quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"O Livro Negro da Condição das Mulheres" denuncia opressão feminina

Hoje existe a imagem de que as mulheres já conquistaram seus direitos e de que a opressão e o machismo extremados existem apenas em alguns países radicais muçulmanos. O gigantesco "O Livro Negro da Condição das Mulheres", organizado pelo jornalista Christine Ockerent, tenta provar o contrário em suas mais de 800 páginas.


Com artigos de intelectuais de todo o planeta, a publicação levanta a tese de que ainda há muito que lutar pela igualdade feminina na maioria esmagadora dos países. Os textos denunciam desde locais onde existem práticas absurdas como o homicídio legalizado e a mutilação, até países que ainda reproduzem padrões machistas em seus sistemas educacionais.

Separado pelas seções "Segurança", "Integridade", "Liberdade", "Dignidade" e "Igualdade", o livro também aborda questões fundamentais como o casamento, a figura materna, o lesbianismo, a servidão da mulher dentro de casa, a violência doméstica, a representação da figura feminina na televisão, o aborto, o estupro e a exploração sexual.

A mulher mãe e objeto erótico

De qualquer forma, no mundo todo, muitas mulheres encontram-se na impossibilidade de recusar relações sexuais, consideradas como um dever conjugal: "recusar-se ao marido" justifica as agressões que ele faz, desejoso de obter seu direito. A apropriação do corpo das mulheres pelo cônjuge ainda é muito forte. De modo geral, as desigualdades estruturais entre homens e mulheres contribuem para aumentar o risco de violência contra as parceiras. Em particular, a interiorização, pelas mulheres, dos valores culturais que legitimam a violência conjugal as expõe enormemente ao risco de sofrerem episódios violentos (Relatório da OMS, 2002). Nas sociedades de tipo "machista", a mulher é imprensada entre dois estatutos idealizados - mãe e objeto erótico -, e as violências, exercidas inclusive pelas mulheres, são inerentes a um funcionamento social que repousa sobre a dupla apropriação do corpo feminino.

Mesmo numa sociedade que defenda a igualdade entre homens e mulheres, o sistema de valores pode associar o masculino à virilidade, isto é, força física e força moral. Dureza, impassibilidade, vigor, e, no oposto, o feminino pode significar fragilidade, doçura, reserva, sentimentalismo, intuição; esse modelo é, em si, produtor de violência contra as mulheres, e não somente violências simbólicas. É lógico que meninos educados segundo esses preceitos ostentem, na idade adulta, certo desprezo pelo sexo "fraco", e comportem-se como machos dominantes, ou até mesmo violentos, diante de jovens mulheres dispostas a sacrificar, no altar do amor, sua autonomia e liberdade.

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