sábado, 17 de dezembro de 2011

“Central de receptação” de celulares roubados funcionava na Praça Tiradentes; 14 são presos

Parte dos presos encaminhados ao 1ºDP; cadeirante é apontado como cabeça do grupo

A Polícia Militar (PM) desmantelou nesta sexta-feira (16) um esquema em que uma quadrilha usava a Praça Tiradentes, no centro de Curitiba, como ponto de comercialização de celulares e aparelhos eletrônicos furtados ou roubados. A operação terminou com a prisão de 14 homens, acusados de integrar o grupo. Foram apreendidas dez bolsas e sacolas, com cerca de 60 celulares, notebooks, pen drives, comprimidos contra impotência sexual e R$ 1,2 mil em dinheiro.

O grupo era investigado há três meses pelo serviço de inteligência do 12º Batalhão da PM. Neste período, os policiais gravaram imagens e constataram que o grupo mantinha o comércio ilegal diariamente, principalmente no período da tarde. Eles se posicionavam quase no centro da praça, próximo a uma banca de revistas. De acordo com a PM, o grupo comprava os aparelhos eletrônicos a preços bastante inferiores aos de mercado e, posteriormente, revendiam a outros receptadores. “A Praça Tiradentes virou uma central de receptação. Quem queria vender um celular roubado ou furtado ia para lá”, disse o tenente Cretã Baptista, do 12º Batalhão.

O comércio ilegal era mantido por pessoas acima de qualquer suspeita: o homem apontado como o cabeça do grupo é um cadeirante. Dentre os presos, estão senhores já grisalhos e homens trajando roupas sociais. “Todos esses subterfúgios eram usados para não chamar a atenção de quem passava por ali. Quem imaginaria que aqueles 'velhinhos' que ficavam na praça estariam cometendo crime?”, questiona o tenente.

Investigações

Um policial do serviço de inteligência do 12º Batalhão – que não pode ser identificado – informou que o grupo passou a ser investigado após a polícia ter recebido uma série de denúncias anônimas. Os trabalhos policiais se intensificaram neste mês, quando a polícia conseguiu levantar informações detalhadas sobre a dinâmica do comércio irregular. “Eles chegavam a comprar um iPhone que vale R$ 2 mil, por R$ 20. É importante frisar que esse tipo de crime fomenta casos de roubos e assaltos. Sabendo que vão conseguir vender facilmente os produtos, os assaltante passam a cometer mais roubos”, observa o PM.

A partir das informações levantadas, a PM deflagrou uma operação na tarde desta sexta-feira para prender os acusados. Além dos 14 presos, outros 20 homens foram abordados, mas acabaram sendo liberados. “Nós temos certeza de que eles faziam parte do esquema, mas como não portavam celulares ou produtos ilegais no momento da abordagem, infelizmente não houve flagrante”, explicou o policial do serviço reservado.

Os presos foram encaminhados ao 1º Distrito Policial (DP), onde seriam indiciados por receptação. Alguns deles também responderiam por contrabando. Até as 19 horas, o procedimento de lavratura dos flagrantes ainda não havia sido concluído.

Participação de lojas

Com alguns dos presos, os policiais encontraram papeis que continham a identificação e telefones de lojas de aparelhos eletrônicos localizadas no Centro de Curitiba. Há suspeitas de que estes estabelecimentos também façam parte do esquema de alguma maneira. As investigações serão aprofundadas para descobrir para quem os celulares comprados na “central de receptação” eram vendidos. “Ainda não é possível afirmar para quem eles [os acusados] vendiam os celulares, enfim, qual era o destino destes aparelhos”, disse o tenente Baptista.

O 1º Distrito Policial (DP) já vinha investigando a participação de lojas de celulares do Centro em uma rede receptação de produtos eletrônicos furtados ou roubados. Desde o início de novembro, pelo menos quatro pessoas foram presas, acusadas de alguma participação nesses crimes. Aparelhos roubados chegaram a ser anunciados em sites de compras.

Segundo o delegado Vinícius Borges Martins, foram identificadas algumas lojas que viriam comprando aparelhos de origem criminosa e revendendo a clientes, a preços menores dos praticados em mercado. A polícia não tem um levantamento preciso sobre o número de equipamentos eletrônicos furtados ou roubados no Centro e destinados a lojas que operam o esquema, mas o delegado aponta que os casos são contabilizados em centenas. Outras prisões

Uma das prisões que ajudam a dar uma dimensão da atuação dos ladrões ocorreu no dia 18 de novembro. Na ocasião foi detido Wesley Fernando Martins Xavier , de 21 anos, que confessou ter furtado mais de cem equipamentos eletrônicos em edifícios comerciais do Centro. Ele chegava a levantar R$ 4 mil por semana, com a atividade criminosa. O caso do rapaz ganhou repercussão depois que câmeras de segurança de um prédio do Centro o flagraram comemorando o furto de um notebook. Dois rapazes apontados como comparsas dele também foram presos.

No dia 7 de dezembro, o estudante de administração de empresas, Silas das Neves Cardoso Rosa, de 25 anos, foi preso em flagrante, enquanto tentava vender um Iphone roubado, em frente ao Shopping Curitiba. O universitário havia anunciado o produto no site Mercado Livre, mas a vítima reconheceu o aparelho. Ela simulou interesse em comprar o iPhone e marcou um encontro com o acusado. Em frente ao shopping, a mulher comprovou que o aparelho era mesmo o dela. Amigos da vítima detiveram Rosa até a chegada a polícia. Receptação

O delegado ressaltou que quem comprar produtos furtados ou roubados também pode acabar preso. A orientação é que o consumidor desconfie quando os preços dos aparelhos estiverem abaixo da média de mercado. “A receptação não se configura somente quando a pessoa sabe que o bem em questão tem origem ilegal. Mas também quem compra um produto por preço vil também está cometendo receptação”, explica. (GP)

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