa expansão foi provocada por capitais especulativos, já que o superávit comercial no período foi de US$ 66 bilhões e os investimentos estrangeiros ficaram em US$ 23 bilhões. Também houve contribuição de efeitos contábeis.

Estados Unidos e China são os protagonistas do desequilíbrio que esteve na origem da crise global que explodiu em 2008. De um lado, o país asiático acumula sucessivos superávits em conta corrente, alimentados em grande parte por sua vantagem comercial com os demais países. Na outra ponta, os americanos apresentam imensos déficits, financiados principalmente pela sobra de dinheiro na China e outros países superavitários.

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